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Opinião

Psicólogos e psiquiatras estão com seus empregos garantidos

Psicólogos e psiquiatras estão com seus empregos garantidos

Artigo por RED
16/04/2023 14:00 • Atualizado em 18/04/2023 10:10
Psicólogos e psiquiatras estão com seus empregos garantidos

De EDELBERTO BEHS*

Em tocante análise tendo como mote a Páscoa, o colunista Jamil Chade, do UOL, relembra seu encontro com cerca de 400 crianças de 5 anos em diante, dados pelos pais a pescadores do lago Awassa, na Etiópia, porque eles não tinham condições econômicas de criá-las. Às 7h do dia, ao invés do caminho à escola, essas crianças voltavam do trabalho noturno em barcos de pesca, mediante o pagamento de meio dólar por dia.

– Há alguns anos, eu visitei o lago e, em suas margens, me deparei com uma imagem estarrecedora. Famintas depois de horas de trabalho, algumas crianças comiam os restos de peixes não utilizados ou considerados como inadequados para o mercado local.

– Algumas devoravam os restos crus à beira mesma do lago, em silêncio e exaustos depois de toda uma madrugada de trabalho. Disputavam com pelicanos, gaivotas, cachorros e outros animais que também se amontoavam em uma cena de demonstração da miséria.

O Portal 360 traz matéria de Gabriel Benevides sobre a “maravilha” do momento, o Chat GPT. O chat listou 100 profissões afetadas pela inteligência artificial, que vão alterar o futuro panorama de empregos, atividades, ações, do cortador de cana até as profissões intelectuais, como advogados e jornalistas. O GPT alertou que os profissionais devem se adequar às novas tecnologias até 2038.

Especialistas entrevistados pelo Poder Empreendedor, informa Benevides, disseram que a inovação não tem um caráter negativo, pois é, simplesmente, um fenômeno natural do mercado. Esse tipo de ferramenta, como o Chat GPT-4, deve ser encarada como complementar a funções já existentes, não como substitutas. Mas admitem os especialistas que a incorporação de inteligência artificial vai gerar impactos no mundo do trabalho, como o desemprego.

Não é preciso esperar até 2038 para constatar o caos que uma ferramenta dessas vai gerar no mundo do trabalho. Como alertou o professor Yuval Noah Harari, da Universidade Hebraica de Jerusalém e autor do livro Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã, “a maioria dos empregos que existem hoje pode desaparecer dentro de décadas. À medida que a inteligência artificial superar cada vez mais os seres humanos em tarefas, ela substituirá humanos em mais e mais trabalhos”. Evidente, não é?

Então, a humanidade sequer resolveu um problema básico presente em centenas de anos no mundo – a fome, trabalho para todos/as – cientistas se põem na vanguarda e desenvolvem uma ferramenta, um robô, que vai eliminar milhares de vagas. Em trabalhos braçais a máquina já substitui pessoas e expulsa-as do mercado.

Harari conclui: “Consequentemente, até 2050, uma nova classe de pessoas poderá surgir – a classe desocupada. Pessoas que não estão apenas desempregadas, mas desempregáveis. A mesma tecnologia que torna os seres humanos inúteis também poderá tornar viável alimentar e apoiar as massas desempregadas através de algum esquema de renda básica universal”.

Isso, se os detentores dos mecanismos de produção abrirem mão de seus milionários ganhos e permitirem que a renda básica universal seja aplicável. Ver para crer.

Jamil questiona: “Parece que não nos lembramos mais das crianças mudas telepáticas. Estaríamos já cegos?” Na beira do Awassa, “de pouco serve a Declaração Universal dos Direitos Humanos e seu artigo 4: ‘Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas’”.

Ora, vimos há pouco tempo casos “análogos à escravidão” às portas da nossa cara. Inacreditável! Nem precisa ir até a Etiópia para descobrir crianças passando fome. Basta dar uma olhada à nossa volta.

Ao que tudo indica, psicólogos e psiquiatras estão com seus empregos garantidos.


*Professor, teólogo e jornalista.

Imagem em Pixabay.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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