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Programas – de 13 a 20 de dezembro

Programas – de 13 a 20 de dezembro

Cultura por RED
14/12/2024 09:00 • Atualizado em 13/12/2024 19:14
Programas – de 13 a 20 de dezembro

Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

  • O programa é ouvir o médico, antropólogo, sociólogo e escritor francês Didier Fassin sobre a guerra na Palestina. “Pareceu-me impossível permanecer em silêncio diante do genocídio em Gaza, que é provavelmente o abismo moral mais profundo em que o mundo ocidental caiu desde a Segunda Guerra Mundial”. Fassin vive entre a França e os Estados Unidos, professor no Collège de France e na Universidade de Princeton. Seu livro mais recente sobre Gaza é Une étrange défaite – Sur le consentement à l’écrasement de Gaza, informa a CAPJO-Europalestine.
  • O programa também é assistir imagens do vídeo gravado durante a mais recente reunião do Conselho de Segurança da ONU com um manifestante sentado na galeria, levantando-se para protestar contra o silêncio dos ilustríssimos membros do Conselho em relação ao genocídio praticado em Gaza, interrompendo a sessão com um pequeno, contundente e civilizado discurso. Constrangimento geral.
  • Força para Crescer é programa do grupo Pontos de Leitura que comemora a inauguração de dez bibliotecas multiuso no estado do Rio de Janeiro. Cidades beneficiadas: Angra dos Reis, Campos dos Goytacazes, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Maricá, Magé, Niterói, Paraty, Rio de Janeiro e São Gonçalo. O Ministério da Cultura, Enel, o Itaú e o Governo do Estado promovem esse programa com apoio da CCR, a Companhia de Concessões Rodoviárias, e de organizações culturais. Dia 16, às 11 horas, no teatro Alcione Araújo.
  • Um vídeo original, da Editora Tabla, no YouTube: a entrevista com o poeta sírio Adonis, um dos principais poetas árabes. Ode à errância reúne três produções de Adonis. Juntas, elas compõem uma ode contínua à ‘errância’. O poeta vaga por Alquds (Jerusalém), pela Cidade do México, Pequim e por outras latitudes.
  • Dia 18 de dezembro, a partir das 19h, na livraria Blooks (em Botafogo, no Rio), o lançamento de Crânio de vidro do selvagem digital, de Luiz Eduardo Soares. O livro enfatiza a liberdade da imaginação e propõe o desafio de transformar em literatura o esgotamento de um mundo em ruínas. Em seguida, bate-papo com o autor mediado por Suzana Vargas, escritora, professora de literatura e curadora do projeto Clube de Leitura do Centro Cultural do Brasil.
  • Esse novo livro de ficção de Luiz Eduardo Soares acompanha o reencontro do protagonista, um acadêmico de esquerda que herda muitas das experiências do autor, com um velho companheiro da luta política, desaparecido no tempo e no espaço. Os personagens mergulham em lembranças em comum e em viagens lisérgicas, abençoadas pelo poder de ervas e de chás capazes de libertar a mente. Rumam ao passado e se embrenham em uma floresta de memórias (Blog da Biblioteca Virtual do Pensamento Social)
  • Leitura oportuna: Narrativas em disputa – Segurança pública, polícia e violência no Brasil, é organizado por Renato Sérgio de Lima, no qual os textos identificam como “estratégia de boa governança e de modernização da narrativa da segurança pública brasileira, a promoção do acesso à informação e ao Estado de direito em todos os níveis”. No livro, especialistas no assunto escrevem que “já passamos da hora de desafiar a grotesca distorção civilizatória e controlar o desfile anual de mortes violentas no Brasil”. Renato Sérgio de Lima é professor da FGV/EAESP, Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. (Ed. Alameda)
  • Dias 21 e 22 deste mês, uma boa novidade: o 1º Festival do Bacalhau, na Praça Paris, no bairro da Glória, Centro do Rio. É mais uma festa popular, gratuita, de fim do ano. Os ingredientes do festival: variados pratos de bacalhau, feira de presentes natalinos, atrações para crianças, samba, pequenos shows de música. E livros? Não?
  • Mas antes, dia 14, será a vez da festa do grupo Barão de Itararé, no Armazém do Campo, em São Paulo. A tradicional comemoração do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé reúne amigos, comunicadores populares, representantes de movimentos sociais e com trilha musical de rap do grupo mineiro Fantasmas Vermelhos, que vem da cidade de Tiradentes. Início às 14 horas. Trecho do videoclipe dos Fantasmas Vermelhos no Instagram.
  • Especialistas em assuntos econômicos, mais que nunca atentos ao livro da emérita pesquisadora e filósofa italiana Clara Mattei, A Ordem do Capital, publicado no Brasil no ano passado. Nele, observou Chomsky, “vê-se que os programas de austeridade, há um século, têm sido instrumentos da guerra de classes abrindo caminho para o fascismo”. O livro foi considerado pelo Financial Times um dos melhores livros de 2022, e Thomas Piketty diz que ele é “leitura obrigatória, com importantes lições para o futuro”. (Ed. Boitempo)
  • Com o título provocativo de O dia em que conheci Brilhante Ustra, o jornalista Alex Solnik relata sua prisão, dia 04 de setembro de 1973, o encarceramento por 45 dias, sua liberação sem nenhuma explicação, e o período em que viveu os horrores de testemunhar violências e torturas contra presos políticos. (Ed. Geração)
,Veja Também:  Minicurso Fatoflix – Direitos Humanos e Memória: A verdade histórica vem à tona

*Outra leitura necessária é o volume Cachorros: A História do Maior Espião dos Serviços Secretos Militares e a Repressão aos Comunistas Até a Nova República, publicado este ano, do jornalista Marcelo Godoy (Prêmio Jabuti de 2015 com A Casa da Vovó) e com contribuições de um colega, também jornalista e repórter de elite, Bruno Paes Manso.

 

  • Acontecimento cinematográfico importante: foi lançado no Festival de Cinema de Brasília (com entrada gratuita) o mais recente filme do histórico cineasta Ruy Guerra. Fúria fecha a sua trilogia intitulada Guerra, iniciada com Os Fuzis, de 1965, e A Queda, de 1997. A codireção é de Luciana Mazatti e do seu elenco de peso participam Ricardo Blat, Daniel Filho e Lima Duarte. O moçambicano Ruy está firme e vibrante nos seus 93 anos.
  • Mais um bom lançamento recente, de fim de ano. Psicologia de Massas e Bolsonarismo, da psicóloga Rita Almeida, que trata de fenômenos de massas, no Brasil, pesquisados entre 2018 e 2023. No livro, o pensamento é norteado pela psicanálise, base teórica e clínica para que se possa compreender o fenômeno de massas contemporâneo brasileiro e aquele que ocupou o posto de presidente em 2018, dominar não só a sociedade como as forças políticas. “O que leva as pessoas a aderir a líderes e grupos que promovem a opressão e a subserviência do outro”? É a grande pergunta em busca de resposta no livro que contém o pensamento de diversos(as) profissionais da Psicologia.
  • Acaba de ser lançado, em tarde de festa literária nos jardins da Reitoria da Universidade Federal do Ceará, o livro Tempos de ‘nunca-mais’: as graves violações dos direitos humanos nas universidades públicas do Ceará (1964-1985). Reúne 28 depoimentos de vítimas da ditadura civil-militar de 64, além de informações retiradas de documentos oficiais onde consta a perseguição feita ao movimento estudantil da UFC com processos, impedimentos de matrícula, suspensões, prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos (Ed. Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará/edição física e digital)
  • Nova edição de livro de Celso Furtado, registrada por Leda Paulani em seu texto para o site A Terra é Redonda. Ela lembra este comentário de Celso Furtado: “Minha vida foi simultaneamente um êxito e uma frustração: um êxito pelo fato de que eu acreditei na industrialização, na modernização do Brasil, e isso se realizou; e uma frustração porque eu talvez não tenha percebido com suficiente clareza as resistências que existiam à consolidação mais firme desse processo, ou seja, que, a despeito da industrialização, o atraso social ia se acumulando”.
  • O mito do desenvolvimento econômico, de Celso Furtado, de 1974, completou 50 anos em 2024 e está sendo republicado pela Ubu. “Não é preciso dizer mais, penso, sobre a importância de se voltar a lê-lo hoje, reeditado em boa hora”, diz Paulani, professora da USP.
  • Considerações do historiador, pesquisador do universo das forças armadas brasileiras e ex-deputado Manuel Domingos Neto: “O democrata brasileiro terá seu momento alegre com a prisão de ícones do golpismo. Que pense nos animais domésticos, nos autistas, e festeje sem soltar foguetes”. E mais adiante: “A recomposição da imagem das fileiras exige expurgos arriscados. Pode haver quebra da cadeia de comando. Chefes serão testados. Desavenças entre as corporações podem eclodir. O marinheiro escancarou essa semana sua indocilidade agredindo quem lhe garante o soldo. O golpismo parece momentaneamente contido. Mas vale lembrar: trata-se de recurso inerente ao ultraconservadorismo, que mostrou força nas últimas eleições”.
  • Mostra de Cinema Sonho é subversão: Cem anos de Surrealismo no cinema, gratuita, vai até 22 de dezembro. Filmes de curtas, médias e longas-metragens, obras clássicas e contemporâneas, discutem a relevância estética e cultural do movimento conhecido por romper fronteiras entre sonho e realidade. Sessões com música ao vivo também para o público infantil. Siga no Instagram: @mostrasurrealismo100 e @caixaculturalrj.
  • Leitura de referência para os tempos presentes sombrios, violentos e de impunidade: O aprendizado da força – A formação do soldado de Polícia Militar de São Paulo, de Thomas Machado Monteiro, jornalista gaúcho e mestre em História pela USP. Monteiro é estudioso de antropologia e sociologia do policiamento. (Ed. Alameda)
  • Em semana mais literária que cinematográfica, revisitar o clássico italiano Mamma Roma, roteiro e direção de Pier Paolo Pasolini – e mais: com Anna Magnani – é um super programa. O filme é uma das atrações de dezembro da plataforma de streaming Filmicca. Para quem não lembra: o tema são os excluídos da sociedade italiana e a luta de uma prostituta, personagem inesquecível de Magnani, que tenta dar uma vida digna ao filho. Obra-prima, segundo filme de Pasolini.

 

 

 

*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

Ilustração de capaMarcos Diniz

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