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Opinião

Por que tanto ódio a Cristina Kirtchner?

Por que tanto ódio a Cristina Kirtchner?

Artigo por RED
21/12/2022 14:00 • Atualizado em 02/01/2023 09:06
Por que tanto ódio a Cristina Kirtchner?

De ALEXANDRE CRUZ*

Quem conhece a canção Lily was here, Candy Dulfer e David Stewart, há uma batida muito interessante. Esta batida lembra os passos de uma amiga que conheci. O gênero desta música é smooth jazz. A melodia é contagiante. Ao som desta canção rolou altos papos com esta minha amiga que é juíza. Sim, tenho amigos juízes. Agora, imaginem se eu fosse um ex-governador ou um ex-presidente de um país, cujos amigos que fazem festa comigo julgassem o meu adversário político. Imaginem se vários juízes do Supremo Tribunal e um grupo político de formação política de direita, se juntam, saem de viagem e ficam numa mansão em alguma ilha paradisíaca do Rio de Janeiro. Imaginem que o multimilionário conseguiu a mansão  através de favores de alguns magistrados, mesmo contrariando toda a legislação. Sigam imaginando que, na recepção de algum aeroporto estão esperando um Roberto Marinho, dono do Grupo Globo, e um Aécio Neves, um candidato a presidente derrotado. Imaginem se as fotos de abraços no aeroporto aparecem na imprensa. Imaginem que seja publicada a conversação de alguns chats como Telegram, onde estão todos os envolvidos, propondo falsificar faturas, se exaltando de não responderem aos questionamentos de alguns jornalistas. Imaginem esses juízes famosos perseguindo alguns membros de esquerda. Leitores, isso que deveria ser ficção virou uma realidade na Argentina, incluindo o grupo de comunicação Clarín, que pagou a festa numa mansão. Todo esse enredo que inclui o dono de um meio de comunicação, jornalistas, juízes e políticos de direitas, sucedeu no país argentino com direito a festa na mansão como foi relatado.  Uma relação que soa estranho, em razão da troca de favores e negócios escusos, que por, “casualidade”, esses mesmos impetraram um ataque para destruir a ex-presidente Cristina Kirchner.
Afinal, por que tanto ódio ao peronismo? O que leva um grupo como o Clarín torcer contra a Celeste? Nos seus governos, o peronismo ampliou muitos direitos para a classe trabalhadora. Melhorou o poder aquisitivo da classe popular e com a maior participação dos mesmos no PIB. O peronismo consagrou os direitos trabalhistas, desenvolveu a indústria argentina, realizou forte investimento na ciência e tecnologia nacional, fomentou o voto feminino, promoveu a centralidade do povo trabalhador e como ator político, no tabuleiro geopolítico, posicionou o protagonismo na região e no mundo. Uma doutrina que surgiu na Argentina. Não foi importada como ocorre com  países vizinhos latinos que seguem o modelo eurocêntrico. O peronismo é uma expressão política popular que soube construir este país. O kirchnerismo representou uma revitalização do peronismo para várias gerações. Para os argentinos,  a Cristina foi o melhor governo da sua história junto com o Perón. De acordo com  Cristina Kirchner: o peronismo é um movimento que mais incomoda o poder. E um dos fatores que irritou o poder foi a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual e a resistência do grupo Clarín.
O tribunal que condenou  Kirchner, tem mesmo juiz que joga futebol na casa de Mauricio Macri, o principal adversário da peronista. Me faz lembrar o narrador da Rede Globo, Galvão Bueno, e o seu bordão clássico: pode isso, Arnaldo? Fica a interrogação para os leitores da Rede Estação Democracia: pode isso?

 

*Jornalista.

Foto – José Cruz/Agência Brasil

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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