Opinião
Podemos dialogar sem comprometer a democracia?
Podemos dialogar sem comprometer a democracia?
De ALEXANDRE CRUZ*
No cenário político atual, onde a defesa da democracia se torna cada vez mais imperativa, surge uma questão delicada: até que ponto é possível e justificável dialogar com aqueles que defendem regimes autoritários do passado, como a ditadura militar? Ou usar como linha de defesa que os atos do dia oito de janeiro de 2023 não foram uma tentativa de golpe e sim de vandalismo? Este dilema ganha contornos ainda mais complexos quando se considera a disseminação de informações falsas, as chamadas fake news, que distorcem a compreensão histórica e política.
A premissa fundamental para qualquer sociedade democrática é o respeito aos direitos individuais e coletivos, assim como a garantia da liberdade de expressão. No entanto, a proteção desses princípios não pode servir de manto para aqueles que defendem ideias autoritárias ou disseminam desinformação com base em falsidades históricas.
Dialogar com indivíduos que defendem abertamente regimes autoritários do passado pode ser comparado a uma corda bamba, onde a tênue linha entre o debate construtivo e a conivência com ideias antidemocráticas precisa ser cuidadosamente percorrida. Há uma diferença substancial entre entender as perspectivas divergentes e validar ativamente narrativas que ameaçam os fundamentos do Estado democrático de direito.
Um exemplo claro desse desafio é a possibilidade de diálogo com aqueles que, amparados em fake news, reinterpretam a ditadura militar brasileira como um período benéfico para a estabilidade e progresso do país. A história, no entanto, nos mostra um quadro muito diferente, marcado por violações aos direitos humanos, censura e perseguições políticas.
Ao se envolver em discussões com defensores dessas versões distorcidas da história, é crucial manter um enfoque na verdade e nos princípios democráticos. O diálogo não pode se tornar uma plataforma para a legitimação de ideias autoritárias ou a propagação de desinformação que ameace os alicerces da democracia.
Não podemos esquecer que a democracia não é apenas um sistema político, mas uma construção contínua que demanda vigilância e responsabilidade por parte de seus defensores. Dialogar com aqueles que glorificam o autoritarismo do passado exige uma postura crítica e a habilidade de desmascarar as falsidades que permeiam suas narrativas.
O papel do jornalista e do defensor da democracia é, portanto, manter-se firme na busca pela verdade, promovendo um diálogo fundamentado em fatos e princípios éticos. A censura não é a resposta, mas a responsabilidade e a clareza na exposição dos fatos são essenciais para proteger a integridade do Estado democrático de direito.
Assim, ao enfrentar o desafio de dialogar com aqueles que defendem ideias autoritárias baseadas em fake news, é necessário agir com discernimento, visando não apenas a compreensão mútua, mas também a preservação dos valores democráticos que tanto prezamos.
*Jornalista.
Imagem em Pixabay.
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