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Para o governo, acenos de Campos Neto mostram boa vontade, mas não convencem

Para o governo, acenos de Campos Neto mostram boa vontade, mas não convencem

Politica por RED
14/02/2023 14:30 • Atualizado em 14/02/2023 13:55
Para o governo, acenos de Campos Neto mostram boa vontade, mas não convencem

De Congresso em Foco

Os acenos do presidente do Banco Central ao governo, em entrevista ao Roda Viva nessa segunda-feira (13), não sensibilizaram os petistas. O vice-líder do governo na Câmara, Rogério Correia (PT-MG), considera que Roberto Campos Neto deve explicações ao país e não respondeu, durante o programa da TV Cultura, a principal pergunta: por que os juros são tão elevados no Brasil.

“Mostrou boa vontade, mas não convence sobre taxas tão altas e fora da realidade brasileira e mundial”, disse o deputado ao Congresso em Foco.

Segundo o deputado, embora tenha feito acenos para manter boas relações com o governo, Campos Neto não explicou o porquê de os juros serem tão altos. “Não explica por que a taxa aqui tem defasagem de 8% em relação à inflação. É a maior diferença entre inflação e taxa de juros no mundo. O segundo país, o México, tem defasagem de 4%. A inflação está relativamente baixa e a taxa de juros completamente alta”, afirmou o vice-líder.

Um ato contra os juros altos será realizado nesta terça-feira, às 12h30, em frente à sede do Banco Central. Também está previsto para hoje o lançamento da Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos no Congresso. O Diretório Nacional do PT aprovou nessa segunda-feira resolução para propor que o presidente do Banco Central explique a política de juros da instituição. A intenção do partido é levar o economista ao plenário da Câmara.

Nas últimas semanas o presidente Lula e parlamentares do PT aumentaram o tom das críticas à atuação de Campos Neto, indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A taxa de juros está em 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos.

“Isso é bom para banqueiro e especulador, e péssimo para investimento. É um país que precisa crescer no pós-pandemia, retomar o desenvolvimento, que á a meta de planejamento social do governo eleito”, critica o vice-líder do governo. “O Banco Central não se adaptou à nova realidade, inclusive eleitoral, e mantém uma política fiscal completamente ortodoxa. É preciso que se mantenha uma campanha no país contra juros abusivos”, defende.

Na entrevista ao Roda Viva, Campos Neto disse que gostaria de se encontrar com Lula para explicar o trabalho do BC. O economista contou que não gosta de manter os juros elevados, mas que o compromisso do banco é com o crescimento econômico, algo que, segundo ele, tem de ser feito de maneira sustentável a longo prazo.

“Queria começar fazendo esse registro. Que o Banco Central precisa trabalhar junto com o governo, e que eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para aproximar o Banco Central do governo”, disse.

Campos Neto se esquivou ao ser questionado se votou vestido com a camisa da seleção brasileira, símbolo do bolsonarismo e por que se manteve no grupo de Whatsapp de ministros do governo Bolsonaro após a aprovação da autonomia do Banco Central. “Ato privado”, respondeu ele.

Em novo aceno ao governo, o presidente do BC afirmou que era importante reconhecer a legitimidade da eleição de Lula. “A gente (BC) sempre procurou convergência de ideias, nunca procurou nada em termos de colocação política. Nunca participei de nenhum ato político, de nenhuma campanha, não tenho mídia social. Sempre procuramos isolar o Banco Central”, ressaltou.


Por Edson Sardinha

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

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