De ADELI SELL*

Pesquisa diz que somos o terceiro estado em número de livrarias no país. Porém é preciso, antes de tudo, resgatar nossa história que já foi bem mais rica em leituras, em livros, sebos e livrarias.

É claro que não desconheço a questão da Internet, das redes sociais, das lives destes tempos líquidos que estamos vivendo…

Mas é preciso lembrar que tivemos a LIVRARIA E EDITORA GLOBO, que só de passar pelo seu prédio majestoso e de interesse cultural na Rua dos Andradas (Rua da Praia) a gente já se dá conta do que foi. Há um livro chamado Editora Globo – Uma Aventura Editorial Nos Anos 30 e 40, de Elisabeth Rochadel Torresini, que é leitura obrigatória.

Listei mais algumas livrarias e sebos, dando um quadro do que foram:

LIVRARIA AMERICANA
Ficava na Rua da Praia com a General Câmara, bem defronte ao Café Colombo, que depois deu lugar ao Café Nacional. Era de Pinto & Cia, pioneiros na edição de livros aqui. Ali foi editado o livro de Álvaro Moreyra: Um Sorriso Para Tudo.

LIVRARIA AURORA
Iniciada pelo senhor Sétimo Luizelli. Chegou a ter grandes sebos: dois na Rua Mal. Floriano e uma loja na Rua Duque de Caxias. Seu filho Eduardo continuou no ramo. Mas a última loja foi fechada em 2023, pois a viúva de Eduardo não deu mais continuidade.

LIVRARIA CENTENÁRIA
Existiu na Rua Mal. Floriano. Trabalhava com usados e, ao fechar, Sétimo Luizelli e Manuel Martins criaram a Aurora.

LIVRARIA CULTURA
Este grupo econômico do livro teve decretada sua falência e fechou várias lojas no país. Mas uma loja no Bourbon Shopping Country permanece aberta (2023).

LIVRARIA DO COMÉRCIO
Era do senhor João R. de Barros. Ficava na Rua da Praia com a Rua Vigário José Inácio.

LIVRARIA DO GLOBO E EDITORA
Ostentava a razão social de L.P. Barcelos & Cia. Depois passou ao controle da família Bertaso.
Para saber mais: A Globo da Rua da Praia, de José Otávio Bertaso.

ADELIVROS
Foi um sebo de Adeli Sell que existiu de 1986 ao final de 2002, no Viaduto Otávio Rocha, com um dos maiores acervos de gibis já havidos na cidade. Chegou a ter uma filial na Galeria Pio XII, na General Vitorino.

LIVRARIA JOÃO MEYER FILHO
Ficava na Rua Mal. Floriano, antiga Bragança, bem de frente da Rua Gen. Vitorino, ainda conhecida como Rua da Alegria. Muito ligada aos colégios católicos.

LIVRARIA SARAIVA
Este grupo econômico do livro tinha muitas lojas no país. Todas as de Porto Alegre foram fechadas, sendo as últimas em 2023.

LIVRARIA SELBACH
Ficava na Rua Mal. Floriano. Livros e publicações religiosas era seu forte.

LIVRARIA UNIVERSAL
Era de Carlos Echeninque, onde é mais ou menos a Esquina Democrática, pois em seu tempo a Av Borges de Medeiros não tinha sido aberta ainda. Era um edifício estreito com apenas duas portas. Os livros vinham da Europa e do Rio.

MARTINS LIVREIRO
Manuel dos Santos Martins era pobre. Fez de tudo um pouco. Ao trabalhar numa banda de jornais na glória pegou gosto. Foi vendedor de livros para livrarias. Já vendia em sua casa, na periferia, tendo um bom acervo. Começou alugando salas no terceiro andar do Edilício Condor, Rua Gen. Andrade Neves, 90. Tornou-se famoso na Riachuelo, quando ainda não havia outras livrarias. Fez sucesso com sócio Nelson Jorge Elas vendendo livros em praças e eventos pelo RS  à fora. Sua filha, Márcia, mantem a livraria ambulante numa camionete. Montou sua editora ao passar a livraria a familiares, ao final de 1979, editando livros clássicos do Rio Grande do Sul e autores novos. Foi sócio do senhor Sétimo Luizelli, iniciando a Livraria Aurora, um ícone dos sebos.

APENAS COMEÇANDO…

Nossa pesquisa só está começando, mas faz parte de nosso projeto de pesquisas sobre COISAS DE PORTO ALEGRE…

*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Imagem: arquivo histórico.

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