Opinião
O tal do esquecimento
O tal do esquecimento
De ADELI SELL*
“Esquecer-se de…”, “o esquecimento” são termos que deveriam ser mais bem analisados; pois, na verdade, estamos diante de “apagamentos”, “silenciamentos”.
Na área do Direito inventaram o tal “Direito ao Esquecimento” que, aqui no Brasil, não pegou. Houve tentativas de utilizar o argumento de o tempo ter passado, do réu ter pago a pena etc. Mas não pegou.
Não se pode esquecer-se de nada, nenhum fato relevante social e historicamente pode ser apagado. Nem as pessoas podem ser silenciadas por suas posições.
Como apagar o Caso Araceli? Como esquecer/apagar a morte de Ângela Diniz? Repetindo, estas mortes não se apagam nem podem ser esquecidas da história policial da Nação.
O terrorismo de 8 de janeiro em Brasília tem que estar – com toda a verdade, nua e crua – exposta nas páginas dos nossos livros de História, como tentativa de golpe, atos contra o Estado Democrático de Direito, ataques ao patrimônio, violência etc.
Logo, para tais atos terroristas não tem esquecimento, nem apagamento e nem anistia.
Estas mazelas, infortúnios, atos de violência, terrorismo, se depender dos democratas, vão estar ao alcance das pessoas no futuro.
Devem estar ao alcance de todos os relatos das lutas sociais, das rebeliões, como a luta de Sepé Tiaraju. Devem estar nos livros a verdade sobre o massacre de Porongos.
Em nomes de ruas – que não se trocam como se muda de camisa – defendemos que haja um estudo especial em nossas escolas, para saber quem são os homenageados. Há ruas com nomes de bandoleiros, ladrões de cavalos e de gado no Rio Grande do Sul.
Nos logradouros está a história real, dos vencedores: Borges de Medeiros no Centro, enquanto Assis Brasil só virou avenida com o passar dos anos, é o retrato que o castilhismo venceu. Assis Brasil é mil vezes mais importante para a História do Rio Grande do Sul do que Borges de Medeiros e outros louvados chimangos.
Por que razão a Rua do Imperador virou Rua da República a Rua Imperatriz tornou-se Rua Venâncio Aires?
Quem foram o Barão de Cotegipe e o Barão do Ubá, homenageados com nomes de ruas na capital? Dois defensores da escravidão no Brasil.
Chega de Esquecimento, hora de Memória!
*Escritor, professor e bacharel em Direito.
Imagem da Avenida Assis Brasil, na altura da Avenida Bernardi, no Cristo Redentor – Reprodução/Google Street View.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
Toque novamente para sair.