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Opinião

O risco das Deepfakes nas eleições de 2024

O risco das Deepfakes nas eleições de 2024

Artigo por RED
16/04/2024 05:30 • Atualizado em 19/04/2024 22:59
O risco das Deepfakes nas eleições de 2024

De ELIS RADMANN*

Ao longo de três décadas como pesquisadora do comportamento eleitoral, acompanho a angústia e a preocupação dos eleitores em relação às baixarias das campanhas políticas. Um candidato acusando o outro de mentiroso, calúnia, difamação, histórias irreais, panfletos apócrifos com montagens de fotos e até folhetos jogados nas ruas da cidade no horário do debate, dizendo que o vencedor era o candidato que fez aquela acusação bombástica. Nessa época, a maioria do eleitorado acreditava que conseguia se defender, buscando informações em veículos oficiais como televisão, rádio e jornal.

Em 2013 começou o avanço das redes sociais, porém, este cenário ficou mais agressivo em 2018, com o crescimento das Fake News, que se tornaram a sensação fazendo com que muitos eleitores não conseguissem mais separar o que era real do irreal, até mesmo compartilhando e defendendo as Fake News com a crença de que estavam certas. As campanhas ficaram ainda mais confusas e difíceis para os eleitores separarem o “joio do trigo”, fazendo com o que começassem a escolher um veículo ou jornalista de referência para tentar separar fake de fato, o que ampliou a influência das bolhas digitais, cada um acreditando no que achava mais conveniente. 

 A política sempre foi um “vale-tudo”, muita coisa acontecendo com o regramento eleitoral mudando a cada novo pleito e a Justiça Eleitoral se virando para barrar ou coibir as denúncias ou os casos mais escrachados. Mas até a eleição de 2022 ainda valia uma máxima: “na imagem, não há dúvida”! Nas pesquisas qualitativas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião os eleitores sempre afirmaram: “só mudo de ideia se ver um vídeo do candidato falando isso que vocês estão contando”. Com as Deepfakes ativadas, os candidatos estão “lascados”, pois terão que ter uma equipe muito ágil para identificar os vídeos falsos e ter uma resposta à altura. 

Ao escrever este artigo perguntei para a IA (inteligência artificial) “o que devo fazer para criar uma Deepfake”. Ela me respondeu que “não podia continuar com esta conversa”, mas me indicou 10 arquivos, com vídeos e tutoriais para autocriação de Deepfakes.

Mas, afinal de contas, o que são as Deepfakes? Trata-se da criação de vídeos falsos utilizando uma aparência realista com o objetivo de enganar um público específico ou destruir a imagem de alguém. Tecnicamente, é um mecanismo digital que usa a inteligência artificial para manipular vídeos e imagens, podendo trocar o rosto de pessoas em vídeos, sincronizar movimentos labiais, voz e demais detalhes corporais. 

Recentemente, o Dr. Drauzio Varela foi vítima de Deepfake. Usaram um aplicativo para mexer em um vídeo original do médico, manipularam a sua imagem e sua voz e colocaram ele fazendo propaganda de um produto milagroso de rejuvenescimento da pele. O mesmo aconteceu com Ivete Sangalo, Xuxa e Ana Maria Braga. E já está acontecendo com pré-candidatos a Prefeito em várias cidades.

Os especialistas dão dicas, que não são muito fáceis de se checar. Segundo eles, temos que observar o padrão de vezes que a pessoa pisca, a cor que está a sua pele ou se seus lábios acompanham o texto. Nesta eleição será muito mais importante ficar atento aos conteúdos compartilhados pelo WhatsApp ou na internet e verificar a veracidade das informações antes de acreditar ou compartilhar, principalmente, quando se tratar de vídeos.


*Cientista social e política. Fundadora do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião. Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado.

Imagem em Pixabay.

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