Opinião
O réquiem de Bolsonaro
O réquiem de Bolsonaro
De SERGIO ARAUJO*
Deus me proteja da maldade de pessoa boa e da bondade de pessoa ruim…
Chico Cesar
Bolsonaro está convocando sua legião de seguidores para participar de um ato “em defesa do nosso Estado Democrático de Direito”. O carnaval fora de época do ex-presidente será no dia 25 e terá como palco a Avenida Paulista. Por trás da “patriótica” intenção se esconde uma derradeira tentativa do ex-presidente de tentar se defender das investigações divulgadas recentemente pela Polícia Federal. Trocando em miúdos, trata-se, inequivocamente, de um gesto desesperado para tentar postergar sua iminente prisão.
Fazendo jus ao jargão de que “nada se cria, tudo se copia”, a mobilização, que bem poderia ser chamada de “corra que a PF vem aí”, se assemelha ao ato tresloucado do ex-presidente Jânio Quadros, que renunciou ao mandato, pensando que voltaria nos braços do povo. Não obteve apoio nem do povo e nem o respaldo do Congresso Nacional e das Forças Armadas. Ou seja, o autogolpe não deu certo e ele não conseguiu se tornar o ditador que pretendia.
Fecham-se as cortinas da história. Adentremos à realidade do momento. Bolsonaro, o capitão aprendiz de terrorista, afastado do Exército por ter planejado explodir quarteis e adutoras, tenta, agora na condição de ex-presidente da República, repetir o experimento fracassado de Jânio, reunindo os seguidores, que sobreviveram ou não participaram dos atos extremistas do dia 8 de janeiro.
Com farto material comprobatório da sua participação nos atos antidemocráticos, incluindo documentos, áudios e vídeos, bem como depoimentos de assessores, obtidos através de delação premiada, Bolsonaro está, pode-se dizer, encurralado entre a sua própria incompetência golpista e o seu devaneio de impunidade, gerado pela figura folclórica do mito.
O comício dos radicais delirantes na Avenida Paulista mostra o quanto é perigoso manter Bolsonaro livre.
Não precisa ser vidente para saber que ele irá proferir os mesmos devaneios de sempre e exercer aquilo que mostrou fartamente ser a sua expertise: insuflar bandos de saudosistas da ditadura militar, acéfalos políticos e empresários gananciosos. A novidade talvez seja vermos o “imbrochável” dando uma fraquejada pública, regada a lágrimas de crocodilo e frases de vitimismo, próprios de quem está à beira da exasperação, morrendo de medo de ser preso.
De pouca ou nenhuma praticidade, o que se pode esperar desse réquiem bolsonarista, uma espécie de baile da ilha fiscal da corte bolsonarista, é mais provas e novos nomes de envolvidos naquela que pode ser considerada como a barafunda mais perigosa da história. Aos lúcidos e democratas só resta torcer para que a bandeira brasileira e as gloriosas camisetas canarinho não se transformem em vermelhas, de sangue.
*Jornalista, especializado em marketing político.
Imagem em Pixabay.
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