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O QUE FAZER? PERGUNTE À FÍSICA QUÂNTICA

O QUE FAZER? PERGUNTE À FÍSICA QUÂNTICA

Artigo por RED
25/09/2024 13:00 • Atualizado em 24/09/2024 16:09
O QUE FAZER? PERGUNTE À FÍSICA QUÂNTICA

Por JOÃO BATISTA MEZZOMO*

Tem se tornado um lugar comum nos tempos recentes usar a física quântica como uma panaceia de todo os males. Quando não conseguimos compreender alguma coisa difícil de explicar racionalmente, jogamos no colo da física quântica e tudo bem. Esse recurso está se tornando uma espécie de crendice popular, que muitas vezes acaba ocultando aquilo que ignoramos ao invés de procurar desvenda-lo. No entanto, “onde há fumaça há fogo” e, dizem, “a voz do povo é a voz de Deus”. Então, é possível que a física quântica tenha mesmo algo a nos dizer a respeito daquilo que ignoramos.

Pois bem, uma das coisas que a física quântica demonstrou foi que a realidade não necessariamente se enquadra ao mundo como imaginamos que ele seja. Ou seja, existem muitas ideias aparentemente lógicas e razoáveis que não são realizáveis na concretude do espaço-tempo, e nada temos a fazer a respeito. Por exemplo, a física anterior à atual, a chamada física clássica, que se baseava nas leis de Newton, permitiu concluir que, quando um átomo recebe energia, ele tem o raio de sua eletrosfera aumentado, na proporção da energia absorvida, o que faz com que o átomo aumente de tamanho, explicando assim a dilatação dos corpos que recebem calor. Porém, as observações mais minuciosas demonstraram que não é exatamente assim que acontece. Na realidade, o átomo pode absorver energia sem mudar seu raio, ele fica “esperando” até acumular a energia necessária para saltar para um novo raio, relativamente distante do que ele estava. A rigor, o átomo pode receber até uma quantidade menor ou igual a um “quanta” de energia sem necessariamente mudar seu raio e, quando recebe a quantidade necessária, ele salta para um outro “raio possível”, dentro de uma quantidade finita de raios possíveis.  Ou seja, nem todos os raios teóricos existem no átomo real, somente um número fixo de raios possíveis, entre os quais os elétrons vão saltando à medida que o átomo absorve ou perde energia, mudando o raio da eletrosfera, mas sempre encontrando estabilidade apenas em um dos raios possíveis.

A ciência atual, há quem diga, é uma evolução da mesma ideia presente na alquimia dos antigos, a qual via uma similaridade de tudo com tudo, como se toda a natureza fosse comandada pelos mesmos arquétipos. A rigor, é assim mesmo que pensa e age a ciência atual quando vai em busca de suas leis, pois ela imagina uma lei a partir da observação de algo, testa a hipotética lei em outros “algos”, pondo a hipótese à prova, e, no caso dos outros “algos” confirmarem a hipótese, a ciência infere que todos os hipotéticos “algos” que se sucederão até a eternidade venham igualmente a confirmar a hipótese, agora transmutada em lei. Então, se é de fato aproximadamente assim que funciona o mundo, se de fato há uma similaridade entre as coisas, é possível que este aspecto da natureza da realidade, que a física quântica descobriu empiricamente, esteja também presente em fenômenos observados por outras ciências, como a sociologia, ou a política, por exemplo. De modo que deveríamos sempre nos perguntar se o mundo como imaginamos que seja, ou mesmo poderia ser pela nossa ação, é um mundo possível, ou se trata apenas de mais uma boa ideia, mas inviável na concretude do espaço-tempo histórico. Ou seja, se nossa hipótese, por mais que pareça bastante lógica e convincente, não seria um “raio” meramente teórico. Mas notem bem, se for um raio meramente teórico, isso não significa que toda a nossa hipótese a respeito do mundo esteja equivocada, nem que a ciência resultante dela se tornou completamente imprestável, nem que nossa tentativa de explicação do mundo seja sem valor, mas apenas significa que aquela hipótese se mostrou deficiente em alguns aspectos e deveria ser repensada. Saber o que ainda vale e o que deve ser descartado neste caso, depende de olhar sem fetiches para o caso concreto.

Eu disse “sem fetiches” não por causa da alquimia, mas por causa de sua pretensa filha, a ciência atual, que às vezes parece ter puxado demasiado à mamãe. Os motivos são muitos, mas podemos resumir dizendo que, no caminho do descobrimento daquilo que ignora, a humanidade se defronta com muitas imprecisões, armadilhas, obstáculos e necessidades de mudar o modo de pensar. Nessas condições de incerteza, a tentação de apelar para fórmulas mágicas, “leis” e verdades certas é muito grande. E como a ciência que surgiu depois da Idade Média obteve resultados surpreendentes em algumas áreas, ela não olhou direito para seus próprios fundamentos e prometeu descobrir tudo, em todas as áreas, afastando definitivamente o ser humano da ignorância, incluído aí todas as crenças sem comprovação fática, a principal delas a religião. O socialismo científico desenvolvido por Marx se apoiou nesta crença da ciência do século XIX e prometeu um futuro previsível e certo, como obra da ação humana. Mas a sucessão dos fatos mostrou que a ciência não traz resultados certos, nem mesmo nas áreas das ditas ciências exatas. Um exemplo disso foram as descobertas da física moderna, já citadas; o outro, o próprio insucesso do socialismo científico, ao menos até aqui. Contudo, enquanto as descobertas da física moderna foram incorporadas à física clássica, o mesmo não ocorreu de todo com o marxismo e outras ciências do Século XIX, as quais de algum modo ainda resistem e subjazem em muitos modos de agir e pensar da esquerda até os dias atuais. No caso do marxismo, a utopia na forma de uma ciência precisa é atraente demais para ser simplesmente jogada fora, como um engano. Na verdade, não só aqui, mas desde sempre e em todo o lugar, a humanidade vive imersa num estado de profunda ignorância a respeito da essência, de modo que ela, por necessitar de certezas, precisa obrigatoriamente reputar verdadeiro algo que não é. Ocorre que o falso, ao contrário do verdadeiro (na hipótese de existir), tem o defeito de ser datado, ou seja, ele vale por um tempo, depois, ele torna-se velho e morre. E durante o tempo em que perdeu o viço, mas ainda não morreu, o falso atormenta a mente do ser humano como um fantasma. Como tudo o que vive, ele resiste contra o aniquilamento e incute em nós o medo da mudança e o receio de abandonar o velho e conhecido mundo que julgamos real. De modo que o falso permanece um tempo como “uma velha mentira que arde no chão, que pode estalar no ar e nos deixar meio cegos”[1]. Porém, o tempo não para, disse outro poeta, e na sua sucessão ele faz vencer o medo: é chegada a hora de um outro falso assumir o status de verdadeiro, até que um dia, quiçá, o verdadeiro venha.

Presentemente nós queremos discutir “o que fazer”, no sentido do questionamento feito por Lenin. Ele baseou suas certezas numa ciência, o socialismo científico, o qual acima afirmamos ter se mostrado falho, mas, reabramos agora o questionamento para poder aprofundá-lo: Será que o marxismo é realmente falho? Será que ele ainda vale? Será que ele se equivocou ou é meramente questão de esperar o tempo certo? No caso de ter se equivocado, onde ele se equivocou? O que nele deve ser deixado de lado como um “raio meramente teórico” e o que ainda é verdadeiro?

[1] Quis ir para bem longe

Da mentira gasta e sibilante

E do grito constante do terror antigo

Que fica mais terrivel quando o dia

Atravessa as montanhas e mergulha no mar

Quis ir para bem longe mas tenho medo

Alguma vida ainda não gasta pode explodir

Da velha mentira que arde no chão

E estalando no ar me deixar meio cego

Dylan Thomas

Para ver isso, devemos olhar para a gênese do próprio marxismo. Como dissemos em nosso artigo “Hegel e Marx”, o último era um jovem discípulo do primeiro, e se afastou dele quanto ao papel que “a filosofia”, representando o conhecimento humano, teria a desempenhar diante da história. Hegel entendia que a história tem seus próprios desígnios insondáveis e que caberia ao ser humano apenas interpretá-la, depois de acontecida, mas Marx defendeu que estaria na hora de agir sobre ela, transformando-a. Quem está com a razão? Do ponto de vista do autor deste artigo, ambos. Em hipótese, a história é como uma viagem possibilitada por um rio. Antes da viagem, já existia o rio, mas a viagem não é mera escolha do viajante, existem muitos “raios impossíveis”, ou seja, trajetos inviáveis em face do rio concreto. E enquanto o ser humano não olhar para o rio que existe, e deixar de imaginar possíveis trajetos que o rio não permite, o rio continuará seu fluxo, igualmente baseado em leis, à espera do momento certo, quando o ser humano puder assumir o comando. Pois o rio, talvez, assim como os raios da eletrosfera, foi feito do modo que é em vista de um possível fim que desconhecemos. Ocorre que Marx olhou o rio, mas suas contingências, constituídas pelo seu lugar e tempo, aliada à sua história pessoal, permitiu a visão possível para quele tempo e lugar, como sempre ocorre. E se olharmos sem paixões a questão do socialismo científico, podemos dizer que ele, em muitos aspectos, se mostrou apenas uma boa ideia, porém inviável na concretude do espaço tempo. Tal fato deveria ser esperado, em se tratando de uma ciência, mas parece que neste caso específico não é tão simples assim.

Marx era inegavelmente um pensador brilhante. No entanto, mesmo um gênio como ele não poderia antever demasiadamente o futuro, por esse caráter inapreensível para a razão que a realidade tem, a ele só era possível imaginar as leis que governam a realidade nas proximidades de seu momento histórico, conjuntamente com suas contingências pessoais. No caso das últimas, seu avô paterno era rabino, sua mãe filha de rabinos e seu pai, um advogado judeu que  se converteu ao cristianismo quando sua esposa estava grávida de um menino, que veio a se chamar Karl.  Ora, o inconsciente é uma jamanta que nos comanda sem que percebamos, disse ao seu modo outro judeu que fez ciência no Século XIX, e também a apresentou como uma verdade certa, e era igualmente muito brilhante. Possivelmente, algo estranho permaneceu no ar na família, a crença deixada para trás ainda devia pairar no ar, como uma velha mentira que ardia no chão e o deixou meio cego, da qual ele desejou fugir (by Dylan Thomas). Coisas da família tradicional, e do sistema, que o filho combateria. A mudança para o cristianismo pode ter parecido excesso de materialismo frente ao mundo ideal da infância e adolescência de Marx, mais uma perda do paraíso. Talvez por esse fato de sua vida, Marx tenha se inclinado a contestar a burguesia, cujo sistema destruiu muito da magia do mundo que lhe antecedeu. Um mundo brutal, é bom que se diga (e Marx sabia disso, e não desejava o retorno do antigo), mas mesmo assim é verdade que algo essencial se perdeu.

Tendo sido ou não em parte esse o motivo, de qualquer modo cabe a pergunta: será que poderíamos atribuir a obra de Marx a um erro em função de um avento aleatório dentro de uma família judia na Alemanha do século XIX? Do ponto de vista de Hegel, que Marx tomou como um dos pontos de partida, não, pois para Hegel a história se move para onde ela quer e os eventos particulares que a determinam são induzidos por esse desejo metafísico, de modo que somos somente folhas carregadas pelo vento da história. Ou seja, independentemente do motivo, Marx teria cumprido um papel já escrito, ainda que não tenha se dado conta disso. O tempo precisava de um Marx, e ele surgiria, mesmo que fosse das pedras.

Em caso de estarmos certos, vejam a ironia a que pode nos submeter a história, pois Marx divergiu de Hegel justamente nisso, e a história o usou para mostrar que é ela que comanda, ao menos até que tenhamos conhecimento suficiente. Pois Marx se diferenciou de Hegel neste ponto e disse que era hora da filosofia deixar de meramente interpretar a história, para isso ofereceu a ciência que desenvolveu, mas ela não se mostrou completamente adequada ao propósito, veremos adiante alguns porquês. Porém, mesmo que não tenha servido integralmente ao seu propósito, o marxismo não foi um erro fruto do acaso – não existem erros nem acasos na história – ele serviu aos propósitos da própria história, na medida em que manteve a atenção do ser humano voltada a um debate e a uma disputa mais ou mesmo estéreis, enquanto ela, história, fez o que devia fazer, naquele momento, e agora os dados já foram lançados. Ademais, a parte majoritária da obra de Marx e sua própria essência, continuam válidas, pois é verdade que a filosofia deve buscar transformar o mundo, e não apenas interpretá-lo, simplesmente porque a filosofia é a atividade humana por excelência que busca conhecer o que desconhecemos, e se o ser humano busca descobrir o que desconhece é justamente para poder transformar o mundo, segundo os seus desejos. Isso inclusive teria sido dito por aquele que pretensamente moldou o povo judeu para uma tarefa ainda não cumprida, o qual foi declarado inexistente por Marx e Freud, Javé, quando disse: vai e dominai o mundo. Importante aqui observar, numa perspectiva histórica, que Freud e Marx, cada um ao seu modo, se apresentaram como mensageiros de uma “boa nova”, com atributos de certeza que a ciência do Século XIX pensava ser detentora. Assim, é fácil entender como foram colocados por muitos no lugar da religião, e ainda hoje tentar revisá-los pode parecer um “pecado mortal”.

A esquerda parece ter as melhores intenções do mundo, contudo, “de boas intenções o inferno está cheio”. Se porventura as leis em que ela baseia suas expectativas e suas ações possuem incongruências com a realidade, pouco interessa as suas boas intenções. Pois se a esquerda não compreender o que é possível e o que é apenas uma boa ideia, mas inviável na concretude do espaço-tempo, a história vai passar por cima das boas intenções da esquerda, como ela costuma fazer com tudo que fica em seu caminho, de modo que outros farão o que deve ser feito, talvez uma outra esquerda, no futuro. Mas o futuro é a continuação do passado, ou seja, de nós mesmos, de modo que podemos, se quisermos, nos despir de nosso ego, sacudir de nossa roupa o pó da velha mentira que ainda arde no chão e nos deixa cegos, de modo a substitui-la por uma nova verdade, que seja efetiva para o nosso tempo. Neste caso, a esquerda deve poder ver onde está equivocada e onde ela deve repensar as bases cientificas de suas crenças e ações, de modo a torná-la mais efetiva, evitando “brigar com a história”.

Antes de tratarmos disso, é importante discutir aqui dois conceitos abordados no presente artigo. O primeiro diz respeito justamente ao que queremos dizer quando usamos a palavra “ciência”. O segundo, o que significa ser esquerda e direita.

No caso da ciência, ela já significou deter algum tipo de conhecimento, tais como a ciência de fabricar e consertar sapatos ou a mera “ciência de viver”. Este conceito antigo abrangia mais que designa a palavra “ciência” hoje, e poderia abarcar a metafisica e o próprio sobrenatural. Após o advento da era moderna, com o avanço da técnica e o enorme sucesso da física newtoniana, paulatinamente ciência passou a ser sinônimo de ciências naturais ou empíricas. Como tudo o que se refere ao moderno, que emergiu após o fim da Idade Média, o mundo foi expurgado de todo o sobrenatural, e este é o sentido histórico da Inquisição. Neste sentido, ciência moderna e religião moderna não são visões antípodas do mundo, mas complementares: só é possível uma ciência do tipo moderno se expulsamos o sobrenatural do mundo; só é possível uma religião de deus único transcendente ao mundo se temos uma ciência para tratar do mundo. Mas a questão é: está o mundo isento de sobrenatural ou a sua desconsideração foi mero artifício histórico momentâneo, com o objetivo de obter um maior avanço sobre o controle do mundo? Vejam, se aventamos a hipótese de ter havido um “artifício histórico”, a própria hipótese contém em si um componente metafísico, mas inegavelmente ela possibilita uma outra iluminação a respeito do problema que estamos a considerar, uma iluminação que o mero materialismo, que nega a metafísica, não consegue obter.

A filosofia se deu conta desde o início que o ídolo das ciências naturais tem os pés de barro. Pois, para alguém que insistentemente se põe a pensar, o fato de vermos algo se repetir não pode nos assegurar a certeza de que no futuro ele se repetirá. Sendo mais explícito, o fato de vermos milhares de vezes uma pedra solta no ar cair no chão, não assegura que ela indefinidamente assim se comportará. Ou seja, as “leis” da ciência podem não ter a irrevogabilidade que supomos. Essa dúvida foi levantada por David Hume e “acordou Kant de seu sono dogmático”, o que gerou a obra posterior de Kant. Na primeira, Crítica da Razão Pura, Kant questiona: “é possível o caminho seguro de uma ciência para a metafísica?” E concluiu que, na medida em que a ciência (leia-se, física newtoniana) não sabia porque as coisas acontecem como acontecem, mas desenvolveu suas leis pela mera observação empírica, seria em tese possível uma “metafísica científica”, se tratássemos de questões metafísicas a partir da observação das suas manifestações no mundo. É possível dizer que este pensamento de Kant se mostrou pertinente depois, na medida em que as ciências sociais e a própria psicanálise contêm em si mesmas hipóteses metafísicas, pois se baseiam em eventos observáveis, mas os interpretam a partir de conceitos metafísicos, como o inconsciente de Freud, a fundamentação do “fato social” de Durkheim ou o “espírito do capitalismo” de Max Weber. Além de Kant outros pensadores tocaram no assunto, como Karl Popper, que, tentando responder ao mesmo questionamento de Hume, aventou que um argumento científico deve sempre poder ser falsificado. Ou seja, ciência não traz verdades certas, se trouxesse, seria dogma. Ou ainda, Milton Friedman, quando disse que uma lei científica não precisa fazer sentido, basta poder prever os acontecimentos. De modo que parece ter sido um equívoco do tempo considerar insofismáveis as previsões científicas do materialismo histórico, elas valiam em alguma medida para o tempo onde foram gestadas, mas necessitam ser revistas.

No caso do significado de esquerda e direita, de uma forma bastante simplificada, desde sempre ser esquerda é privilegiar um outro mundo possível, em detrimento do mundo do momento. Já a direita não desacredita necessariamente de outro mundo possível, mas pensa que sua construção se daria em outra esfera e não seria tarefa do ser humano construí-lo e, enquanto ele não vem, “quem pode mais chora menos”. Mas no final das contas esquerda e direita são duas metades de um mesmo todo, que foi cortado ao meio, quiçá para evitar que o ser humano atrapalhe muito até que tudo esteja pronto para que ele possa tomar o comando. Enquanto isso não acontece, a esquerda tenta levar o processo adiante e a direita tenta impedir a mudança, duas tarefas necessárias. Pois quando um pinto tenta romper a casca do ovo e nascer, uma força “vital” o empurra para fora do ovo e outra – a casca – tenta impedir que ele saia. E ambas são necessárias. A primeira, para que ele nasça, a segunda, para que não nasça antes de ficar pronto, caso contrário, não resistiria ao mundo. E vejam, isso é ajeitado de modo especialmente meticuloso pela “natureza”, pois o pinto deve poder romper a casca, mas não antes nem depois do tempo certo. Do ponto de vista daquela ideia da alquimia, que é a hipotética mãe da ciência, se isso ocorre deste modo meticuloso para milhões de ovos que todos os dias geram pintos que irão crescer e alimentar milhões de seres humanos famintos (desculpe lembra-lo deste desagradável assassinato em massa que ocorre todos os dias, caro leitor), por que seria diferente com a história? Entender que não é diferente com a história é necessário para o ser humano sair de um ponto em que se julga superior e a partir do qual julga o mundo. Neste caso, se a esquerda fizer isso ela poderá ver o sentido da direita e, ao invés de devolver ódio com ódio, devolver com “compreensão”, num sentido não moral, de modo a ver o que deve ser feito para levar a história a um novo momento: a esquerda deve se fortalecer o suficiente para poder fazer o futuro nascer e vencer os obstáculos do caminho, que sempre estarão aí. Pois na verdade, esquerda e direita estão dentro de tudo, ter caído de um lado, do outro, ou de nenhum dos dois, talvez seja mero acaso.

O que seria a esquerda se fortalecer? Pouco ou nada tem a ver com força física ou militar, mas tem a ver com reflexão e clareza sobre o que fazer. Seria primeiramente necessário compreender onde residem os equívocos inerentes a uma etapa que historicamente já passou, ou seja, olhar para os erros da formulação marxiana, e os modos de agir ou não agir inerentes a ela, de modo a ver onde ela prejudica e limita a ação da esquerda, na medida em que tais conceitos subjazem a todo o pensar, agir ou não agir da esquerda até os dias atuais.

Vejamos então aqui, de modo resumido e ainda incompleto, onde foi que Marx e o marxismo imaginaram hipóteses impossíveis, que eram meramente teóricas, além de outros equívocos, os quais fariam a ação da esquerda ineficiente. Passaremos a fazer isso, em alguma medida repetindo o que já foi dito em Hegel e Marx, mas com um maior aprofundamento.

Em primeiro lugar, Marx disse que a classe operária foi classe em si na Revolução Francesa, quando emprestou sua combatividade à burguesia, mas que ela se tornaria classe para si, para tomar os meios de produção e instituir ao final uma sociedade sem classes. Porém, isso não veio a acontecer, apesar de ser uma boa ideia. Na verdade, a classe operária não demonstrou intenção de tomar os meios de produção, nem de tornar-se classe para si, a não ser que ser classe para si seja gozar de uma vida boa vendendo o menos possível de seu tempo livre. As poucas revoluções ditas socialistas que ocorreram depois da Revolução Francesa foram fomentadas em nome da classe operária, mas visivelmente ela não estava com o coração na causa. Ou seja, tudo indica que essa qualidade que Marx reputou à classe operária seja um raio impossível, no sentido do presente texto. Neste caso, não adianta nada brigar com a história nem esperar mais tempo até que um dia o proletariado adquira “consciência de classe”, torne-se “classe para si” e faça uma revolução. Até porque, a classe que Marx considerava revolucionária por excelência era o proletariado industrial, e este já foi quase completamente substituído pela automação e tudo indica que a cada dia será mais, até porque, é isto que o próprio proletariado deseja. A questão de não haver emprego e renda para todos, em função da automação, já se mostrou igualmente uma ideia falsa, pois o próprio sistema necessita que haja demanda e acaba encontrando formas de alcançar valor a um proletariado que tem trabalhos a cada dia menos extenuantes. Conseguir ir adiante neste processo até libertar completamente o ser humano do trabalho é uma questão de revisar velhos conceitos sobre a formação do valor, o que foi tratado em “Da Escassez à Abundância”. Porém, isso não se fará pela expropriação dos expropriadores, ao que tudo indica, na medida em que sempre que de alguma forma se fez isso na história o resultado foi retrocesso ao invés de avanço. Ao invés de querer tomar os meios de produção, a esquerda deveria se colocar acima dos interesses de cada classe e procurar dar a cada uma delas o que deseja, mas ao mesmo tempo extrair o valor necessário a uma sociedade de igualdade para todos. Se conseguir fazer isso, todos ganharão, pois a produção ao final aumentará. A visão particular de uma classe especifica – seja ela qual for – na condução dos negócios coletivos, sempre levará o processo para menos do que é possível. Mas se no comando estiver uma visão que pense a sociedade como um todo, fora da visão de que para alguns ganharem outros terão de perder, pode-se construir uma sociedade onde haverá tudo para todos e todos ganharão. Pois o avanço da produtividade já permite pensar nisso, coisa que não poderia um século atrás.

O segundo equívoco de Marx, que se relaciona com o primeiro, é quanto à questão da luta de classes mover a história e como isso se processa. Antes de Marx Hegel havia desenvolvido o conceito de classes sociais com interesses às vezes conflitantes, mas para ele não era isso que movia a história, mas mecanismos intrínsecos à própria história, uma certa intenção por trás dela cuja base residiria alhures. Mesmo que admitamos que a visão de Hegel é “um tanto metafísica” e reduz o ser humano a mero observador e interpretador da história, é importante aqui ver as diferenças entre as classes em Hegel e Marx. Em Hegel, basicamente, existiam a classe ligada à terra, a classe ligada à produção (que incluía burguesia e proletariado, tanto da indústria quanto do comércio), bem como a classe média, a qual era composta por setores ligados ao estado, como funcionários públicos, profissionais liberais e outros. Marx tomou a segunda classe e julgou ver nela a sede de um possível conflito revolucionário, travado entre burguesia e proletariado, sendo que as demais classes teriam menor importância: a classe ligada à terra estaria em extinção, pelo avanço da burguesia; já o estado seria mero “birô da burguesia”, de modo que os integrantes da classe média de Hegel, juntamente com comerciantes e trabalhadores do comércio, eram área de influência da burguesia, que poderia comprá-los através da concessão de uma parcela maior do valor que ela, burguesia, obtinha através do trabalho não pago do proletariado industrial. De modo que a luta de classes que movia a história naquele momento, e até a superação do capitalismo, se resumiria a luta entre o proletariado e a burguesia industrial. Contudo, quando olhamos o que ocorre desde sempre no mundo, até os dias atuais, vemos que as classes de Hegel se mostram mais adequadas para analisar a luta que move a história, mesmo dentro do dito capitalismo. Pois o que esteve por trás de todas as guerras, antes e depois da Revolução Francesa, incluído ela mesma, sempre foi a disputa entre as visões de mundo da terra (ou da natureza), e a do mercado (ou da cidade), sendo que a classe média de Hegel, ligada ao estado, nunca foi um polo ativo nessa luta, mas sim, sempre “se adaptou” ao resultado. A primeira classe, a ligada à terra, tem como centro do poder o dono da terra, que tem suas próprias leis dentro de seus domínios, onde o trabalho é de alguma forma servil. Acima de um servo há um senhor, que pode ser vassalo de outro senhor, seu suserano, e assim sucessivamente até o maior deles, o rei ou equivalente, e acima do rei, Deus, ou “o céu”. Abstraídas as diferenças em função do tempo e do espaço, todos os regimes em qualquer quadrante eram assim num passado não muito distante.  O regime da burguesia, que trazia consigo ao menos em germe o proletariado, é o regime do comércio, do mercado, do trabalho livre, da cidade. Ele traz consigo automaticamente a racionalidade como base de explicação do mundo, do qual afasta a influência do sobrenatural, a liberdade (pois o comércio precisa dela, mas não é somente isso), a democracia e o anseio geral por …igualdade, fraternidade, liberdade….. Por ser o regime do comércio, ele retira da terra a qualidade de ser o objeto de poder, e põe em seu lugar a mercadoria, cuja evolução gerou a moeda e o capital. Tudo vira mercadoria, de cujo valor de troca advém o fetiche, que no final das contas gera o seu valor (conforme tratado em Da escassez à abundância).

Devemos levar em conta que Marx analisou aquele primeiro capitalismo, recém egresso do feudalismo, em que as relações de trabalho se assemelhavam ao trabalho servil, onde a remuneração era a de subsistência, não havia horário definido, nem férias, onde crianças eram usadas em condições brutais. Porém, o modelo burguês-proletário aí estava apenas começando e havia um longo e necessário caminho a trilhar, algo que Marx não poderia saber. Mas depois daquele primeiro momento, o capitalismo evoluiu para o modo como operava nos EUA, onde o trabalhador era visto não como mero custo a minimizar, mas como um potencial consumidor dos próprios produtos que fabricava. Marx percebeu isso, tanto que no Capital apontou a “América” como o local onde se pagava os maiores salários e ao mesmo tempo onde a economia mais crescia. Pois o trabalho melhor pago criava demanda interna e escala, o que fez os EUA emergirem como o país mais poderoso do mundo após a Segunda Guerra Mundial (mesmo que em alguns países de temperamento rural o trabalhador ainda seja encarado como mero custo). Uma característica dos EUA, convém destacar, que sofreu um retrocesso quando ele se tornou “a cabeça” do sistema de mercado, ou capitalista, como queiramos.

Como destacou Max Weber, o modo de produção capitalista não iniciou quando a burguesia derrubou o Antigo Regime, ele fez muitas aparições antes disso. E em todas as vezes em que apareceu de modo mais claro no mundo, tal regime do mercado, como qualquer coisa viva, teve de enfrentar seus inimigos naturais. Foi assim que Atenas foi atacada e derrotada por Esparta, depois Roma destruiu a comercial Cartago, bem como na quase totalidade das guerras (com exceção das guerras de independência e as religiosas), como a Guerra dos Trinta Anos, a Guerra Franco Prussiana e as duas grandes guerras. Eram sempre essas duas visões conflitantes de mundos que estavam em luta. O mesmo vale para a Guerra de Secessão nos EUA e a própria Guerra do Paraguai, quando Solano Lopes investiu contra Brasil, Argentina e Uruguai por temor do crescimento da burguesia desses países, que fatalmente sufocariam o seu regime, baseado no “espírito da terra” e não no “espírito do capitalismo”, com ausência de classe média, apenas o Imperador comandando um povo obediente. É possível mesmo que a própria Guerra de Troia, misto de história e mito, tenha sido motivada por algum elemento “burguês” em Troia: em caso dela ter ocorrido, é difícil crer que Esparta tenha atacado Troia apenas pelo rapto de Helena. Pelo contrário, é possível que Helena tenha fugido por vontade própria, atraída por valores que incomodavam a oligarquia de Esparta e só depois apareceram em larga escala, foram anotados pela historiografia e se tonaram acessíveis a muitos: a liberdade de seguir seu próprio coração, o amor romântico dos habitantes dos burgos comerciais, indesejável e mesmo subversivo e perigoso aos olhos do conservador mundo fundado na terra. Mas este aspecto nunca vem sozinho, ele vem junto com o comércio e tudo o que lhe acompanha, num modelo que depois suplantou o mundo da terra no Ocidente, mudando as leis de servidão, suserania e vassalagem para as das relações contratuais, tanto na propriedade e uso da terra, como nas relações de trabalho. De modo que a luta que move a história em todos os tempos é sempre a mesma, a oposição entre o mundo originário, fundado na terra, e o que lhe sucede no tempo, o mundo da cidade, o qual está numa viagem rumo a um ponto no futuro, por isso ele é um mundo mutante, onde “tudo o que é sólido desmancha no ar” (Manifesto Comunista).  Visto desta forma, a burguesia não é inimiga do proletariado, mas sua aliada. Ambos não subsistem sozinhos, assim com não subsistem sozinhos o senhor de terras e seus agregados. Obviamente, há uma disputa entre esses dois lados de cada mundo, mas não é tal disputa interna a cada mundo que move a história, ao menos não exclusivamente. Por exemplo, não foram os servos que derrubaram o sistema feudal, ainda que suas lutas por melhores condições de vida tenham enfraquecido o sistema. No limite dessa luta interna a cada um dos dois únicos mundos existentes, se uma parte dele enfraquece a outra, quem se beneficia é o outro mundo em disputa, não a classe que teve uma vitória ocasional. É isso que vemos muitas vezes hoje na prática política da esquerda, que mira na burguesia, mas faz avançar o mundo da terra, seu inimigo, enfraquecendo-se a si mesma.

O terceiro equívoco de Marx – e o último, no âmbito do presente texto – é o que diz respeito ao papel da burguesia na formação do valor. Marx adotou a teoria do valor de David Ricardo, que vinha desde Aristóteles, passando por Adam Smith, de que o valor se origina do trabalho (conforme nosso texto Da escassez à abundância). Resulta que na obra de Marx não se relega um valor à atividade empresarial da burguesia, ou se relega apenas o valor da hora trabalhada, algo de difícil determinação, já que existem muitos tipos de trabalho e não recebem a mesma remuneração. Da mesma forma, não se consegue entender direito de onde se origina o valor obtido, por exemplo, pela descoberta de uma mina de ouro, pela criação de uma moeda virtual ou por determinada invenção, a qual aumenta a produtividade do trabalho, de modo que tais valores deveriam necessariamente ser apropriados por todos os trabalhadores, na forma de um aumento do valor da hora de trabalho, pois todo o valor se originaria unicamente do trabalho. Mas se uma hora de trabalho importa em determinado valor, como o seu valor pode mudar sem a ocorrência de trabalho, em quantidade equivalente ao aumento do valor? Marx tenta explicar, mas sua explicação se torna complexa e pouco convincente. Ele parece ter suposto que o avanço tecnológico de seu tempo já permitiria o advento do socialismo e que a classe operária no poder o continuaria, com vantagens sobre o próprio sistema sob o comando da burguesia. Mas não foi isso o que ocorreu, não se constituiu um modo socialista de produção, diverso do capitalista e a experiência do socialismo real acabou demonstrando a importância ainda vital da iniciativa privada e do “egoísmo” para o avanço da produtividade.  A atividade do empresário capitalista, que busca produzir coisas para o mercado, tem importância, pois o valor das coisas se origina da valoração efetuada pelas pessoas, mas um bem somente se torna mercadoria e participa do mercado quando os seus custos forem menores do que o valor atribuído a ele pelas próprias pessoas. E quem viabiliza isso é a dita burguesia, ou seja, os agentes tomados pelo espírito do mercador. Como a experiência soviética tentou erradicar tal espírito da face da terra, isso prejudicou a produtividade e fez o regime ruir, fazendo com que a burguesia retornasse, já que seu espírito não havia sido extinto e possivelmente demorará a sê-lo, posto que seu tempo ainda não passou. E, possivelmente ainda, o seu passamento não se dará pela expropriação dos expropriadores, nem por uma vendeta final de uma classe contra outra.

O equívoco fundamental de Marx aqui é se basear no valor trabalho, de modo que todo o valor se originaria do trabalho e só pertenceria àquele que trabalha, mas na verdade o valor advém da valoração efetuada pelas pessoas, o que justificaria o socialismo independentemente de haver trabalho envolvido ou não. O valor é produto do ser humano e, portanto, deve estar disponível a ele, para satisfazer suas necessidades. Riqueza e consumo são coisas diferentes, a primeira não é material, mas mero valor acumulado, o segundo é material e necessita da existência de bens e serviços. É possível ser muito rico e pouco consumir, assim como o oposto. O trabalho humano, conjuntamente com o invento e a viabilização do empreendimento produtivo, apenas executa a produção de algo que já foi antecipadamente valorado, mas não é indispensável para a formação do valor.

A persistência histórica da burguesia, da propriedade privada, da livre iniciativa e do mercado como coisas ainda importantes no mundo deveria nos mostrar que a formulação marxiana é falha – como é toda a ciência – ao menos como “meio”, pois é possível que no fim as classes sociais, o trabalho, as religiões, tudo desapareça ou perca a importância. Contudo, por ora não apenas a burguesia, mas todas as demais classes e todas as demais coisas do mundo persistem, talvez por que não foram feitas por si mesmas e, possivelmente, se foram feitas foi para “um fim”, o qual desconhecemos e o qual ainda não foi atingido. Ou seja, por ora elas são ainda necessárias e não desaparecerão apenas por que alguma especulação as considera prejudiciais ao mundo, pois pode ser que tal especulação, que divide o mundo em bem e mal, seja inadequada e não compreenda efetivamente o mundo em sua totalidade. Aparentemente, existe uma essência, ou arquétipo, ou espírito (o nome não importa) das coisas que resiste mesmo que as próprias coisas desapareçam, de modo que se uma coisa – da qual não chegou ainda o tempo de seu fim – é prejudicada ou destruída enquanto fenômeno, ela pode eventualmente vir a “brotar das pedras”, por necessária.

Na verdade, o socialismo não é a realização de uma classe social especifica, mas de todas elas, ou de nenhuma, que é o mesmo. O inimigo histórico do socialismo, ou de um mundo alternativo ao mero mundo natural, não é o “sistema capitalista”, mas o mundo originário, o mundo da natureza ou da terra, onde o mais forte submete o mais fraco e não existem direitos iguais, nem democracia, nem estado laico, nem qualquer forma de liberdade, incluída a individual e a de mercado, que historicamente andam juntas. E não podemos meramente julgar o mundo da natureza, sob pena de não compreendê-lo, no sentido não moral, pois é dele que nos originamos, ou seja, aquele mundo brutal aos olhos de hoje resiste dentro de nós e mesmo pode vir a nos defender se o mundo cotidiano de alguma forma falhar. E a força que vai viabilizar o socialismo não é oriunda de uma classe dentro do “sistema capitalista”, mas antes algo que venha e já está vindo de fora dele, quer queiramos ou não, pelo mesmo motivo que não foi dos servos, mas de fora do sistema feudal que veio desde sempre a força que o superou, representada pela burguesia e o proletariado, conjuntamente com um outro modelo de estado. A superação da sociedade de classes não se dará pela extinção de nenhuma classe social, pois todas elas são necessárias até que venha a sociedade sem classes, e todas elas se fundam em arquétipos que residem como essências no interior de tudo. Por contraditório que possa parecer, isso nos empurra a olhar para o ser humano real, não o ideal, pois existe um senhor e um servo dentro de cada um, assim como um burguês e um proletário. O problema não é a existência desses arquétipos indestrutíveis, mas sim a ligação forçada das classes sociais – e das pessoas – a eles, pelas necessidades de produção de cada momento da história.  Ocorre que nós chegamos a um ponto de desenvolvimento da técnica em que é possível livrar o ser humano dos grilhões que o prendem, mas a velha mentira ainda arde no chão. Nos livraremos dela pelo passar do tempo. Mas o que é o tempo no mundo? Ser é tempo e o ser humano é o “ser aí” (Heidegger). E já que encontramos Heidegger neste final, se o ser humano é “um ser para a morte”, continuaremos a procurar a felicidade até a eternidade, ou o fim.

*Possui graduação em Filosofia pela pontifícia universidade católica (2003) e graduação em engenharia elétrica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1983). Atualmente é quadro permanente – Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul.

Ilustração Freepik

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