De EMIR SILVA*

Movimento Negro Unificado 45 anos: 1978-2023.

No início da década de 1990, em Porto Alegre, o Movimento Negro Unificado-MNU/RS travou uma luta de resistência negra em defesa do espaço urbano de ascendência africana, o quilombo urbano da Vila Mirim, na Vila Jardim, próximo ao Shopping Iguatemi.

O quilombo era liderado por Mãe Dorsa, Iyalorixá do Batuque do Rio Grande do Sul. Lá estavam  Tetê, Benícia Margareth, Camisolão, Dilmair, José Carlos dos Anjos, eu, entre outr@s. O quilombo, não reconhecido, tinha em seu território enraizadas várias manifestações religiosas e culturais de matriz africana.

Contudo, em razão da ampliação da Avenida Ipê, que inicia o percurso da rótula da Avenida do Forte ao Iguatemi, mesmo com grande resistência, o quilombo da Vila Mirim foi removido pela prefeitura municipal para o bairro Mário Quintana, hoje, conjunto habitacional popular com necessidades sociais e vulnerabilidade econômica.

Somente dez anos após, no início da década de 2000, o Movimento Negro Unificado, Iacoreq e outras lideranças retomaram o enfrentamento às organizações criminosas de especulação imobiliária conquistando o primeiro Quilombo Urbano Reconhecido no Brasil, A Família Silva, um marco de políticas públicas ao direito das terras remanescentes de quilombos diante da desenfreada urbanização capitalista.

Essa conquista histórica de luta internacional deflagrou a autodeclaração para reconhecimento e titulação do espaço negro urbano, em todo Brasil, enquanto territórios de ascendência africana que carregam o legado da memória material e imaterial das civilizações africanas.

Infelizmente, não terminei as gravações do documentário pela invasão da polícia…

Para conferir parte do documentário gravado, acesse aqui.

*Bel em Políticas Públicas. Executivo de Rádio, Televisão e Cinema. Consultor em Economia da Cultura.