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O PERIGO DA EXTREMA DIREITA NESTAS ELEIÇÕES. É HORA DE AGIR!
O PERIGO DA EXTREMA DIREITA NESTAS ELEIÇÕES. É HORA DE AGIR!
Por BENEDITO TADEU CÉSAR*
Em todo o mundo e no Brasil, a extrema direita está surfando na onda do crescimento.
A derrocada da economia neoliberal e o agravamento de seu pacote de maldades provocou a frustração das expectativas de ascensão social das classes médias e populares e gerou um forte sentimento de ressentimento em grande parte de seus integrantes. Formou-se, assim, o já conhecido caldo de cultura do fascismo que se espalhou pelo mundo.
No Brasil não foi diferente.
O período de bem-estar-social, instalado durante os dois primeiros governos Lula da Silva e o primeiro de Dilma Rousseff, foi seguido pelo desmonte acelerado das conquistas anteriores, levado à frente pelos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, submissos aos interesses do capital financeiro especulativo e predador.
As causas das perdas sociais sofridas, que geraram frustrações e ressentimentos populares, foram repetidamente explicadas pela grande mídia corporativa de forma invertida.
As políticas de bem-estar-social e de desenvolvimento nacional autônomo (desenvolvidas pelos governos popular progressistas de Lula e Dilma, acusados de corruptos) foram apresentadas como as causas do debacle econômico e social e as políticas econômicas neoliberais e sua alegada campanha contra a corrupção ( encaminhadas pelos governos Temer e Bolsonaro) foram apontadas como o único caminho para a salvação, para o desenvolvimento, a geração de oportunidades de trabalho, empreendedorismo e renda.
No centro do discurso da grande mídia corporativa o Estado tornou-se o vilão e o mercado, sem qualquer regulação, o salvador.
Deu no que deu.
A concentração de renda cresceu e o caos social se instalou — o ódio se exacerbou, a violência social se expandiu e a extrema-direita e as práticas fascistas se alastraram.
Recolhidos no Brasil desde o final da ditadura militar do período de 1964/1985 e no mundo desde o final da Segunda Grande Guerra de 1939 a 1945, a extrema-direita e os fascistas saíram à luz do sol.
Hoje, apresentam-se com orgulho e muito alarde, em contraste com a vergonha e o silêncio sob os quais se esconderam durante todo o período anterior. Saem às ruas
com as bandeiras da “antipolítica” e dos valores do “antissistema”, culpando, portanto, aqueles que estiveram no poder anteriormente e apresentando-se como alheios a ele, quando na verdade são os maiores defensores do sistema econômico vigente, da moralidade tradicional e do regressismo.
São os ressentidos, porque frustrados por não estarem no centro do poder do “sistema”, que buscam, com violência e ódio, e com a defesa de regimes políticos autoritários, reconstruir o sistema sob seu comando.
Por isso, quebram, destroem, violentam, matam. São políticos integrantes do mais “baixo clero”, medíocres e quase sempre ignorantes, aqueles que se sobressaem como “novos” líderes a comandar massas sociais também frustradas e ressentidas, porque não conseguiram alcançar o status social, a riqueza econômica e o poder de mando que almejavam e que agora imaginam ao alcance de suas mãos.
São os Marçais, os Ramagens, os Melos ou os “Ustras”, que se espalham por todos os municípios e constituem o arquétipo do novo fascismo, tão estúpidos quanto os “mitos” nos quais se espelham: Hitler, Mussolini, Berlusconi, Trump, Milei ou Bolsonaro.
São esses os que têm crescido pelo mundo e que se organizam para alcançar a direção de grande número de Prefeituras e Câmaras Municipais nas eleições do próximo dia 6 de outubro no Brasil — hoje, em aliança com setores de direita não fascistas, já governam mais de 70% dos Municípios e Estados e detêm mais de ¾ do Congresso Nacional e que, se crescerem mais, terão força ainda maior nas eleições de 2026, para os governos estaduais e federal.
É preciso que os democratas e progressistas sociais se movimentem com urgência e eficácia.
As alianças políticas entre os partidos democráticos e social populares, que poderiam facilitar a vitória da democracia e do desenvolvimento com inclusão e bem-estar-social, foram dificultadas por interesses imediatos dos controladores das máquinas partidárias.
Agora, cabe às lideranças populares e aos eleitores democratas agirem em busca da afirmação da democracia e do desenvolvimento social.
É preciso sair às ruas, visitar parentes, amigos, colegas de trabalho e simples conhecidos, fazer visitas casa-a-casa, montar barraquinhas nos pontos de ônibus e de metrôs e conversar amigável e carinhosamente com as pessoas.
Sem querer doutriná-las, respeitando seus valores e pontos de vista, tentar fazê-las ver a importância dessas eleições e se esforçar por conquistar seus votos.
É hora de cativar os “eleitores médios”, aqueles que não se interessam pela política no seu dia a dia, que não sabem sua importância e seu peso sobre suas próprias vidas.
Por constituírem a grande maioria da população, em qualquer cidade e em qualquer canto do Brasil e do Mundo em crise, os “eleitores médios” estão frustrados e, quase sempre, ressentidos e, por esse motivo, constituem presas fáceis para os fascistas.
São eles que decidem as eleições e são eles que precisam ser conquistados com muito respeito e paciência.
*Benedito Tadeu César é cientista político e coordenador geral da Associação de Amigos do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito e da RED Rede Estação Democracia.
Foto da capa: Manifestação bolsonarista em Santa Catarina contesta as eleições em 2022 fazendo saudações nazistas – Reprodução.
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