Opinião
O Brasil venceu o medo!
O Brasil venceu o medo!
De RUI OPPERMANN*
Desde a posse do inominável o medo vem sendo construído como práxis política a cada dia mais e mais identificada com o fascismo. A vitória do Lula, com um vasto apoio das forças democráticas do País, por isso, tem um significado histórico de consolidação do Estado de Direito superando o maior risco à sua integridade desde a redemocratização do País.
A mobilização observada nessa campanha foi comovente. No início da campanha muitos de nós tínhamos dúvidas quanto ao retorno do fervor que sempre caracterizou o campo democrático em campanhas passadas. Estávamos enganados e, o melhor de tudo, participamos cada um e cada uma para uma mobilização histórica da militância. São incontáveis os grupos e redes de apoio ao LULA construídos na internet. O chamamento às ruas deu resultado e os comícios reduziram à uma mera caricatura os passeios de moto do inominável. A capacidade de trabalho de colegas empenhados em nos abastecer de informações, sugerir intervenções programáticas e levantar nosso ânimo contribuiu significativamente para a vitória. Superamos as ameaças, provocações e até mesmo as sabotagens!
Penso que o primeiro desafio do novo governo será de natureza política. Arrisco, aqui, reproduzir uma frase muito conhecida de John F. Kennedy na sua posse como Presidente dos EUA no dia 20 de janeiro de 1961- “Não pergunte o que os Estados Unidos podem fazer por você, mas o que você pode fazer pelos Estados Unidos.” A vitória de ontem resgatou o espaço de participação das forças democráticas na condução do País. No seu discurso inicial como Presidente Eleito, Lula deixou claro que a participação da sociedade organizada voltará a ser parte da condução do País. Esse é o primeiro compromisso que precisamos ter nos duros tempos que enfrentaremos. Para além disso, os desafios são imensos, o principal dele é apoiar o Governo Lula na recuperação das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Lula precisará desse apoio frente a um Congresso ainda mais conservador e extremado. A prática de políticas sorrateiras, que solaparam o segundo governo Dilma, deve ser esvaziada pela força do apoio observada ao longo da campanha.
Nas suas falas iniciais como Presidente Eleito, Lula reafirmou seu compromisso com a superação da fome, da pobreza e superação das desigualdades socioeconômicas. Para tanto, emprego, habitação, saúde e educação são pautas prioritárias de tal forma a superar de forma permanente as assimetrias históricas presentes, desde o racismo, respeito à diversidade, promoção da ciência e da cultura.
O protagonismo do Brasil no cenário internacional é um compromisso estratégico. Reaproximar o País do Mercosul, Celac e parceiros latino-americanos atende as expectativas regionais dado o protagonismo do Brasil. Da mesma forma reassumir a participação no BRICS e promover as relações Sul-Sul são parte essencial da recuperação do Itamaraty como interlocutor qualificado e respeitado no cenário internacional. Para tanto, a Educação, notadamente a Educação Superior e a Pesquisa científica, são parceiros qualificados dado respeito internacional das nossas instituições. Da mesma forma, priorizar a questão ambiental, climática e de respeito à diversidade étnica, em especial às populações indígenas atende ao resgate do caráter humanista de um governo popular e atende às expectativas mundiais de um desenvolvimento sustentável para o planeta.
Sim, temos muitas expectativas, mas, nessa hora, temos que ter muita paciência com o Lula e os desafios que temos pela frente. Ter a confiança na condução política, na sua coerência, no seu compromisso com a democracia e com os interesses da maioria da população devem ser os princípios que devem nos nortear daqui para a frente. Assim como construímos cada um e cada uma individualmente a vitória, assim dever ser o nosso dia a dia a partir de agora. O Basil superou o medo e estamos todos prontos para construir um País com paz, alegria e amor!
*Ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Imagem em Pixabay.
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