?>

Opinião

Nova narrativa da extrema direita

Nova narrativa da extrema direita

Artigo por RED
09/01/2023 18:12 • Atualizado em 16/01/2023 08:35
Nova narrativa da extrema direita

De NUBIA SILVEIRA*

Todos os terroristas verde-amarelo, patriotas do mal, responsáveis pelos ataques aos palácios dos três Poderes, devem ser fichados, presos, julgados, condenados. Nenhum(a) dos calculados 4 mil bolsonaristas radicais, de extrema direita, que se deslocaram no fim de semana para Brasília com o intuito de ferir de morte a democracia e o estado democrático de direito pode ficar livre, seja ele/ela político(a), militar da ativa ou da reserva, parente de
autoridades, financiador da balbúrdia. Se um(a) deles não for atingido(a) pela Justiça, a mensagem passada a quem só entende a língua do autoritarismo é de que a porta segue aberta para novos protestos violentos e destruidores.

A parte radical dos mais de 58 milhões de eleitores de Bolsonaro sente-se apoiada e incentivada pelo ex-presidente a seguir promovendo atos antidemocráticos, na esperança de que os militares deem um novo golpe e entreguem o poder ao derrotado nas últimas eleições. Um vídeo postado pelo jornalista Marco Weissheimer, do Sul21, exibe um gaúcho, de Três de Maio, revelando-se feliz por fazer parte dos vândalos que assaltaram os palácios do Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele mostra soldados do Exército fazendo a segurança do acampamento em frente ao QG, em Brasília, para evitar “infiltrados, pessoas que vão querer ocasionar algum tumulto, alguma coisa; pessoal da
esquerda principalmente”.

Esta é a nova narrativa da extrema direita: eles não fizeram nada. Quem invadiu o Congresso, o Planalto e o STF – Supremo Tribunal Federal, destruiu obras de arte, quebrou mesas, cadeiras, transformando em lixo, por exemplo, o plenário do Supremo, foram os “infiltrados de esquerda”. As imagens da demolição devem ter causado orgasmos em Bolsonaro e nos generais Villas Boas, Braga Neto e Heleno.

Na Flórida, de onde continua manipulando seus títeres, o mito fujão posa com um sorriso debochado, metido numa camisa amarela, estampada com os dizeres “minha cor é o Brasil” e o mapa do país. A foto foi publicada no Instagram, em que ele segue se apresentando como “capitão paraquedista do Exército Brasileiro, Presidente da República Federativa do Brasil. Candidato à reeleição com o número 22”, mesmo perfil mantido no Twitter, em que nesta segunda, 9/1, publicou 37 itens com o “bom” trabalho feito na Presidência.

Voltando ao vídeo do gaúcho de Três Maio. Ele anuncia a “notícia boa”: “Já tem dia e hora para desocupa aqui e vai ser tomada decisão sim, como desde o início Bolsonaro pediu para confiar nele. Ele vem trabalhando muito para que isso se realize, se concretize, né?”. O gaúcho segue: “E com certas dificuldades e coisas que poderão acontecer, por meio de algumas vidas, de repente”. Diz mais, com a autoridade que o radicalismo lhe confere: “Já posso lhes tranquilizar com relação ao futuro do Brasil: as crianças nossas vai ser preservada a sua inocência, terão seu futuro garantido, não terá comunismo, não vão sofrer nas mão destes bandidos, e o nosso Brasil continuará crescendo”. Em linhas gerais, este é o perfil dos golpistas que enfrentaram muitas horas de estrada para vandalizar a Praça dos Três Poderes: confiam de olhos fechados no covarde, que sempre corre para um hospital, quando se sente em perigo, como agora, acreditam em comunismo, estão prontos a morrer na luta pela destituição do presidente legalmente eleito, diplomado e empossado.

A mais nova fake, espalhada por bolsonaristas, orientados por Banon e Trump, como denunciou o Le Monde, é a dos infiltrados. Os democratas de esquerda não podemos deixar esta versão crescer. Todos terroristas, golpistas, antidemocratas devem, como disse o presidente Lula, ao anunciar o decreto de intervenção federal na área de segurança do Distrito Federal, pagar “sob a força da Lei, este ato irresponsável”.


*Jornalista, trabalhou em jornal, TV e assessoria de imprensa, em Porto Alegre, Brasília e Florianópolis. Foi repórter, editora e secretária de redação. É coordenadora do programa Espaço Plural da RED – Rede Estação Democracia.

Imagem em Pixabay.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

Toque novamente para sair.