DE FLÁVIO SAIDELLES*

Tem analista político dizendo que o acampamento na frente do QG em Brasília era o ovo da serpente…

Quem dera a serpente tivesse só um ovo.

Não é verdade que o acampamento na frente do QG em Brasília era o ovo da serpente.

Ele era apenas um dos ninhos da serpente…

A serpente tem ninhos nos partidos de direita e até no MDB de Ibaneis Rocha. A serpente tem ninhos na Câmara e no Senado. Tem ninhos em todos os estados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores. A serpente tem ninhos nas associações de empresários, entre pecuaristas e no agronegócio. Até na mídia oficial e no jornalismo dito profissional a serpente tem ninho.

Por mais previsível que fosse o que aconteceu no domingo, dia 8 de janeiro, e por mais abominável, eu gostei do que aconteceu.

Estes fascistas continuariam mantendo uma tensão na política e na vida de todos nós…

Autoridades e mídia respeitada continuariam dizendo que era apenas um direito à livre manifestação. Os ovos da serpente seguiriam sendo aninhados em outras esferas e outros cargos Brasil a fora, como ocorre a olhos vistos no governo de São Paulo.

Agora não há como negar o perigo dessa gente, suas raízes fincadas nas instituições, seus financiadores e seus incentivadores. O dia de domingo desmascarou os golpistas e exigiu medidas que já deviam ter sido tomadas. Os prejuízos de domingo foram pequenos perto do estrago que se anunciava na surdina.

Estão quase todos expostos à luz do dia. Só falta as autoridades agir como exige o momento e ir atrás dos demais. Enquadrar a todos, desmantelar os ninhos, colocar aos ordinários no lugar deles.

Que sejam cumpridas as leis, responsabilizados e enquadrados…

Ferro nos bonecos!

* Flávio Saidelles é sociólogo e professor

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil