De ADELI SELL*

“Louco” já não é uma palavra adequada para explicar transtornos, mas serve estética e literariamente para falar de muitas coisas.

Loucos tempos em Brasília, em 8 de janeiro, por exemplo. Loucos terroristas que fazem coisas desarrazoadas, como são o máximo dos idiotas, por fazerem provas contra si.

Loucos tempos, não é?

Não somos loucos, desarrazoados, portanto, de esquecer que tramaram um golpe contra a democracia.

Mas aqui vamos sair da política extremista para nosso chão gaúcho para lembrar quem, no passado, cuidou da saúde mental das pessoas, que estudou psicopatologias, que tomou iniciativas concretas para termos chegado ao final dos anos 80 e inicio de 90 com uma política nacional de saúde mental.

Trata-se do médico cachoeirense, Jacintho Gomes.

Figura emblemática da psiquiatria no Estado, entre várias atividades da Medicina, trabalhou por dois anos como médico legista da Chefatura de Polícia. Propôs a criação do Manicômio Judiciário, do qual, em 1924, foi o primeiro diretor, coroando uma luta pelo reconhecimento de psicopatas entre os criminosos, bem como pela instituição de tratamento e internação adequados para eles. Daí surgiu o atual Instituto Psiquiátrico Forense.

Foi diretor do Hospital Psiquiátrico São Pedro em duas gestões (1926-32 e 1937-51) . Além disso, foi o idealizador e primeiro diretor do Manicômio Judiciário e da Diretoria de Assistência a Alienados do Rio Grande do Sul.

Homem ligado ao positivismo no Estado e seus políticos, em 1951 demitido, sem honras, do S. Pedro, gerando muitos protestos. Aí começou e concluiu seu livro de Memórias.

Sua morada – a Casa Godoy –, uma mansão na Avenida Independência é patrimônio histórico.

Não confundir com o médico Jacinto Gomes, sem “h”, pois Jacintho Godói tinha Gomes no nome também.

*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Imagem da fachada da Casa Godoy, na Avenida Independência em Porto Alegre, disponível em Wikipédia.

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