POR ALONSO COELHO*

Ainda estou buscando fazer a leitura dos acontecimentos, mas arrisco algumas reflexões.

Desde antes das eleições eu venho afirmando que não corremos risco de golpe, pois, para uma ruptura institucional faz-se necessário uma ampla convergência dos interesses dos ‘poderes’ internos e externos, o que não está presente na conjuntura, não há unanimidade para tal, nem entre as forças armadas.

Os governadores e entidades empresariais e governo americano condenaram imediatamente a iniciativa.

Entendendo até o momento que partimos de duas ou três possibilidades.

i) A opção arriscada por uma tentativa de tomada do poder fora dos atuais padrões universais, somente com exército, com apoio da sua base social que corresponde hj a aproximadamente a 28%, um terço dos brasileiros. Para tanto, a estratégia seria gerar o caos para tentar forçar os poderes decretarem a GLO convocando o exército que tomaria as ruas legalmente, abrindo a porta para cenários posteriores. Se isso, foi acertadíssima a opção de intervir somente nas forças de segurança do DF, nomeando um civil e deixar ao Supremo afastar o governador, dividindo responsabilidades entre os poderes.

ii) na impossibilidade de um golpe, a mobilização teve um caráter de melar o clima de festa e de demonstração de força, deixando claro que a luta continuará sem trégua, alimentando a formação de núcleos bolsonaristas Brasil afora, projetando uma guerra permanente da ultra direita.

iii) Não viabilizando o cenário 1, fica o cenário 2 para operar símbolos..

Independente, o que agora está posto são os rumos.

Ou o executivo e o conjunto das instituições tomam para si a responsabilidade de manutenção da Democracia e exerçam Poder real que lhes é conferido e busquem de fato apurar e responsabilizar quem financiou e organizou ou não haverá Paz possível.

Por fim, é preciso entender, responsabilizar, prender e dar um rumo ao governo que faça uma limpa nas instituições das pessoas que apoiaram, principalmente na polícia do DF e forças de segurança, afinal, são inimigos da democracia agindo de dentro do Estado.

Convocar os governadores, juntamente com os representantes dos poderes instituídos, para deixar claro que ninguém vai brincar em serviço.

Em tudo há disputas paralelas, o chamado mercado vai querer usar os fatos para enquadrar mais ainda os rumos do governo, precisamos estar atentos a todos os movimentos.

Tem que haver um fim ao clima de conciliação, não há mais diálogo possível, parafraseando O Rappa…. Qual paz queremos conversar para tentar ser feliz….

*Alonso Coelho, especialista em gestão pública e secretário geral do Partido Verde.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil