O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, tentou vender um relógio da marca Rolex recebido pelo então presidente em viagem oficial feita à Arábia Saudita. A informação foi revelada através de e-mails obtidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas e divulgado pelo Jornal O Globo e g1.

As negociações foram feitas a partir do dia 06 de junho de 2022, quando o relógio foi retirado do acervo privado da Presidência da República. Mauro Cid trocou e-mails em inglês com Maria Farani, então assessoria do Gabinete Adjunto de Informações do gabinete pessoal de Bolsonaro.

Eles trataram de uma possível venda do relógio por U$ 60 mil. As mensagens foram traduzidas pelo g1:

Maria Farani: Olá Mauro, obrigada pelo interesse em vender o seu Rolex. Tentei falar com você por telefone mas não consegui. Pode por favor me falar se você tem o certificado de garantia original do relógio?

Quanto você espera receber por essa peça? O mercado para Rolex usados está em baixa, especialmente para relógios cravejados de platina e diamante (já que o valor é tão alto). Só queria me certificar de que estamos na mesma linha antes de fazermos muita pesquisa. Espero ouvir notícias suas.

Mauro Cid: Olá …, Nós não temos o certificado do relógio, já que foi um presente recebido em viagem oficial de negócios. O que temos é o selo verde de certificado superlativo, que acompanha o relógio. Além disso, posso certificar que o relógio nunca foi usado. Pretendo receber por volta de $ 60.000 pela peça. Agradeço o retorno rápido. Mauro Cid

Em outubro de 2019, Bolsonaro recebeu o relógio durante um almoço oferecido pelo rei da Arábia Saudita à comitiva brasileira. No mês seguinte, o objeto foi registrado como “acervo privado” pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do gabinete da Presidência da República. Em junho de 2022, o relógio foi retirado.

A assessora foi desligada do cargo em janeiro de 2023. O tenente-coronel também é investigado pelo envolvimento com os atos golpistas e foi preso durante a Operação Venire, em maio, que investiga as fraudes nos cartões de vacinação.

Foto: Lula Marques/Agência Brasil.

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