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Maioria das mulheres resgatadas de trabalho escravo são pretas e pardas e do Norte e Nordeste

Maioria das mulheres resgatadas de trabalho escravo são pretas e pardas e do Norte e Nordeste

Geral por RED
11/03/2023 16:00 • Atualizado em 11/03/2023 17:22

Dados inéditos obtidos pelo g1 mostram que a maioria das 2.488 mulheres resgatadas do trabalho análogo à escravidão nos últimos 20 anos são do Norte ou Nordeste, pretas ou pardas, analfabetas ou com o ensino básico incompleto. As informações foram recolhidas pelas Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), órgão do Ministério do Trabalho (MTE).

O número de mulheres resgatadas é bem menor que a dos homens. Elas correspondem a apenas 5% do total de resgates nas últimas duas décadas, quando o perfil das vítimas começou a ser coletado, em 2003. Enquanto os homens correspondem a 40.032 dos resgatas, as mulheres somam 2.488.

O número alto de homens resgatados diz respeito a dinâmica da sociedade brasileira, como apontou Jamile Virginio, auditora-fiscal do trabalho entrevistada pela reportagem. Como o homem é enxergado como o provedor, ele que sai de casa para trabalhar. Ao ir buscar emprego em outros lugares, a condição de migrante o torna vulnerável à exploração do trabalho.

Segundo a reportagem, somente em 2017 é que ocorreram os primeiros resgates de mulheres no trabalho doméstico e no mercado do sexo. É preciso olhar com mais atenção a situação de trabalho das mulheres e em quais setores há maiores chances de haver exploração.

Naturalidade

Os cinco estados com mais cidadãs de origem resgatadas são Maranhão (14,67%), Minas Gerais (14,59%), Bahia (13,22%), Goiás (11,14%), Pará (10,45%) e São Paulo (9,69%).

Local de resgate

  • Sudeste: 31,4%
  • Nordeste: 26,8%
  • Norte: 26,4%
  • Centro-Oeste: 11,2%
  • Sul: 4,05%

Os estados que concentram 80% dos resgates são: Pará (428), Minas Gerais (401), Bahia (278), São Paulo (271), Maranhão (238), Tocantins (166), Goiás (123) e Rio de Janeiro (101).

Idade

  • Entre 30 e 59 anos: 55%
  • Entre 18 e 29 anos: 40%
  • Menores de 18 anos: 4%
  • A partir de 60 anos: 1%

Raça

  • Pretas ou pardas: 64%
  • Brancas: 22%
  • Amarelas: 11%
  • Indígenas: 3%

Escolaridade

  • Analfabetas: 17%
  • Ensino fundamental incompleto: 59,6%
  • Ensino fundamental completo: 7%
  • Ensino médio incompleto: 6%
  • Ensino médio completo: 8%
  • Ensino superior incompleto: 1%
  • Ensino superior completo: 0%

Atividades (mais de 70% dos casos)

  • Agropecuária: 1.234
  • Cultivo de café: 175
  • Cultivo de cana-de-açúcar: 138
  • Pecuária de corte: 118
  • Cultivo de árvores frutíferas: 18
  • Cultivo de erva-mate: 15

Denúncia

Para denunciar uma caso ou uma suspeita de trabalho análogo à escravidão, basta responder formulário no site do Sistema Ipê ou do Ministério do Trabalho. Denúncias presenciais podem ser feitas nas unidas do Ministério Público do Trabalho ou nas Superintendências Regionais do Trabalho. Por telefone, o Disque 100 e os telefones do ministério e das superintendências estão disponíveis.

As denúncias podem ser feitas de forma anônima e não precisa usar o termo “trabalho escravo, apenas descrever os fatos e as condições de trabalho.


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