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Macron, a Frente Popular e a extrema direita

Macron, a Frente Popular e a extrema direita

Artigo por RED
30/06/2024 11:34 • Atualizado em 30/06/2024 11:38
Macron, a Frente Popular e a extrema direita

Por Celso Japiassu*

Macron alertou que o “aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo” e que os resultados das eleições europeias foram “um desastre que não pode ser ignorado”.  Uma vitória do RN poderia “bloquear” a União Europeia, de acordo com o presidente francês. As eleições francesas significam, portanto, um momento decisivo não apenas para o país, mas também para o futuro da Europa.

As próximas eleições na França, a se realizarem em dois turnos, neste domingo 30 de junho e em 7 de julho, serão um momento crucial para o país e para a Europa. O presidente Emmanuel Macron enfrenta o desafio do partido de extrema-direita Rassemblement National (RN), liderado por Jordan Bardella e Marine Le Pen. Após a derrota do seu partido nas eleições europeias de 2024, o presidente francês tomou uma decisão ousada: dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas, numa manobra de alto risco visando recuperar o controle do Parlamento, atualmente dominado pela oposição de extrema-direita.

O RN, que vem ganhando força nos últimos anos, lidera as pesquisas de intenção de voto, com projeção de obter 35% dos votos, mais que o dobro da coligação de Macron. Em segundo lugar encontra-se a aliança de esquerda Nova Frente Popular, com 29,5%. O partido de Macron tem 19,5% das intenções de voto. Este resultado consolidaria o RN como a principal oposição a Macron, que já declarou não ter a intenção de renunciar e vai cumprir seu mandato até o fim.

A ascensão da Extrema-Direita

O candidato do RN, Jordan Bardella, de 28 anos, é definido pela revista Le Nouvel Observateur como uma “armadilha” para os eleitores franceses. Apesar de uma imagem mais refinada do que a de sua líder Marine Le Pen, Bardella carrega o mesmo nacionalismo arcaico e a xenofobia do partido. No entanto, o RN tem conseguido atrair um apoio crescente, inclusive de setores da elite econômica francesa, tradicionalmente avessos às ideias do partido.  Isso mostra que Bardella e o RN têm conseguido trabalhar sua imagem e derrubar as últimas barreiras ao seu avanço.

O documentarista Pierre-Stéphane Fort pesquisou os lados ocultos de Bardella e escreveu o seu perfil: “A sua ascensão na política francesa é um conto de fadas sombrio, um caminho pavimentado com oportunismo e traição, uma ambição que o consome. Acima de tudo, Bardella é um produto de marketing com um impacto retumbante, adaptado aos desejos da sua amante, Marine Le Pen”.

A vitória do RN representaria um cenário inédito de “coabitação” na França, com um partido de extrema-direita governando e escolhendo os ministros, em oposição ao presidente Macron, trazendo sérias implicações, tanto para a política interna francesa quanto para a posição do país na União Europeia. Macron alertou que o “aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo” e que os resultados das eleições europeias foram “um desastre que não pode ser ignorado”.  Uma vitória do RN poderia “bloquear” a União Europeia, de acordo com o presidente francês. As eleições francesas significam, portanto, um momento decisivo não apenas para o país, mas também para o futuro da Europa.

A vitória do RN significaria a consolidação da Extrema-Direita, pois o partido obteria maioria absoluta, permitindo-lhe governar e escolher os ministros, em oposição ao presidente Macron. Isso pode ter sérias implicações para a política interna francesa e para a posição do país na União Europeia.

Uma vitória do RN pode “bloquear” a União Europeia, de acordo com Macron. Isso pode levar a uma redução da influência francesa na UE e a uma maior fragmentação política no continente.

O RN é conhecido por suas propostas econômicas conservadoras e nacionalistas, que podem ter efeitos negativos sobre a economia francesa e a União Europeia. Isso pode incluir cortes de impostos, reduções nos gastos sociais e uma política mais protecionista.

O RN tem também uma história de críticas a direitos humanos, incluindo a imigração, a igualdade de gênero e a liberdade de expressão. Uma vitória do partido pode levar a uma redução dos direitos humanos na França e na UE.

Manifestações

Milhares de manifestantes saíram às ruas para se opor ao avanço da ultradireita, sinalizando uma maior polarização política e a desestabilização do sistema político francês. Grandes passeatas de mulheres convocadas por associações feministas, sindicatos e ONGs foram às ruas no domingo passado em Paris e outras cidades em protestos contra o RN e suas anunciadas políticas de extrema direita.

A população francesa está reagindo com um misto de emoção e preocupação.

O ex Presidente francês François Hollande vai concorrer às eleições, apoiando a criação da nova Frente Popular, num esforço de contrabalançar o crescimento da extrema-direita.

O RN é conhecido por suas propostas econômicas conservadoras e nacionalistas, que podem ter efeitos negativos sobre a economia francesa e a União Europeia. Isso inclui cortes de impostos, reduções nos gastos sociais e uma política mais protecionista.

Essas reações demonstram a complexidade e a importância dessas eleições. A Frente Popular está se preparando com uma estratégia que inclui a aliança entre o Parti Socialiste (Partido Socialista), a France Insoumise (França Insubmissa), o Parti Communiste (Partido Comunista) e Les Écologistes (Os Ecologistas).

As chances da esquerda são incertas e dependem de várias fatores, incluindo a unidade dos partidos e a capacidade de apresentar um candidato único forte. Embora os líderes dos principais partidos de esquerda tenham anunciado a formação da aliança, a escolha de um candidato único ainda não foi definida. A unidade da esquerda será essencial para seu desempenho, mas a falta de um candidato único e a divisão entre os partidos podem prejudicar a coalizão. Além disso, a escolha de um candidato que não tenha legitimidade para chegar a primeiro-ministro pode também afetar as chances da esquerda.

*Poeta, articulista, jornalista e publicitário.

Foto:  Marine Le Pen e Emmanuel Macron –  Elle France – Pinterest

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