Opinião
Lula e os desafios do novo governo
Lula e os desafios do novo governo
De EDISON VLADIMIR MARTINS TERTEROLA*
Ao tomar posse no dia 1º, Lula pretende encerrar um ciclo de governo de extrema direita.
Lula destacou que não fará revanchismo, desta forma atrai uma parcela de políticos que, inclusive, votaram pelo impeachment da presidenta Dilma. No entanto, anuncia que irá encaminhar aos órgãos do Judiciário as informações que podem ser utilizadas para apuração de possíveis atos de corrupção ou crimes praticados no governo Bolsonaro.
Se, por um lado, coloca nomes do PT em ministérios importantes para a condução da política econômica, por outro, optou por não gerar conflitos em pastas como o Ministério da Defesa e Telecomunicações, por exemplo. Desta forma, Lula sofre críticas tanto da direita neoliberal quanto da esquerda ortodoxa.
Em seu discurso diante do Congresso Nacional destacou que pretende implementar políticas voltadas para a inclusão dos pobres no orçamento federal, preservação do meio ambiente, atenção os povos originários, inclusão social, valorização e proteção às mulheres, combate ao racismo e ao armamentismo, suspensão da privatizações, entre outras. Portanto, Lula assume uma difícil tarefa: atender as demandas do mais amplo espectro dos movimentos populares e entidades sindicais sem que isso seja motivos para uma oposição que pudesse inviabilizar o seu mandato, razão pela qual tentou acomodar nos ministérios a maioria dos partidos que estão dispostos a apoiar o seu governo. Aliás a própria escolha do vice, Geraldo Alckmin, foi um sinal de que Lula está comprometido com os valores republicanos, democráticos, bem como a economia de mercado e que não pretende implementar uma “revolução socialista”. Alckmin pode não ter agregado um voto novo de esquerda, mas é peça chave no tabuleiro que levou a garantia da posse e da futura governabilidade. Talvez, esta seja a principal diferença em relação aos governos de Dilma Roussef: a capacidade de interlocução com os mais diversos atores políticos, sociais e econômicos do país.
A cerimônia foi repleta de simbolismos, sendo alguns mais claros e outros que nem percebemos de imediato. A presença de Geraldo Alckmin, acompanhados das respectivas esposas, Janja e Maria Lúcia, desfilando em carro aberto, demonstra a valorização de seu vice e do papel das mulheres, mas especialmente que Lula não está intimidado com a oposição fascista e de um possível atentado. Seguem-se os simbolismos, tendo como ponto máximo a passagem da faixa presidencial por pessoas que representam a diversidade do povo brasileiro mais humilde e explorado. Como num desfile de escola de samba, os comentaristas de TV ficavam decifrando cada detalhe do enredo que estava se passando diante de nossos olhos e impressionados com o significado de cada um que subiu a rampa do planalto ao lado do Presidente.
Em seu discurso para o povo, carregado de emoção, reafirma os compromissos da campanha, de trabalhar no combate às mais diversas desigualdades, preservação do meio ambiente e no combate a fome.
Mal termina de dar posse aos ministros, já assina os primeiro decretos que dão início aos trabalhos de uma nova gestão, ao mesmo tempo que demonstra iniciativa, vontade política e disposição para enfrentar de imediato os principais problemas que têm afetado a população brasileira.
Há que se destacar a presença de centenas de representantes de outros países nesta cerimônia de posse, demonstrando que o Brasil volta ser uma nação respeitada internacionalmente.
Nós, que somos funcionários de empresas estatais, e que contribuímos de alguma forma nos estudos dos Grupos de Trabalhos da transição, sentimo-nos contemplados com a proposta de retirar Correios, Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e Petrobras dos estudos do Programa Nacional de Desestatização, mas, como cidadãos, ficamos muito mais felizes com o conjunto de políticas econômicas e sociais que Lula se dispõem a implementar. Tais medidas significam uma forte mudança de direção em relação ao governo que abandonou o cargo antes do final de seu mandato, pois, mais importante que os interesses corporativos são as politicas de interesse do povo brasileiro, como o desenvolvimento econômico com distribuição de renda e preservação do meio ambiente, incentivo a inclusão social, combate ao racismo, respeito às mulheres, dos LGBT’s e dos povos orginários.
Lula, inicia, portanto, seu mandato vencendo o fantasma golpista que tanto assombrou a história da politica brasileira, demonstrando coragem e disposição para tornar este breve período em que tivemos um governo neoliberal na economia, negacionista e fascista na ideologia e antipopular no social, uma página, definitivamente, virada de nossa história.
*Diretor do Sindipetro-RS.
Imagem em Pixabay.
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