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Opinião

Lembrando…

Lembrando…

Artigo por RED
03/07/2023 05:25 • Atualizado em 04/07/2023 09:08
Lembrando…

De ADELI SELL*

Sem o academicismo, sem os longos textos, sem teses, o Memorialista tem obrigação de vasculhar vidas, fatos, coisas do passado. Por isso, nesta sessão, lembro de forma sucinta pessoas, em especial, mulheres esquecidas ou apagadas.

EUNICE JACQUES – Foi importante jornalista e também escritora. Ela nos deu, entre outros, os seguintes livros: O anjo distraído, Lucinha quer-não-quer, Um duende na calçada, Pra bem-te-ver,  etc.

De Montenegro, foi interna no Colégio São José de São Leopoldo e fez intercâmbio estudantil nos EUA. Cursou jornalismo na UFRGS, trabalhando em jornais e emissoras locais e nacionais.

Há uma praça em sua homenagem no Bairro Petrópolis, na Rua Fernando Osório, subindo para o Morro da Apamecor.

LYDIA MOSCHETTI – Já foi lembrada doutra feita aqui. Mas quero dizer que tem um grupo de Escoteiros na Vila Nova que leva o seu nome. Boa lembrança.

Só para não esquecer que foi professora, poeta, romancista, artista de teatro, memorialista, promotora cultural e ativista social. Tem nome de rua no Bairro Jardim Leopoldina.

TÂNIA JAMARDO FAILLACE – Está com 83 anos de idade, reclusa por problemas de saúde. Mas é bom lembrar que Érico Veríssimo em 1964 bancou seu primeiro romance pela Globo. Seu livro 35° ano de Inês é um clássico.

EVA LACI CAMARGO MARTINS – Para a maior parte de nós, um nome apenas. Porém, Eva Laci Camargo Martins foi a primeira mulher a participar, na década de 1960, da organização do movimento pela reforma agrária no Rio Grande do Sul.

Conhecida pelo nome de Célia, deixou o Partido Comunista – onde iniciou sua vida de revolucionária como trabalhadora de A TRIBUNA, jornal do Comitê Estadual do Partido Comunista Brasileiro, dirigido por João Amazonas e Elói Martins – na década de 1960, para ser pioneira das Ligas Camponesas no Sul, e após integrar-se ao MASTER (Movimento dos Agricultores Sem Terra), no estado. Em 1963, Célia se transformou em assunto nacional:
detida no Rio de Janeiro pela polícia do então Estado da Guanabara, no Governo Carlos Lacerda, foi torturada tristemente na célebre Invernada da Olaria, e suas denúncias desnudaram, pela primeira vez, a tortura a presos políticos no Brasil, antes ainda de 1964.

Como militante de esquerda, ela já estava no Chile, quando lá chegaram os primeiros exilados políticos, e em sua casa acolheu, entre outros, o futuro Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e o futuro Ministro da Saúde, José Serra, perseguidos no Brasil.

Quando os capitães de esquerda derrubaram a ditadura em Portugal, em 1974, mudou-se para Lisboa.

A militante morou ainda no México, Honduras (onde nasceu sua última filha) e Nicarágua, onde participou de um amplo processo de alfabetização, durante o Governo Sandinista, após a derrubada de Somoza em 1979. Em Rostok, na Alemanha, ela morou “quatro traumáticos anos”, como ela própria frisava: depois de presa e torturada no Brasil por ser comunista, ela enfrentou a “Stasi”, a temível polícia secreta da Alemanha comunista e denunciou seus métodos persecutórios.

Ao voltar ao Brasil, com a anistia política, viveu em Brasília até retornar a Porto Alegre – onde nasceu – já enferma, vindo a falecer em 24 de março de 2001, aos 59 anos.


*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Imagem em Pixabay.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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