Opinião
Leite, o Governador Padrinho do Apagão
Leite, o Governador Padrinho do Apagão
Quinze dias após a passagem do Ciclone Extratropical, várias famílias ainda sofrem com a falta de energia no estado do Rio Grande do Sul
De JORGE LUIZ FERREIRA*
Absurdo saber que passados 14 dias do evento climático, denominado Ciclone Extratropical (um temporal não muito mais forte do que vários que ocorrem todos anos), ainda há pessoas sem energia elétrica, principalmente nas zonas rurais do sul do Estado.
Reuniões com prefeitos, governador e lideranças locais não foram suficientes para resolver a armadilha que os “Cabeças de Planilha” – termo cunhado por Luis Nassif e título de livro, escrito por ele, com o mesmo nome. Nele, cabeças de planilha são aqueles que só enxergam o mundo sob a ótica do balanço financeiro ou da receita x despesa – criaram para infernizar a vida dos pequenos consumidores, fundamentais na produção rural familiar.
Para os que não ligam para este tipo de problema, por não se sentirem atingidos, cabe lembrar que isso é só o começo. Logo a economia de recursos, de competência e de compromisso vai chegar nas periferias e nos locais urbanos mais afastados, atingindo também pequenos negócios e empreendimentos locais.
Tal situação não começou hoje. Começou no desmanche de 1997, quando as novas Concessionárias, e seus engomadinhos e descolados dirigentes yuppies (o nome moderninho dos Cabeças de Planilha, ou Contadores de Tostões), resolveram colocar o contato com seus clientes exclusivamente em Call Centers, muitas vezes localizados fora da área de Concessão, em outros Estados. Eliminaram as atendentes locais e as agências locais, que tinham contato direto com os consumidores e sabiam como direcionar as equipes e as áreas ainda não atendidas. Trocou-se gente por Teleatendentes Eletrônicas numeradas, de voz empostada, mas totalmente insensíveis às angústias e ao respeito humano.
Para os gestores bilionários não interessa se a única comida ou o remédio que tem na geladeira ou no freezer vai estragar, ou se não vai haver nebulizador para possibilitar ao bebê ou ao ancião respirar. Para eles não interessa ter o Eletricista, o Técnico ou o Engenheiro experiente; o que vale é o que ganha menos, o que maximiza os lucros dele e dos seus investidores dessas empresas sem alma e sem compromisso social.
As empresas são, para estes investidores, apenas uma máquina de fazer dinheiro. Eles colocam X e querem retirar no fim do processo X+Y. Até aí, tudo nos conformes do jogo do capitalismo. Só que, gananciosos como são, procuram extrair o máximo de Y (Lucro), não importando o estrago brutal causado, prejudicando todos os envolvidos , como foi demonstrado no caso das Lojas Americanas. Acrescente que estamos falando de um monopólio natural, isto é, empresas de energia elétrica não tem concorrentes na sua área de abrangência, portanto, não tem concorrência e, praticamente, não precisa se preocupar com nada, neste sentido. Um dos integrantes do trio formado por Jorge Lemann- acionista majoritário da CEEE Equatorial – , Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles foi inclusive flagrado demonstrando seu modus operandi, isto é, ensinando em vídeo uma receita de como lucrar mais procrastinando o pagamento de fornecedores. Se fazem isso com grandes fornecedores, imagine o que são capazes de fazer, para aumentar seus lucros, com seus empregados e seus clientes. Logo logo vai acontecer com a água e o saneamento a mesma situação. Preparem-se.
Aos atuais e futuros prejudicados um conselho, não agridam os trabalhadores (de rua e de atendimento telefônico) dessas empresas, os culpados passaram ou estão lá no Palácio Piratini e na Assembleia Legislativa conivente. Os mentores e propagadores, a trupe de sabujos da RBS e Correio do Povo, está aí todo dia, fazendo- se de neutra, para dar a impressão que nada teve ou tem a ver com isso. A propósito, alguém, que prefiro não citar o nome, nas redes sociais ilustrou muito bem esta postura cínica e hipócrita da imprensa ao afirmar “ Há alguns anos, quando aconteciam temporais no RS, a RBS caia em cima da CEEE: “seis horas sem luz”; ” quatro horas sem luz”… agora, com essa Equatorial, temos lugares há dez dias sem luz e a RBS… “ E ainda vendem jornal fazendo charges e piadas com a desgraça que ajudaram a implantar. Otário é quem acredita neles mesmo sendo prejudicado.
*Engenheiro com 25 anos de atuação em sistemas de distribuição de Energia Elétrica. Colaboração de Jorge Alberto Benitz, Engenheiro com 30 anos de atuação em sistemas de distribuição de Energia Elétrica, Poeta e Escritor.
Publicado no GGN.
Foto: Fernando C. Vieira/CEEE.
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