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Opinião

Juventude e a extrema direita: desafios e reflexões

Juventude e a extrema direita: desafios e reflexões

Artigo por RED
04/01/2024 05:30 • Atualizado em 07/01/2024 00:08
Juventude e a extrema direita: desafios e reflexões

De ALEXANDRE CRUZ*

O cenário político contemporâneo tem testemunhado uma mudança notável no comportamento eleitoral dos jovens em diversas partes do mundo, destacando-se a escolha crescente pela extrema direita. Este fenômeno, que pode parecer paradoxal à primeira vista, requer uma análise profunda das dinâmicas sociais e políticas que moldam a perspectiva dessa geração.

A extrema direita contemporânea se tornou, de certa forma, uma força contestadora do sistema. Tradicionalmente associada à manutenção do status quo e defesa do establishment, os ultra conservadores, paradoxalmente, estão assumindo uma postura anti-sistema. Essa mudança de paradigma merece atenção, pois revela um questionamento profundo sobre as bases do sistema político e econômico em vigor.

No diálogo que tratei com o meu amigo Nado Teixeira, intelectual, autor de dois livros, dirigente da Famurs e pré candidato a prefeito por São Leopoldo, ele destaca a presença da nostalgia da esquerda como um fator influente no imaginário político atual. Eu reflito que a busca por uma identidade política fora das estruturas tradicionais do socialismo ou capitalismo é evidente. A juventude, caracterizada por sua natureza contestadora, parece ansiosa por uma narrativa que vá além das ideologias do passado.

A pergunta crucial surge: Como podemos reconciliar a necessidade de uma vacina contra a desilusão sistêmica quando a própria democracia é considerada parte integrante do sistema? O desafio está em formular uma visão política que responda a essa demanda por mudança, sem cair nos extremos ideológicos tradicionais.

O triunfo do capitalismo sobre o socialismo na Guerra Fria definiu a era contemporânea, mas também gerou uma desilusão entre os jovens. O colapso das alternativas ideológicas deixou um vácuo que a extrema direita parece preencher, oferecendo uma narrativa anti-establishment que ressoa com aqueles desencantados com o sistema vigente. Como foi o caso do ultradireitista Javier Milei, eleito presidente da Argentina, com um discurso e uma imagem anti sistema.

A pergunta sobre a aparente virada conservadora dos jovens em diversos lugares ressoa com a busca por uma explicação. É possível que a juventude veja na extrema direita uma resposta à falta de alternativas convincentes no cenário político, adotando uma postura conservadora como meio de resistência ao establishment.

O fenômeno dos jovens votando na extrema direita não é uma mera manifestação de conservadorismo, mas sim uma reação à estagnação política e à falta de inovação ideológica. A sociedade precisa abraçar o desafio de formular novas visões políticas que respondam às preocupações da juventude, incorporando uma abordagem mais flexível e adaptável às mudanças sociais. A renovação política é essencial para evitar que a nostalgia continue a moldar o imaginário coletivo e para construir um futuro político mais promissor e inclusivo.


*Jornalista.

Imagem em Pixabay.

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