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IBGE não tem dados confiáveis e indígenas viram pardos no sistema prisional do Paraná

IBGE não tem dados confiáveis e indígenas viram pardos no sistema prisional do Paraná

Noticia por RED
25/01/2023 15:15 • Atualizado em 25/01/2023 15:14
IBGE não tem dados confiáveis e indígenas viram pardos no sistema prisional do Paraná

O ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, concedeu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo ontem, 24, e afirmou que o Censo 2022 é uma “tragédia absoluta” por não ter dados confiáveis, além de defender uma auditoria.

De acordo com Olinto, os dados preliminares mostram que processo de imputação de dados a cerca de 20% da população, o que gerou informações questionáveis. “Imputar dado é você dizer: eu não tenho dados para 20% da população e vou usar um processo que normalmente se usa para 2%”. Ele citou como exemplo os dados de queda da população em todos os municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro em relação a 2010.

O ex-presidente explica que o órgão vem sofrendo um desmanche desde 2019, quando saiu após dois anos. Emprego de pessoas não qualificadas para gestão do IBGE , redução das verbas para fazer as pesquisas e remodelação desnecessária do questionário do Censo 2022 são as causas apontadas por Olinto para afirmar seu posicionamento.

Ele também cita as reclamações dos recenseadores quanto a organização como o pouco tempo de treinamento, o pagamento atrasado e os valores errados. Além disso, cita o tempo de execução do Censo 2022 que já dura cinco meses – iniciada em agosto. “O Censo é para ser levantado em 2 meses, e nós estamos no meio de janeiro e não terminou”, ressalta na entrevista.

Indígenas são pardos no cárcere no Paraná

Dados preliminares do Censo 2022 não são o único problema de transparência de informações. No Paraná, os indígenas presos não aparecem na estatística por terem sido fichados como pardos, apesar da autodeclaração. É o que mostrou o jornal Plural de Curitiba.

A reportagem lembra que em 2020, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou a Nota Técnica nº 77 (não está disponível no site do governo federal) com a intenção de mapear os indígenas encarcerados no Brasil. O estado do Paraná aparece com zero. O caso que o jornal trouxe não aparece nos dados.

Segundo apuração, o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil“, de 2021, mostrou que o 14 pessoas indígenas presas, 13 homens e uma mulher.

O apagamento de dados não permite saber se os direitos dos indígenas estão sendo respeitados e o que está acontecendo com eles dentro do cárcere. Viviane Balbuglio, consultora jurídica do Programa de Assessoramento, Defesa e Garantia de Direitos (ADD) do IISC, que foi entrevistada na reportagem afirma que é preciso saber porque as pessoas indígenas estão sendo e mantidas presas. “Temos que pensar outros tipos de processo de responsabilização porque a prisão deveria ser a última medida para a pessoa indígena”, afirmou ao jornal.

Abril de 2023

O IBGE afirmou em nota ontem, 24, que cerca de 89 milhões de domicílios já foram visitados e que até agora 184 milhões de pessoas já foram recenseadas. Além de ressaltar que a pesquisa segue rigorosamente as etapas necessárias, o que assegura qualidade em todas as fases da operação.

A nota foi emitida após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, de suspender a aplicação dos dados populacionais do Censo 2022, que ainda não foi concluído, para definir os valores para a distribuição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Os resultados definitivos do Censo 2022 serão divulgados em abril de 2023.


Com informações da Folha de S. Paulo, Plural, Agência BrasilPoder 360

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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