Curtas
IBGE não tem dados confiáveis e indígenas viram pardos no sistema prisional do Paraná
IBGE não tem dados confiáveis e indígenas viram pardos no sistema prisional do Paraná
O ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, concedeu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo ontem, 24, e afirmou que o Censo 2022 é uma “tragédia absoluta” por não ter dados confiáveis, além de defender uma auditoria.
De acordo com Olinto, os dados preliminares mostram que processo de imputação de dados a cerca de 20% da população, o que gerou informações questionáveis. “Imputar dado é você dizer: eu não tenho dados para 20% da população e vou usar um processo que normalmente se usa para 2%”. Ele citou como exemplo os dados de queda da população em todos os municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro em relação a 2010.
O ex-presidente explica que o órgão vem sofrendo um desmanche desde 2019, quando saiu após dois anos. Emprego de pessoas não qualificadas para gestão do IBGE , redução das verbas para fazer as pesquisas e remodelação desnecessária do questionário do Censo 2022 são as causas apontadas por Olinto para afirmar seu posicionamento.
Ele também cita as reclamações dos recenseadores quanto a organização como o pouco tempo de treinamento, o pagamento atrasado e os valores errados. Além disso, cita o tempo de execução do Censo 2022 que já dura cinco meses – iniciada em agosto. “O Censo é para ser levantado em 2 meses, e nós estamos no meio de janeiro e não terminou”, ressalta na entrevista.
Indígenas são pardos no cárcere no Paraná
Dados preliminares do Censo 2022 não são o único problema de transparência de informações. No Paraná, os indígenas presos não aparecem na estatística por terem sido fichados como pardos, apesar da autodeclaração. É o que mostrou o jornal Plural de Curitiba.
A reportagem lembra que em 2020, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou a Nota Técnica nº 77 (não está disponível no site do governo federal) com a intenção de mapear os indígenas encarcerados no Brasil. O estado do Paraná aparece com zero. O caso que o jornal trouxe não aparece nos dados.
Segundo apuração, o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil“, de 2021, mostrou que o 14 pessoas indígenas presas, 13 homens e uma mulher.
O apagamento de dados não permite saber se os direitos dos indígenas estão sendo respeitados e o que está acontecendo com eles dentro do cárcere. Viviane Balbuglio, consultora jurídica do Programa de Assessoramento, Defesa e Garantia de Direitos (ADD) do IISC, que foi entrevistada na reportagem afirma que é preciso saber porque as pessoas indígenas estão sendo e mantidas presas. “Temos que pensar outros tipos de processo de responsabilização porque a prisão deveria ser a última medida para a pessoa indígena”, afirmou ao jornal.
Abril de 2023
O IBGE afirmou em nota ontem, 24, que cerca de 89 milhões de domicílios já foram visitados e que até agora 184 milhões de pessoas já foram recenseadas. Além de ressaltar que a pesquisa segue rigorosamente as etapas necessárias, o que assegura qualidade em todas as fases da operação.
A nota foi emitida após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, de suspender a aplicação dos dados populacionais do Censo 2022, que ainda não foi concluído, para definir os valores para a distribuição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Os resultados definitivos do Censo 2022 serão divulgados em abril de 2023.
Com informações da Folha de S. Paulo, Plural, Agência Brasil e Poder 360
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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