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Opinião

Guerra, um grande negócio

Guerra, um grande negócio

Artigo por RED
10/03/2024 05:30 • Atualizado em 13/03/2024 19:23
Guerra, um grande negócio

De EDELBERTO BEHS*

Primeiro a destruição, com tanques, aviões, bombas, balas, metralhadoras, minas, e o que mais a indústria bélica coloca no mercado, a custos astronômicos, para entrega imediata. Afinal, a guerra não pode esperar. E quanto mais destruição essa artilharia produzir, melhor para os negócios.

Como assim? Depois da terra arrasada vêm as construtoras com seu arsenal de patrolas, tratores, guindastes, projetos para a “reconstrução” do que foi aniquilado a custo de milhares de vidas de pessoas que nada têm a ver com a disputa de generais –, mas isso é o que menos importa para as planilhas de custos.

A conta do que a Ucrânia necessita foi calculada pela Avaliação Rápida de Danos e Necessidade (Rdna3) na próxima década vai a 486 bilhões de dólares (cerca de 2,4 trilhões de reais, isso a guerra parasse agora) para a recuperação do país, depois de quase dois anos da invasão russa ao território ucraniano.

A conta é do governo da Ucrânia, do Banco Mundial e da Comissão Europeia e as Nações Unidas (Rdna3). O diabólico neste processo é que a indústria bélica do ocidente lucra com a destruição da Ucrânia na medida em que combate as tropas russas, e lucra com as multinacionais da construção civil e outros fornecedores, depois, na “reconstrução”.

Somente neste ano, a Ucrânia precisará de 15 bilhões de dólares (cerca de 75 bilhões de reais) para suprir prioridades imediatas, informa o portal da ONUNews. As prioridades, diz a matéria, são a mobilização do setor privado, a restauração de moradias, infraestrutura, serviços, energia e transporte.

O Rdna3 destacou que 5,5 bilhões de dólares dos 15 bilhões necessários de imediato estão garantidos tanto da parte de parceiros internacionais da Ucrânia quanto de seus próprios recursos. Mas 9,5 bilhões estão sem previsão, uma lacuna, claro, que bancos dos países desenvolvidos da Europa e da América do Norte podem providenciar. Mais lucros!

As necessidades mais estimadas de recuperação e reconstrução do que a guerra destruiu situam-se, segundo Dmytro Zaburunno, da PNUD Ucrânia, nas áreas da habitação, com 17% do total, transportes, 15%, comércio e indústria, 14%, agricultura, 12%, energia, 10%, proteção social e meios de subsistência, 9%, e a gestão dos riscos explosivos, com 7%.

A soma chega a 84%, mas não entraram nos percentuais o custo de remoção e gerenciamento de detritos e demolição, estimados em torno de 11 bilhões de dólares. Não pensemos, pois, que um dia a humanidade viverá sem guerras e conflitos. Interesses econômicos certamente não o permitirão.

Vejam o lucro que as grandes empresas do petróleo – BP, Shell, Chevron, ExxonMobil e TotalEnergie – obtiveram desde o início da guerra na Ucrânia: 281 bilhões de dólares (1,4 trilhão de reais), por conta do aumento do custo petróleo, de acordo com a organização Global Witness.

“Esta análise mostra que, independentemente do que aconteça no front, as grandes empresas de combustíveis fósseis são as principais vencedoras da guerra na Ucrânia”, disse o pesquisador Patrick Galey, da Global Witness. Lucro de acionistas, mas perde a humanidade e o planeta Terra.

Dois anos de combates na Ucrânia levaram 14,6 milhões de pessoas – entre elas quase 3 milhões de crianças – carentes, desesperadas, de assistência humanitária. O nível de pobreza quintuplicou., denunciam 51 organismos internacionais, entre eles a Federação Luterana Mundial, a Caritas Ucrânia, Oxfam e a Cruz Vermelha. Elas apelam à suspensão imediata de todos os ataques a civis e às zonas urbanas densamente povoadas.

Desde o início da guerra, 10,5 mil civis foram mortos na Ucrânia, incluindo 587 crianças, com uma média de 42 civis mortos e feridos por dia. Fugindo das áreas violentas do conflito, cerca de 4 milhões de ucranianos e ucranianas tiveram que se deslocar dentro das fronteiras do país, enquanto 5,9 milhões fugiram para países vizinhos. As mulheres representam 58% dos deslocados internos.


*Professor, teólogo e jornalista.

Imagem em Pixabay.

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