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Governo Bolsonaro comprou, mas não entregou carnes aos indígenas, mostra reportagem

Governo Bolsonaro comprou, mas não entregou carnes aos indígenas, mostra reportagem

Politica por RED
16/05/2023 15:58
Governo Bolsonaro comprou, mas não entregou carnes aos indígenas, mostra reportagem

Contratos do governo federal, feitos entre 2020 e 2022, mostram que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro comprou diversos tipos de carnes com valor superfaturado através da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), mas que nunca entregou para os indígenas. Os alimentos seriam para compor cestas básicas. As informações são do Estado de S. Paulo.

A primeira compra de R$568,5 mil, no primeiro semestre de 2020 e sem licitação, foi de 19 toneladas de bisteca para os indígenas e funcionário da Funai no Vale do Javari, no Amazonas. De acordo com a reportagem, a quantidade é exorbitante para o número de pessoas no local.

Três empresas foram contratadas para a compra: S.B Freire, Irmãos Costa e H.A de Aguiar. A primeira não garantiu a chegada do produto após ser questionada pela reportagem. A segunda confirmou que entregou e que os indígenas possuíam condição de armazenar – entretanto, não havia congeladores no Javari até ano passado, 2022.

A terceira foi contratada ano passado e mantida pelo atual governo, mas não entregou nenhuma carne ainda.

Além da bisteca, o governo gastou R$ 4,4 milhões em sardinha enlatada e linguiça calabresa a serem consumidas pelos Yanomami, mas os alimentos não fazem parte da dieta da etnia.

A empresa responsável pela venda se chama H. S Neves Junior e foi aberta dois meses antes de assinar seu primeiro contrato com o governo. Além disso, é a empresa que mais vendeu sem licitação para a Funai durante a gestão Bolsonaro.

Entre 2020 e 2021, uma outra empresa chamada Loja do Crente Rei da Glória foi contratada para entregar cestas básicas com diversas carnes. O governo charque, presunto enlatado, coxão duro congelado e maminha de alcatra. Porém, as cestas entregues só possuíam arroz, feijão, macarrão, farinha de milho, leite e açúcar.

Em 2022, foi a vez da compra de pescoço de galinha superfaturado. Foram gastos R$ 260 por quilo, valor 24 vezes maior que o preço médio de R$ 10,7 presente em outros contratos do governo. No total, foram gastos R$ 5,2 mil em 20 quilos de carne. Segundo a apuração, a carne de pescoço pode ser encontrada por até R$ 5 o quilo nos supermercados. Os alimentos eram para ter sido entregues aos indígenas da etnia Mura e funcionários da Funai em Manicoré, no Amazonas.

Os produtos foram fornecidos pela empresa de Herivaneo Vieira de Oliveira Junior, de 23 anos, que fica em Humaitá, Amazonas. Ele é filho do ex-prefeito da cidade, Herivaneo Vieira de Oliveira (PL).

Após a veiculação das reportagens, a Funai mandou apurar a compra de cestas básicas e de carnes. Nesta terça-feira, 16, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que a Polícia Federal (PF) vai investigar a compra de carnes nunca entregues.


Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

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