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Opinião

FIFA despreza os Direitos Humanos

FIFA despreza os Direitos Humanos

Artigo por RED
08/12/2022 04:00 • Atualizado em 09/12/2022 00:02
FIFA despreza os Direitos Humanos

De ALEXANDRE CRUZ*

Eu confesso que tenho acompanhado muito pouco os jogos da Copa do Mundo pela televisão, com exceção dos jogos da Seleção Brasileira. O clima de calor abrasante que ocorre em Porto Alegre não é o motivo do desânimo, embora as edições da Copa do Mundo no inverno sejam mais acolhedoras em razão do frio. Mas não é isso que traduz a minha frieza a este grande evento esportivo – é justamente o país escolhido.

Um país no qual as violações dos direitos humanos é evidente. Onde as mulheres não têm direitos e as perseguições aos homossexuais é latente. Dias atrás um brasileiro que portava a bandeira do Estado de Pernambuco foi humilhado. Tiraram a bandeira da sua mão. Pisotearam o símbolo nacional. Inclusive, o pernambucano chamou a polícia. De nada adiantou, pois o cidadão do Qatar conversava em árabe com policial e ambos julgaram que a bandeira onde nasceu, por exemplo, um dos grandes cantores brasileiros Alceu Valença, era o símbolo do LGBT. Mesmo que fosse, rogaria o direito de arrancar a bandeira da mão do brasileiro e fazer o que fez? Evidentemente os leitores e leitoras da RED responderão que não!

Contrariando a imagem do futebol que nos desperta paixões em todo o mundo, a FIFA escolheu o Qatar, uma monarquia absoluta, governada pela família Al Thani. Este país é um dos mais ricos do mundo por ser o terceiro maior produtor de  gás. Fica atrás apenas da Rússia e do Irã. Possui uma renda per capita altíssima: 83 000 dólares, segundo o Fundo Monetário Internacional. Essa enorme riqueza não é dividida entre seus habitantes. A classe operária que vem da Índia, Bangladesh, Indonésia, Nepal, Paquistão, Filipinas e Sri Lanka sofre do cruel sistema de segregação. Aos mesmos trabalhadores vitais para o país, e que construíram as instalações do Mundial, não lhe é permitido organizar sindicatos e tampouco realizar greve. Não precisa sequer ter muita imaginação de como deve ser as condições de trabalho e de moradia.

De acordo com jornal inglês The Guardian, próximo de 6.500 operários morreram desde 2010 no trabalho da construção da infraestrutura do Mundial em razão da falta total de normas de segurança. Direitos Humanos solicitaram a FIFA e a este país do sudoeste asiático uma indenização aos familiares dos trabalhadores mortos nas obras da Copa, mas não considero que isso vá ocorrer.

Os protestos de algumas seleções como da Dinamarca e da Alemanha não geraram simpatia perante os poderosos da Federação Internacional de Futebol, que buscaram proibir. Fica evidente que o futebol é um negócio, mas a ausência das bandeiras éticas compromete o prestígio internacional da democracia.


*Jornalista.

Imagem – reprodução do logo oficial da Copa do Mundo de 2022.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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