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Família afegã é agredida e chamada de ‘terrorista’ e de ‘Hamas’ em São Paulo
Família afegã é agredida e chamada de ‘terrorista’ e de ‘Hamas’ em São Paulo
A Folha de São Paulo divulgou nesta quarta-feira (25) uma situação de aparente ataque islamofóbico inflamado pela guerra entre Israel e o Hamas. O caso foi registrado como injúria no Boletim de Ocorrência.
Na última quarta-feira (18) casal de refugiados afegãos foi agredido e ofendido no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, por um homem que usava um quipá, barba longa e vestimenta característica de judeus ortodoxos e gritou palavras como “Hamas” e “terroristas” durante a abordagem.
No B.O., ele foi descrito como “um homem que parecia judeu ortodoxo, pois vestia roupas tradicionais” e que é conhecido pelos comerciantes locais como uma pessoa “encrenqueira”. Seu nome não foi revelado. Na abordagem, feita inicialmente à mulher afegã, ele teria dito que ela “era do Hamas e estava matando as crianças do povo dele”.
O casal, tratado na matéria com nomes fictícios para preservar suas identidades, aceitou dar entrevista à Folha. O homem contou que chegou ao Brasil em agosto, com o auxílio de uma ex-chefe americana com quem trabalhava em Cabul na época em que o Talibã tomou o poder, em 2021.
Segundo seu relato do dia da agressão, ele estava regressando do trabalho por volta das 17h quando viu a esposa saindo com os dois filhos mais novos para buscar os dois mais velhos na escola. Ela usava uma túnica e um hijab, lenço característico de mulheres muçulmanas, quando foi abordada pelo desconhecido.
Sem entender do que se tratava, Ahmad afirma que chegou perto e pegou no colo as crianças, de dois e três anos de idade, quando sentiu um empurrão.
Ele diz que levou socos e chutes, enquanto o homem gritava frases com os termos “Hamas”, “muçulmanos” e “terroristas” —as três únicas palavras que conseguiu entender, já que ainda está aprendendo português.
Testemunhas presenciaram a cena e tentaram auxiliar o casal.
Segundo o afegão, a família não tinha sofrido, até então, nenhuma hostilidade no Brasil. Ele diz que está assustado e inseguro de deixar a esposa buscar as crianças na escola enquanto ele trabalha. A filha mais velha, de 11 anos, ficou dois dias sem ir à aula por medo de sair de casa.
O refugiado afirmou também que não entende por que foi associado ao grupo palestino que controla a Faixa de Gaza. “Nós nem árabes somos. Nem todo muçulmano é terrorista. Deixamos nosso país para viver em paz, não nos importa e alguém é judeu, muçulmano, cristão. Só quero ter uma vida normal com minha família”, afirmou.
Toque novamente para sair.