Em uma entrevista ao Estado de S. Paulo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendeu a criação de um consórcio de estados do Sul e do Sudeste para se defender de prejuízos econômicos causados pelo Norte e Nordeste em votações no Congresso Nacional. A fala foi entendida como preconceituosa e criticada por parlamentares de esquerda e integrantes do governo.

O chamado Cossud (Consórcio Sul-Sudeste) é presidido pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), conforme afirmou Zema. O grupo se organiza da mesma maneira que o Consórcio Nordeste, que reúne os estados da região e atua em conjunto em pautas de interesse regional.

Uma das reclamações de Zema é que os estados do Sul e do Sudeste também possuem pobreza, mas que recebem menos atenção de programas do governo.

“Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, explicou o governador.

“Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade?… Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta?”, completou.

As declarações foram criticadas. Os deputados federais Guilherme Boulos e Ivan Valente, ambos do PSOL de São Paulo, classificaram como revoltante e inaceitável as falas preconceituosas do governador.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chamou Zema de “traidor da pátria” ao querer barrar o avanço dos interesses dos estados do Norte e Nordeste e fomentar divisões regionais. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o tamanho da população não pode ser o único critério para medir a importância de cada região e que sem a Amazônia não há vida.

Em resposta às declarações de Romeu Zema, o Consórcio Nordeste publicou uma nota rechaçando a visão equivocada sobre a atuação do grupo.

“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”, escreveu.

Somente o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), apoiou o proposta de Zema. Em vídeo enviado ao UOL, Leite afirma que o consórcio não é para colocar estado contra estado ou região contra região, mas para unir em torno de uma pauta comum.

Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG.

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