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Opinião

Exilados

Exilados

Artigo por RED
19/06/2023 05:25 • Atualizado em 20/06/2023 16:14
Exilados

De ADELI SELL*

O Rio Grande do Sul, apesar de seus radiantes dias de sol, muitas vezes se tornou um ambiente inóspito aos seus políticos, que tiveram que buscar o exílio para fugir das trevas.

É sempre oportuno lembrar que nas peleias nas coxilhas, seja na Guerra dos Farrapos, na Guerra Civil de 1893-95, como depois na guerra entre chimangos e maragatos, tanto o Uruguai quanto a Argentina eram as terras para dar não apenas o pouso, mas guarida, aos peleadores, seja de um grupo, seja de outro. Como, às vezes, era necessário passar o Rio Pelotas ou o Rio Uruguai para estar em Santa Catarina, era possível parar para um fôlego e preparar a volta.

O General Neto depois de Porongos foi fazer a vida no Uruguai. Gaspar Silveira Martins morreu no exílio em Montevidéu, peleando de longe contra o autoritarismo castilhista.

O professor e escritor Apolinário Porto Alegre, um dos fundadores do Partenon Literário, teve que buscar “um camarote num pequeno navio que o levou a Desterro, hoje Florianópolis, juntando-se aos federalistas e depois se refugiado em Montevidéu. Retornou a Porto Alegre em 1896”. Também sendo perseguido pelo mesmo Júlio de Castilhos.

Assis Brasil passava períodos em Montevidéu para que seus seguidores pudessem continuar suas lutas contra os chimangos, castilhistas.

Raul Pilla, o defensor do parlamentarismo, teve que fugir para a Argentina e Uruguai, depois da derrota do levante
constitucionalista de 1932.

Mesmo o borgista Firmino Paim no mesmo período teve que se mandar para a capital do Uruguai. Já o caudilho Borges de Medeiros foi se entocar no Estado de Pernambuco.

O General Flores da Cunha, ao romper com Getúlio por causa do golpe do Estado Novo, renuncia, e é perseguido por Daltro Filho, precisando buscar asilo no Uruguai.

Com o golpe de 1964, com uma ditadura sanguinária a perseguir seus opositores, temos que lembrar de bravos gaúchos que se obrigaram a fugir para não morrer. Flávio Koutzii ficou preso na Argentina e Flávia Schilling no Uruguai. Soltos depois de grandes campanhas em sua defesa, das quais me orgulho ter participado.

Outros tantos tiveram que sair: Maria Regina Pilla, Diógenes Oliveira (falecido faz pouco). Como não lembrar do ex-presidente João Goulart, morto no exílio, Leonel Brizola…

A vida de muitos outros gaúchos deve ser lembrada, como não pode ser esquecido o exílio de vários deles. Pela democracia, pela dignidade humana, pelo livre direito de pensar e escrever, faço este pequeno resgate.


*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Imagem em Pixabay.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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