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Eu estou de pé – Sylvia Plath

Eu estou de pé – Sylvia Plath

Cultura por RED
09/07/2023 05:30 • Atualizado em 11/07/2023 08:55
Eu estou de pé – Sylvia Plath

De GABRIEL GUIMARD*

 

 

 

 

EU ESTOU DE PÉ
Sylvia Plath
Tradução de Rafael Zacca

Mas preferia estar deitada.
Não sou uma árvore de raízes fincadas
Sugando minerais e amor maternal
Para que a cada março eu resplandeça em folhas,
Nem sou a flor mais bela dos canteiros
Delicados, atraindo meu quinhão de “Ais”
Antes do iminente despetalar.
Comparadas a mim, uma árvore é imortal
E uma flor, conquanto pequena, é mais espantosa –
Invejo a longevidade de uma e a ousadia da outra.
Hoje, à luz infinitesimal das estrelas,
As árvores e as flores espalharam seus odores na noite fresca.
Caminho entre elas, mas não me notam.
Às vezes imagino que, dormindo,
Sou sua semelhante –
Penso obscura.
É mais natural se estou deitada;
Assim, o céu e eu conversamos sem segredos.
Serei útil quando estiver enfim deitada:
Aí as árvores serão mãos para mim, e, as flores, demora.

(Clique na imagem para melhor visualização)

Na noite mais fria de 1963, a poetisa Sylvia Plath suicidava-se. Tinha 30 anos e em breve renasceria como um dos mitos da poesia do século XX. Plath é considerada um dos principais expoentes da poesia confessional, narrando em seus versos a intimidade e as angústias de uma mulher e traduzindo em literatura a condição da depressão.

Colagem de Gabriel Guimard.


*Palhaço, mímico, professor de palhaçaria, astrólogo e colagista – artista que cria colagens.

O autor possui colagens à venda: Mais informações pelo email – metaversocolagem@gmail.com

As opiniões contidas nos materiais expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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