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Em oposição ao conservadorismo, Brasil elege mais mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+

Em oposição ao conservadorismo, Brasil elege mais mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+

Eleições 2022 por RED
07/10/2022 21:41
Em oposição ao conservadorismo, Brasil elege mais mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+

Os brasileiros deram uma resposta ao conservadorismo, à homofobia, à discriminação e ao preconceito, nas eleições de 2 de outubro de 2022. Por meio do voto, pela primeira vez os eleitores designaram uma mulher transexual e uma travesti para representá-los no Congresso Nacional. Além disso, o país terá um número recorde de mulheres, indígenas e negros, na Câmara dos Deputados, a partir de 2023.

Duda Salabert (PDT), de Minas Gerais, e Erika Hilton (PSOL), de São Paulo, foram eleitas para a Câmara dos Deputados. Nos legislativos estaduais, Sergipe elegeu Linda Brasil (PSOL) e o Rio de Janeiro elegeu Dani Balbi (PCdoB), mulheres trans. Em São Paulo, Carolina Iara (PSOL), travesti vivendo com HIV, foi eleita a primeira codeputada estadual intersexo das Américas, pela Bancada Feminista. Em 2018, foram eleitas três representações estaduais, Robeyoncé Lima (PSOL), de Pernambuco, e Erika Hilton, em candidaturas coletivas, e Erica Malunguinho (PSOL), em São Paulo. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), responsável pelo levantamento em cada eleição, foram registradas 79 candidaturas trans em todo Brasil, sendo 70 (89%) travestis e mulheres trans, cinco (6%) homens trans e quatro (5%) pessoas com identidades não binárias. Os números representam um aumento de 49% em relação a 2018, que teve 53 candidaturas, com 52 mulheres trans e travestis e um homem trans. Pessoas negras (pretas e pardas) totalizaram 66% das candidaturas trans de 2022, 30% se autodeclaravam brancas e 4% indígenas.

O número de mulheres, indígenas e negros (homens e mulheres) que terão mandato a partir de 2023 é recorde. A Câmara terá 91 deputadas federais e 135 parlamentares negros – pardos ou pretos, sendo a maior representação da história, em ambos os casos. Em média, a cada seis parlamentares, uma será mulher e um(a) a cada quatro parlamentares será negro(a). Cinco indígenas foram eleitos para a próximo mandato na Câmara dos Deputados, o que representa o maior número da história do Brasil, que até o momento só teve dois candidatos indígenas eleitos — Mário Juruna, em 1982, e Joênia Wapichana (Rede-RR), em 2018.

Este ano, os indígenas eleitos foram Célia Xakriabá (PSOL-MG), Juliana Cardoso (PT-SP), Paulo Guedes (PT-MG), Silvia Waiãpi (PL-AP) e Sônia Guajajara (PSOL-SP). O deputado Paulo Guedes também já está na Câmara nesta legislatura, mas não havia se registrado como indígena em 2018, e sim como pardo. A única indígena que tem mandato na atual legislatura, Joênia Wapichana, não se reelegeu, tendo 11.221 votos e não atingindo o quociente eleitoral.

Dos cinco indígenas eleitos, somente um é da região Norte, que concentra a maior população indígena do Brasil: Silvia Waiãpi, que é do partido do presidente Jair Bolsonaro (PL) e apoiadora do mandatário no estado. A eleição deste ano teve também um recorde de candidaturas indígenas — a autodeclaração de raça começou em 2014. Naquele ano, 84 candidatos se autodeclararam indígenas. Em 2018, foram 134. Agora, em 2022, 175 candidatos se autodeclararam indígenas. A proporção do número de indígenas comparado com o total de candidatos registrados também foi maior neste ano do que nas últimas duas eleições gerais. Em 2014, os indígenas representavam 0,32% do total. Em 2018, 0,46%. Neste ano, eles foram 0,62% de todos os candidatos registrados.

 

Em Esquina Democrática, por Alexandre Costa.

Matéria publicada originalmente aqui .

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