?>

Notícia

Em nota, empresários justificam trabalho escravo por falta de mão de obra

Em nota, empresários justificam trabalho escravo por falta de mão de obra

Geral por RED
28/02/2023 12:48 • Atualizado em 01/03/2023 08:59
Em nota, empresários justificam trabalho escravo por falta de mão de obra

O Centro da Industria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves – RS emitiu nota se posicionando com relação à situação de trabalho análogo a escravo dos empregados da vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi.

No texto, a entidade categoriza a situação como inaceitável e diz apoiar a fiscalização e punição necessárias.  Por outro lado, afirma que é preciso resguardar a idoneidade do setor vinícola, uma vez que as vinícolas envolvidas alegam desconhecer as práticas com os seus próprios trabalhadores, que estavam expostos à condições insalubres de alojamento, alimentação precária, multas e dívidas compulsórias e punições com arma de choque e spray incapacitante.

Além disso, há uma tentativa de justificativa para o ocorrido, colocando a falta de mão de obra, em função de pessoas que não querem trabalhar, como fator para o surgimento de situações precárias e violentas nas empresas.

Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”, afirma quase ao final do texto.

Mais cedo, publicamos a nota da AJD – Associação Juízes para a Democracia, com o posicionamento de juristas de todo país sobre o caso, problematizando a reforma trabalhista e em especial a terceirização do trabalho no Brasil.

Leia, na íntegra, a nota do Centro da Industria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves – RS:

Nota de posicionamento

Na condição de entidade fomentadora e defensora do desenvolvimento sustentável, ético e responsável dos negócios e empreendimentos econômicos, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves vem acompanhando com atenção o andamento das investigações acerca de denúncias de práticas análogas à escravidão no município. É necessário que as autoridades competentes cumpram seu papel fiscalizador e punitivo para com os responsáveis por tais práticas inaceitáveis.

Da mesma forma, é fundamental resguardar a idoneidade do setor vinícola, importantíssima força econômica de toda microrregião. É de entendimento comum que as vinícolas envolvidas no caso desconheciam as práticas da empresa prestadora do serviço sob investigação e jamais seriam coniventes com tal situação. São, todas elas, sabidamente, empresas com fundamental participação na comunidade e reconhecidas pela preocupação com o bem-estar de seus colaboradores/cooperativados por oferecerem muito boas condições de trabalho, inclusive igualmente estendidas a seus funcionários terceirizados. A elas, o CIC-BG reforça seu apoio e coloca-se à disposição para contribuir com a busca por soluções de melhoria na contratação do trabalho temporário e terceirizado.

Situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade.

É tempo de trabalhar em projetos e iniciativas que permitam suprir de forma adequada a carência de mão de obra, oferecendo às empresas de toda microrregião condições de pleno desenvolvimento dentro de seus já conceituados modelos de trabalho ético, responsável e sustentável.


Foto: Polícia Federal-RS/Divulgação

Toque novamente para sair.