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Eleitor Gaúcho De 2024 Luta Para Não Ter Mais Perdas
Eleitor Gaúcho De 2024 Luta Para Não Ter Mais Perdas
Por NUBIA SILVEIRA*
Esta semana e a próxima serão críticas para os coordenadores de campanha e os produtores dos programas eleitorais gratuitos, veiculados, desde o dia 30 de agosto, nas estações de rádio e televisão. Minha fonte para esta afirmação é a cientista social e política Elis Radmann, diretora do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião. Em entrevista ao Grupo virtual Coonline, que pode ser vista no final deste artigo, ela afirma que, em 15 dias de programa eleitoral, é possível dizer se o(a) candidato(a) conseguiu passar ao eleitor a imagem, que se propunha a criar no imaginário coletivo. O problema aqui é se esta imagem está de acordo com o que o eleitor quer dcxHw&to futuro prefeito.
A conversa de Radmann com o grupo de jornalistas, do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Brasília – a maioria com mais de 50 anos de experiência –, estendeu-se por uma hora e meia. A cientista política não deixou qualquer pergunta sem resposta, e mostrou que domina plenamente as questões eleitorais. Foi assertiva ao ser questionada sobre quem é o eleitor das Eleições 2024:
– O eleitor de hoje tem uma visão mais crítica e desesperançosa. Ele não está trabalhando com conquistas, mas para diminuir as perdas, que tem sofrido. No estado e nos municípios, os serviços públicos estão precarizados. Na saúde, por exemplo, há uma demanda reprimida desde a pandemia. O eleitor nunca reclamou tanto da precarização dos serviços como faz agora. Dá a ideia de que o prefeito não está fazendo o tema de casa.
A conta feita pelo eleitor desta eleição não permite mais perdas. Ele pensa que, se houver uma mudança, ela deve ser feita com segurança. O eleitor não está a fim de aventuras. Mas o que dá segurança para que ele vote num ou noutro candidato? A diretora do IPO ressalta que o eleitor faz uma análise dos candidatos, de acordo com a sua capacidade. O eleitor médio quer saber se o candidato terá um secretariado qualificado (deseja conhecer os nomes antes das eleições e não depois), quais as suas propostas e se terá maioria, na Câmara Municipal, o que lhe dará condições de governabilidade, podendo aprovar seus projetos. “Se achar que o candidato é muito aventureiro, fala muito e faz pouco, vai repensar o seu voto e, talvez, ficar com aquele, que não é muito bom, mas está tocando a vida.” Uma das frases mais ouvidas pelos pesquisadores, principalmente, na região metropolitana é: “Deixa o homem trabalhar. Se está ruim com ele, pior sem ele”. Por causa deste pensamento, em muitas cidades, é grande a tendência de continuidade.
Sobre o perfil de prefeito que o eleitor gaúcho deseja para a sua cidade, Radmann – baseada em pesquisas já feitas em 80 municípios do estado – afirma que ele deve ser o tipo de pessoa cuidadora, que zela pela cidade e seus moradores. Aquele que resolve os problemas básicos do município. “O perfil ideal de político tem a ver com a sua capacidade de gestão. O eleitor quer alguém com pulso firme, com capacidade de mando, mas que tenha, também, sensibilidade social, proteja os bairros e as pessoas. O eleitor não aguenta mais o prefeito que diz que não deu para fazer isto ou aquilo.” Em Porto Alegre, entre os assuntos mais citados, como prioritários, estão a reconstrução e proteção da cidade e a agilização da saúde.
Radmann considera que o papel do Jornalismo profissional e dos jornalistas de opinião nunca foi tão importante quanto nesta eleição, em que o eleitor teme ser pego numa fake news e, pior ainda, numa mentira manipulada pela Inteligência Artificial. Antes dela, o vídeo era a comprovação da verdade. Agora, em que com a IA é possível criar uma irrealidade com a figura e a voz de uma pessoa, que nunca falou ou fez o que está sendo mostrado em imagem e som, assusta muito o eleitor. Ele está inseguro e receoso, precisando de alguém que legitime a informação recebida.
Nas entrevistas, feitas pelos pesquisadores do IPO, há a pergunta sobre se o eleitor confia em algum influenciador político. A referência dos entrevistados é um jornalista da cidade ou de Porto Alegre, que validará (ou não) a mensagem recebida. Devido a este novo cenário, tanto o corpo a corpo com o eleitor quanto a sua rede de relacionamento (família, amigos, colegas, professores, religiosos) voltaram a ter grande importância na conquista do voto.
No caso do eleitor jovem, uma das primeiras coisas que ele faz é buscar no Google se o candidato está ou esteve envolvido em algum caso de corrupção. Ele avalia os rastros deixados pelo candidato, que estão na internet. Depois de conseguirem estas informações, vai em busca da opinião de outros jovens para validar a sua. O voto deste grupo de eleitores – afirma a cientista política – vai depender das propostas do candidato a prefeito para educação, cultura, lazer, esporte, qualificação profissional e oferta de cursos profissionais, com preferência aos associados à transformação digital.
A entrevista de Elis Radmann ao Coonline é valiosa para quem trabalha em e com política e, mais especificamente, para os que, neste momento, estão envolvidos com campanhas eleitorais. As dicas que ela dá podem fazer a diferença para os candidatos a prefeito nas cidades pequenas e grandes.
*Nubia Silveira é jornalista.
Foto da capa: Elis Radmann, diretora do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião – Arquivo RED.
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