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Opinião

Deslegitimando o poder através da afirmação “o Supremo é o povo”

Deslegitimando o poder através da afirmação “o Supremo é o povo”

Artigo por RED
24/04/2024 05:30 • Atualizado em 26/04/2024 22:38
Deslegitimando o poder através da afirmação “o Supremo é o povo”

De ALEXANDRE CRUZ*

Nos últimos anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil tem sido alvo de intensos debates e ataques políticos, com algumas figuras públicas indo tão longe a ponto de afirmar que o Supremo é “o povo”. Esta afirmação, recentemente proferida pelo líder religioso Silas Malafaia, é emblemática de uma narrativa que visa deslegitimar o papel do STF como guardião da Constituição brasileira e como parte integrante do sistema democrático do país.

A declaração de Malafaia, embora possa parecer uma simplificação ingênua, reflete uma estratégia política mais ampla adotada por certos setores da sociedade brasileira. Essa estratégia busca minar a autoridade e a independência do Supremo Tribunal Federal, principalmente quando suas decisões entram em conflito com interesses políticos específicos. Através da retórica de que “o Supremo é o povo”, tenta-se subverter a ideia de que o tribunal deve ser imparcial e proteger os direitos fundamentais de todos os cidadãos, independentemente de sua filiação política ou status social.

Além disso, vimos recentemente um aumento significativo nos ataques diretos a membros do STF, como o ministro Alexandre de Moraes, que tem sido alvo de uma campanha coordenada por figuras proeminentes da extrema direita brasileira, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados políticos. Esta campanha não se limita ao âmbito interno do Brasil, mas também se estende internacionalmente, com figuras como Elon Musk e deputados republicanos alinhados com a ideologia de Donald Trump expressando apoio aos ataques contra o Supremo Tribunal.

Esses ataques representam uma ameaça grave à democracia brasileira e à independência do judiciário. Ao tentar minar a credibilidade do STF e intimidar seus membros, esses atores políticos buscam consolidar seu poder e impor sua agenda política sem o devido escrutínio judicial. Isso coloca em risco não apenas o Estado de Direito, mas também os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos brasileiros.
É fundamental que a sociedade brasileira rejeite essa narrativa perigosa e defenda firmemente a independência do Supremo e a integridade de seu papel como guardião da Constituição. O judiciário deve permanecer imune a pressões políticas e garantir que todos sejam tratados igualmente perante a lei. Somente assim podemos proteger e fortalecer nossa democracia contra os ataques daqueles que buscam minar suas bases fundamentais em nome de interesses partidários ou ideológicos.


*Jornalista político.

Imagem em Pixabay.

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