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Opinião

Desertor desertificante

Desertor desertificante

Politica por RED
10/01/2023 19:20
Desertor desertificante

DE HEVERTON LACERDA*

Quando um soldado foge de suas responsabilidades com a tropa, é considerado um desertor. Quem conhece um pouco que seja sobre a liturgia militar, sabe disso. Esta situação é agravada quando se trata do comandante em chefe de todas as forças armadas de um país. Fica mais grave ainda, e totalmente vexaminoso, quando o covarde desertor é um presidente eleito de uma nação democrática em pleno gozo de sua liberdade e detentor de plenos poderes a ele atribuídos pela Constituição Federal, autoridades e órgãos nacionais competentes. A propósito, a covardia costuma ser uma característica comum a seres sorrateiros que falam grosso quando estão com seus bandos, mas miam fino diante de qualquer sinal que considerem perigoso.
Não causa surpresa o ex-presidente chefe de milícias do Brasil ter desertado antes de concluir suas obrigações institucionais, afinal, ele é o líder político que incita, quotidianamente, milhares de extremistas de direita que se revelaram vândalos e terroristas no dia 8 de janeiro deste ano. Manchando as cores da bandeira do Brasil e da tradicional camiseta da seleção brasileira, reconhecida e respeitada internacionalmente por suas virtudes, homens e mulheres de interesses duvidosos, civis e militares, se prestaram ao maior atentado antidemocrático que o Brasil já presenciou desde a última redemocratização do país. São terroristas malformados que tentam se disfarçar com símbolos legítimos do Brasil. Causam balburdias e estragos sem ao menos defenderem uma causa social, seja melhores salários, diminuição da desigualdade social econômica ou o fim da fome, como ressaltou o atual presidente, Lula, em reunião de urgência com os governadores dos estados brasileiros no dia 9. O que querem esses meliantes, se não a arruaça e a destruição? O que buscam, pontualmente, que fazem questão de não contar em público? Independente das respostas, devem ser identificados, julgados e punidos, pois estamos diante de terroristas atentando contra o Brasil. São inimigos do país, e como tal devem ser tratados, até que deixem de ser. As inteligências de todas as forças militares e civis devem ficar atentas, pois o inimigo está infiltrado em nosso território e camuflado com nossas insígnias oficiais.
Existem coerências entre a deserção do capitão covarde e sua biografia pública de um ex-militar punido que assumiu a chefia do governo brasileiro se aproveitando de um momento de fragilidade da nossa insipiente democracia, principalmente nos quatro anos de seu desgoverno no posto de máximo comando do país. Uma dessas ligações nefastas foi o projeto – por sorte não concluído – de destruir o que resta dos biomas brasileiros, queimando, desmatando e permitindo a ampliação do envenenamento do ambiente natural em rumo certo a uma desertificação sem volta, principalmente da Amazônia, como apontado pela Ciência, que, ressalte-se, o fujão despreza. As consequências da destruição de nossos biomas certamente seriam sentidas pela população brasileira, inicialmente, que já enfrenta grandes dificuldades para obter alimentos, tanto envenenados e transgênicos, quanto orgânicos, principalmente. Infelizmente, além do mico internacional pelo negacionismo climático e perversão mental com sintomas claros de sociopatia, o ex-presidente desertor conseguiu fazer germinar sementes de ódio nos corações e mentes desertificadas de um sem número de seguidores que ainda acreditam em mitos e falsos messias.

Não por sorte, a parte consciente do povo brasileiro, que é maioria, deu um basta nas urnas ao rechaçar, em nível nacional, a continuidade da destruição do Brasil. No entanto, diante da herança maldita deixada pelo ex-presidente desertor e sua claque, é preciso construir um novo caminho com a participação ativa da cidadania democrática. Neste processo de renovação e esperança, são indispensáveis a vigilância atenta e a atuação responsável de pessoas e instituições de todos os seguimentos e multiplicidade democrática que querem o bem do Brasil e dos brasileiros de todas as cores, credos, regiões, biomas, times, partidos, gêneros, profissões…
O Brasil está mudando, retomando o rumo da evolução – ecológica e socialmente sustentável, espero –, mas, como diz o trecho da letra de Divino Maravilhoso, de Caetano e Gil, “é preciso estar atento e forte”, pois o desertor deixou rastros e não esconde o desejo de continuar desertificando.

 


*Heverton Lacerda é jornalista

 

Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real

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