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Opinião

Dá tua mão e Lula lá!

Dá tua mão e Lula lá!

Artigo por RED
07/10/2022 10:37 • Atualizado em 07/10/2022 15:37
Dá tua mão e Lula lá!

De HUMBERTO MAIZTEGUI GONÇALVES*

A luta por democracia, igualdade, justiça e paz nunca foi fácil, pois é a ação contra um sistema que se estrutura sobre a dominação econômica, a repressão política, apartheid social e a imposição cultural e religiosa colonialista. Desde 2016, com o golpe contra a Presidenta Dilma, a abusiva prisão de Lula, e a partir de 2018, com a eleição carregada de irregularidades do atual governo e suas políticas genocidas (não apenas em relação à COVID, mas contra os povos originários e grupos minoritários), sofremos uma avalanche de retrocesso político – em relação aos direitos já conquistados na Constituição de 1988 – enquanto vimos aumentar a violência e a morte numa política do medo e do ódio.

Por isso o processo eleitoral deste ano, com a anulação dos processos contra Lula, a articulação dos povos indígenas (na luta contra o Marco Temporal) e negra (contra todas as formas de racismo), da comunidade LGBTQIA+, de movimentos sociais e sindicais do campo e da cidade, reacendeu nossa capacidade de esperançar! Será que o revés sofrido ao verificar que a onda fascista está mias forte do que imaginávamos, terá a capacidade de apagar nossa chama da esperança?

Maria Helena Walsh, canta-autora argentina, passou por muitos destes revesses e plasmou seu aprendizado em diversas letras, sendo uma referência da resistência e resiliência política e cultural. A letra da música, tão cantada durante a pandemia, “La Cigarra”, afirma “graças dou pela desgraça e pela mão com o punhal, porque me matou tão mal que segui cantando”. Outra, menos conhecida, “Canción de los caminantes”, diz:

Porque a vida é pouca, a morte muita.
Porque não há guerra, mas segue a luta.
Sempre nos separaram os que dominam
Mas sabemos que hoje isso termina.
Dá tua mão e vamos já.

O que nos diz Maria Helena Walsh é que, embora luta seja árdua, embora estejamos sempre nos expondo à frustração, à morte, ao cansaço diante do poder da dominação, se mantivermos e aumentarmos nossa capacidade de estarmos unides, de mãos dadas, esse poder que reprime nossa capacidade de lutar, que insiste em apagar nossa força de esperançar, “hoje termina”.

De fato, o aumento das bancadas de esquerda em nível federal, a eleição de algumas pessoas bem representativas das lutas das pessoas e povos que mais sofreram a exclusão histórica, mostra que toda essa luta não foi, não é, nunca será em vão. No entanto, a história e dura realidade de povos colonizados, escravizados e submetidos, exige mais unidade, mais resistência e mais diálogo comprometido e solidário. Até quando? Até concluir a próxima etapa, até completar a próxima tarefa, até mostrar mais uma vez a capacidade resistir e vencer a lógica da dominação. Lula, experimentado nessa luta, nos insta a seguirmos rumo à vitória no segundo turno e derrotar o governo que provocou tanto sofrimento e morte. Ali estão postas as tarefas necessárias para ir até onde a história nos permita para enfrentar o fascismo e a violência. Estamos aprendendo a cada passo, e quanto mais tenhamos aprendido a nos dar as mãos, a seguir juntes, menos poder terão esses que querem impedir a igualdade, a justiça, o amor e a vida.

Nosso olhar deve estar no que já se avançou, nas vitórias pequenas e grandes que nos tornam mais fortes. Nos exemplos de vida que nos tornam mais resistentes. Na superação de barreiras e divisões entre as lideranças populares que nos aproximam. Temos o desafio de ser luzes de um amanhecer entre nuvens. As nuvens passam, mas o sol sempre estará nascendo no horizonte da justiça, da paz e da amorosidade.

O momento é garantir a vitória de Lula e de todas as pessoas que querem o fim desta desgraça política que arrasa nossa terra. Haverá muito mais depois disso. A escolha possível na história não é até onde chegaremos, mas com quem e como iremos marchar para fermentar seus rumos e construir espaços de transformação e participação para todes.

Dá tua mão e Lula lá!


*Doutor em Teologia, Bispo Diocesano da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.

Foto em Pixabay.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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