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Cultura fechada

Cultura fechada

Artigo por RED
12/09/2022 23:48 • Atualizado em 14/09/2022 21:52
Cultura fechada

De ADELI SELL*

De um lado, bloqueio às manifestações culturais livres. O tacão bolsominion/fascistóide não aprova projetos, não incentiva o livre pensar, não quer bibliotecas. Se pudesse queimaria livros. Mas esta sua política fecha casas, acaba com projetos, ou seja, detona com a produção cultural.

FECHA O STUDIO CLIO NA CAPITAL

“Milagre que sobrevivia desde 2005 na Cidade Baixa, StudioClio encerrou suas atividades” foi o título de um pungente artigo do Professor e escritor Luís Augusto Fischer, na mídia local.

É lamentável, desolador: repito o meu, o sentimento do professor e de tantos outros.

Meu abraço ao Francisco “Chico” Marshall, professor de História Antiga na UFRGS, o orquestrador deste espaço. Ali aconteceu de tudo um pouco. Fascinantes debates num espaço para umas 100 pessoas.

Como li num livro do Professor Doberstein, Porto Alegre na entrada do século XX teria muita gente com dinheiro e poucos capitalistas. Se tivesse então seria mais grandiosa, e hoje alguns deles teriam estendido a mão e aberto o cofre e feito algo pelo Studio Clio. Mas por aqui, desde os anos 70 reina a exploração imobiliária, o mau gosto arquitetônico, com honrosas exceções, a busca do ganho fácil a qualquer custo.

O custo da mediocridade é fechar. É encerrar. Os verbos mais conjugados por aqui. Claro, com o verbo “proibir”, por isso, busquei o Caetano, estou ouvindo “É proibido proibir”.

CONTRADIÇÃO

Enquanto a capital perde um espaço, na Região Carbonífera, com uma Administração de esquerda, o prefeito petista Daniel Almeida inaugura uma Casa de Cultura, com espaço para cinema, anfiteatro e cafeteria. Reunirá atividades pra seus 21 mil habitantes O local é uma casa antiga de 1943, 20 anos mais antiga do que sua emancipação como Município.

Na casa de cultura, uma sala reproduz uma mina de carvão: há um trilho de ferro, madeiras de sustentação da estrutura e as ferramentas utilizadas no trabalho. Outras salas também podem ser visitadas: o Ateliê Criativo, a sala de música, o Museu Municipal Sérgio Malta e a Biblioteca Municipal Sulamita Bratkowski.

O que vale é a força de vontade, a visão política, para abrir espaços de cultura.

Também na Região Carbonífera, uma das mais pobres do Estado, surge um Projeto que coordeno sobre a Contribuição dos alemães na “indústria do carvão”.

FEIRA DO LIVRO EM PORTO ALEGRE

No momento que fecha o Studio Clio na capital é preciso puxar pela memória, para lembrar que o ex-prefeito Marchezan, ao invés de aportar recursos como fizeram outros prefeitos para a Feira do Livro quis cobrar pelo uso da Praça da Alfândega.

No ano passado, a Câmara Municipal aportou minguados recursos depois de uma intensa mobilização. Apenas um vereador fez emenda impositiva para recursos à maior feira em espaço aberto do país.

Como será neste ano? Nenhum sinal concreto nem do Executivo nem do Legislativo local. Este espaço está aqui para contestações e para as autoridades se manifestarem.

BIENAL DO MERCOSUL

Notícias daqui, dali, acolá mostram um estranho clima para a 13ª Bienal do Mercosul.

Lemos que entre os funcionários da Bienal do Mercosul o clima é de perplexidade com a desorganização da mostra. Eles observam algumas mudanças no perfil da fundação, que hoje tem equipes mais enxutas e menos recursos para a montagem.

Mas a Fundação nega problemas orçamentários ou logísticos na mostra de artes que abrirá no dia 15 de setembro.

A Folha de São Paulo abre uma longa matéria dizendo que “Artistas abandonam em peso a Bienal do Mercosul e se voltam contra a organização”.

Aqui, a mídia se cala porque a presidente da Fundação é uma das maiores anunciantes da mídia gaudéria. Como já dissemos acima: tem gente com dinheiro, mas poucos capitalistas.

Inclusive se fala que 14 artistas teriam sido desconvidados. Como se diz também que foram arreceados apenas 50% dos recursos necessários.

Em algumas gestões da Bienal nota-se que há mais preocupações em aparecer do que mostrar a verdadeira arte que se produz em nosso Mercosul. Sem falar, por outro lado, de uma duvidosa qualidade de certas obras.

BIENAL PARA POUCOS

Sempre tive a impressão de certo “fechamento” do caráter da Bienal, mesmo nos seus melhores momentos. Parecia contrastar com Porto Verão Alegre, com Porto Alegre em Cena, com a Feira do Livro etc.

Nesta Bienal parece que não há preocupações maiores com o público, pois até agora não lemos, nem vimos nada em sentido de massificar o evento.

ESQUECIDOS 250 ANOS DE PORTO ALEGRE

Em alguns meses de uma Secretaria Especial com quatro pessoas houve uma tentativa de mostrar nossos 250 anjos.

Agora, esta já não existe mais.

O segundo piso do Mercado Pulico foi entregue ao povo nove anos e um mês após seu incêndio e nenhuma palavra, nenhuma faixa sobre nossos 250 anos.

Nada li, nada vi no curso da preparação da Bienal sobre nossos 250 anos. Como a música do Belchior: “E o sinal está fechado prá nós”.

FECHAM DE UM LADO, CAVAMOS DE OUTRO…

Aqui nesta coluna que assumo comprometido com a REDE ESTAÇÃO DEMOCRACIA – RED – não tem espaço para mimimi, compadrio, nem crítica pela critica.

Aqui, haverá proposições.

Se fecham de um lado, gritamos que temos que abrir e buscamos uma luz no final do túnel com arte e mobilização.

ABRINDO CAMINHOS PARA A CULTURA

Repetindo, se de um lado fecham e fecham, temos que agir para abrir caminhos para a cultura.

Livrarias e cafés, em Porto Alegre, estão sendo espaços de lançamentos de livros e eventos com debates: Amelie, Chalé da Praça XV, Cirkula, Bamboletas etc.

Com a retomada do segundo piso do Mercado Público vamos propor que volte a ser um palco de eventos culturais, como fizemos nos tempos da velha SMIC, responsável pelo local.

Que se abram os cafés do Capitólio e do Centro Municipal de Cultura.

Que a Editora da Cidade volte com vigor.

Que se façam mais eventos como os que são feitos na Praça Brigadeiro Sampaio e as Férias do Livro do Chalé da Praça XV.

*Professor, escritor e bacharel em Direito.

Foto em Pixabay

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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