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Opinião

Criticar a mídia tradicional é enfrentar o Quarto Poder

Criticar a mídia tradicional é enfrentar o Quarto Poder

Artigo por RED
08/06/2023 05:25 • Atualizado em 09/06/2023 10:28
Criticar a mídia tradicional é enfrentar o Quarto Poder

De ALEXANDRE CRUZ*

As relações abusivas geralmente têm ingredientes de manipulação, promessas e destruição do psicológico. Escutando atentamente a entrevista bombástica do empresário e ex-deputado Tony Garcia, ele sofreu isso e muito mais diante do então juiz Sérgio Moro. Garcia nos relata não somente a prisão física, mas psicológica da angústia em receber a liberdade prometida pelo Moro, mas nunca cumprida. O “herói” juiz definido pela mídia usava sem piedade sua fragilidade para submetê-lo com o objetivo de destruir o PT.

A entrevista reveladora a princípio deveria ter um desdobramento contundente na grande mídia. De momento, o que ocorre é uma timidez, o que é muito explicável. E é disso que pretendo abordar neste meu artigo: sobre os atores midiáticos. A batalha cultural. Afinal, o mais importante para o campo da direita não são os partidos políticos. Não se pode  perder de vista que a direita está instalada numa parte do judiciário, numa parte da polícia, numa parte do exército, numa parte muito importante do poder econômico e no poder da grande mídia.

Os partidos políticos para que servem? Para se apresentarem seus projetos nas eleições e governar. E as vezes confundimos que os atores ideológicos mais importantes são as agremiações políticas. Os partidos  são uma parte. O poder vem justamente de uma sociedade midiatizada como a nossa que a influência não consta nas lideranças partidárias e sim nos meios de comunicação que tem competência para fazer aparecer ou desaparecer qualquer agente político.

A esquerda tem que assumir instrumentos culturais para disputar a batalha cultural. A chave na política é enfocar o tema. Sermos claros com as pautas que nos são caras. Por exemplo, a agenda é a segurança pública. Para a direita, coibir, diminuir a desigualdade está relacionada com a opressão, ordem e moralidade. Para o campo da esquerda, o importante é a abordagem da desigualdade social que envolve uma série de fatores para combater a criminalidade, dentre eles, para diminuir a diferença de classe, a transferência de renda.  Endossar o discurso da direita não atrai eleitores. Muito pelo contrário.

O campo conservador é muito unido. E a esquerda não apresenta esta unidade. Os progressistas lembram muitas vezes o filme A vida de Brian (em inglês: Monty Pithon). Claro que a direita clássica tem suas brigas, no entanto, eles são conscientes do que está em jogo e são mais gramscianos que nós do campo da esquerda democrática. Os conservadores têm essa clareza. Eles estão conectados com os grandes grupos econômicos e protegem os seus pares. E os progressistas têm  uma grande facilidade em se envolverem com disputas internas, com direito a fogo amigo em vez de construírem dispositivos midiáticos. Isso é importante para fazer política.

Por fim, quero chegar a um ponto que virou praticamente um tabu: criticar os meios de comunicação. Ocorre que apontar falhas na mídia se transformou em cercear a liberdade de expressão. E  não! O que reduz a liberdade de comunicação é um grupo de milionários que controlam os jornais, rádios e televisão. O que elimina o pluralismo de opinião são os monopólios dos meios de comunicação que detém o controle das informações. É preciso naturalizar  o debate sobre os atores midiáticos ideologizados da direita que controlam cérebros e corações de uma sociedade.


*Jornalista.

Imagem em Pixabay.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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