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Como Bolsonaro gastou os recursos da saúde indígena?

Como Bolsonaro gastou os recursos da saúde indígena?

Geral por RED
24/01/2023 12:45 • Atualizado em 25/01/2023 15:59
Como Bolsonaro gastou os recursos da saúde indígena?

Matéria de O Globo indica que os recursos foram mal empregados, beneficiando organizações pouco eficientes e até mesmo garimpeiros.

Cenas de Yanomamis morrendo de fome, sede, pneumonia e malária tomaram conta do noticiário nos últimos dias e chocaram o mundo. O Ministério Público Federal (MPF) já recebeu denúncias contra o governo passado por prática de crimes como prevaricação, genocídio e violações ambientais em Roraima, que vão demandar uma ampla investigação.

Mas uma checagem de dados no Portal da Transparência, realizada pelo jornalista Alvaro Gribel, já aponta irregularidades no uso de recursos que seriam destinados para a saúde dos indígenas.  A matéria investigou que, de 2019 a 2022, quase todo o dinheiro da área foi gasto, porém, “os recursos foram mal empregados, beneficiando organizações pouco eficientes e até mesmo garimpeiros donos de empresas de transporte aéreo na região”.

Segundo os dados levantados,  o Programa de Proteção e Recuperação da Saúde Indígena teve um orçamento de R$ 6,13 bilhões, com R$ 5,44 bilhões, de fato, gastos na gestão de Bolsonaro. Isso seria um percentual de execução elevado, de 88%, que “levam à falsa impressão de que o governo fez a sua parte”.  No entanto, a análise da destinação dos recursos traz informações gritantes:

“A entidade que mais recebeu recursos foi uma ONG evangélica chamada Missão Caiuá, que diz “estar a serviço do índio para a glória de Deus”. Nesses quatro anos, foram R$ 872 milhões enviados a essa organização sediada no Mato Grosso do Sul. Quase o dobro da segunda entidade que mais recebeu recursos, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueiredo, com R$ 462 milhões”, analisa Gribel.

Outro ponto que chega a ser perturbador é o fato dos recursos para os indígenas estarem beneficiando os garimpeiros que exploram as áreas e levam doenças e fome para as comunidades:

“…os próprios garimpeiros se tornaram donos das empresas de transporte aéreo e começaram a impedir que profissionais de saúde, antropólogos, sociólogos e agentes públicos frequentassem a região”, pontua o presidente da Urihi Associação Yanomami, Júnior Hekurari Yanomami, sobre empresas de transporte aéreo que levam médicos e funcionários à região, para a reportagem dO Globo.

Intimidações e perseguições por parte de garimpeiros aos profissionais que tentavam trabalhar na região ou a quem denunciasse os casos também foram relatadas na matéria, além do fechamento de seis unidades básicas de saúde por medo e por falta de gestão.


Imagem: Divulgação/Conselhos Distritais de Saúde Indígena (CONDISI).

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