Opinião
Comer junto um saco de sal
Comer junto um saco de sal
De CLÁUDIO DI MAURO*
Aprendi com minha família que para conhecermos alguém precisamos juntos comer um saco de sal. Ou seja, trata-se de passar muito tempo em conjunto, vivendo situações e buscando soluções para impasses.
Há também quem diz que devemos dar poder de decisão para alguém para termos o resultado de como será seu procedimento. Aí sim as pessoas, com poder, se revelam verdadeiramente.
São muitos os casamentos nutridos com muito amor e que em momento específico aparecem as fraquezas do casal ou um de seus componentes. Quantos então se sentem traídos e com isso, vem a necessidade de rompimento. Isso acontece muitas vezes depois de muito sofrimento.
Se isso acontece nos relacionamentos que se fundam em carinhos e amor, imagine-se nas situações comuns da vida. Especialmente em situações que demandam decisões com controle financeiro e estruturas de poder. Imagine-se as dificuldades de quem deve formar sua equipe de governo composta por centenas de pessoas, muitas das quais componentes de diversos partidos políticos. Vivemos esses problemas e dificuldades práticas em nossas administrações municipais. Vimos, por exemplo, como Lula e Dilma foram traídos por Michel Temer e seus canalhas seguidores. Quantos, no governo federal e em nossas cidades ficaram do lado dos acusadores de Lula e de Dilma.
Agora não seria e não será diferente.
Recentemente, políticos vinculados ao neofascismo já argumentaram que possuem diversos infiltrados nas fileiras do governo que está estabelecido. E há mesmo.
Agora mesmo, um “general” comandante da Segurança Institucional do Palácio do Planalto teve imagens flagradas de sua condescendência e até mesmo participação junto aos setores que invadiram a sede do Executivo e promoveram badernas e destruições. Trata-se de um militar que tinha a responsabilidade de comandar e garantir a segurança da sede do Executivo onde despacha o Presidente da República.
Certamente esse não será o único infiltrado, neofascista que atua no interior do governo.
O aparecimento do caso desse “general” G. Dias, comandante do Gabinete de Segurança Institucional- GSI, deve servir definitivamente de alerta para demonstrar que todas as pessoas que estão dentro do governo, devem ser investigadas e cabe ao governo se livrar dos possíveis traidores.
Já existem diversos integrantes da equipe de governo que foram denunciados como bolsonaristas, neofascistas e que não devem continuar merecendo afagos com cargos de confiança. Cargos de confiança, como, se não merecem confiança?
Qual seria a dificuldade do governo Lula para se livrar esses entulhos humanos? Os setores que apoiam o governo devem mostrar indignação e exigir as providências de limpeza técnica e política. Há muita gente digna, boa para ocupar as funções, pessoas que estão negligenciadas, enquanto o governo fica em mãos de possíveis traidores.
Quem aplaudiu Bolsonaro ao dizer em palanque, no Acre que deveria metralhar petistas e os que ele chamava de comunistas¿ Como é possível que o governo conviva com essa claque bolsonarista e criminosa? São sim terroristas!
Estes motivos devem estimular a realização da CPMI que tratará dos fatos acontecidos em 08 de janeiro com os ataques ao Palácio do Planalto, ao prédio do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Que sejam identificadas todas as pessoas que fizeram “corpo mole” ou foram coniventes com terroristas e golpistas praticantes. Seja quem for, deve ser extirpado do governo. Sim, o fulcro era composto por terroristas bolsonaristas, mas não resta dúvidas que houve setores infiltrados e relaxados que ajudaram a acontecer o que vimos.
Todos e todas devem ser identificados e devidamente punidos.
Essa faxina deveria ter sido feita no começo do governo, perdeu-se tempos, mas ainda é momento. Não dá para esperar mais. É preciso radicalizar nesses procedimentos para conseguir um governo que atue conforme as propostas feitas pela equipe de Lula durante a campanha. É preciso manter essa identidade com a população para garantir o sucesso do governo.
Que sejam colocados para fora do governo e devidamente punidos, aqueles que são inimigos por dentro das equipes de governantes.
Não se pode dar guarida para traidores e potenciais traidores. Ou não se quer que o governo cumpra seus compromissos de campanha?
Agora é a hora que não pode ser perdida.
*Geógrafo e ambientalista, docente em Planejamento e Gestão Urbana, e também em Territorial e de Bacias Hidrográficas.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
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