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Com 28 crimes sob investigação, Bolsonaro adota silêncio para evitar prisão em flagrante

Com 28 crimes sob investigação, Bolsonaro adota silêncio para evitar prisão em flagrante

Eleições 2022 por RED
29/11/2022 04:30 • Atualizado em 28/11/2022 21:44
Com 28 crimes sob investigação, Bolsonaro adota silêncio para evitar prisão em flagrante

Incitação às manifestações contra as eleições pode ser entendida como Golpe de Estado e causar prisão em flagrante.

Depois de 24 dias de reclusão, Jair Bolsonaro (PL) voltou às atividades do Planalto após a tentativa frustrada de reeleição. Em sua agenda de aparição pública, em uma formatura da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (26), o silêncio do presidente chamou a atenção.

No entanto, permanecer de boca fechada não é sinal de tristeza pela derrota nas urnas, e sim uma precaução. Caso estimule medidas golpistas agora, como o incentivo aos bloqueios de manifestantes ou o questionamento da validade dos votos, Bolsonaro cometerá um crime em flagrante por Golpe de Estado, caracterizado pela demonstração efetiva de incitação ou participação de ações violentas.

Até o momento, Bolsonaro responde por 28 crimes, entre eles por fake news, interferência na Polícia Federal, vazamento de dados que tramitavam sob segredo de Justiça, falsa vinculação entre covid e Aids, CPI da Covid, além de 13 ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e um de improbidade administrativa referente ao caso ‘Wal do açaí’, na Justiça Federal.

Prisão iminente

Os inquéritos de maior risco para Bolsonaro, que perderá o foro privilegiado a partir de janeiro, são os que estão no Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente o das fake news, que ficará ainda maior pois receberá a identificação dos caminhões e veículos que participaram das manifestações desde a vitória de Lula (PT), no último dia 30.

Segundo o professor de Direito Constitucional e Eleitoral da Universidade Presbiteriana Mackenzie Flávio de Leão Bastos, em entrevista para a IstoÉ, o julgamento dos processos de fake news, milícias digitais, interferência na Polícia Federal e os demais que estão no STF será mais rápido, por não haver possibilidade de recursos em outras instâncias.

“Nesses casos, o que fixa a autoridade do STF para supervisionar as investigações não é a condição do investigado, mas a vítima. Como os processos tratam de ataques institucionais a Cortes Superiores, o inquérito fica com o Supremo”, explicou Davi Tangerino, professor de Direito Penal da UERJ, também à IstoÉ.

Alguns ministros tentaram tranquilizar Bolsonaro, alegando não haver grande risco de prisão, a menos que ele cometa novos crimes até o fim do mandato. Contudo, esta decisão cabe ao ministro Alexandre de Morais, relator de alguns dos inquéritos que envolvem o atual presidente, e que não estaria disposto a fazer acordos para minimizar a condição do chefe do Executivo.


Matéria publicada originalmente em GGN.

Foto de Jair Bolsonaro em conferência no Palácio do Planalto em 2021 – Marcos Corrêa/PR.

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