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Opinião

Chegou a hora

Chegou a hora

Artigo por RED
01/10/2022 06:00 • Atualizado em 01/10/2022 21:07
Chegou a hora

De NUBIA SILVEIRA*

Hoje, 1º. de outubro é hora de parar, pensar, raciocinar, sentir, olhar para o futuro. Chegou a hora de fecharmos ouvidos e olhos para fake news, deep fakes, grandes mentiras, acusações, críticas, ameaças, gritos ferozes, imagens distorcidas, falas mansas repletas de inverdades. Chegou a hora de esquecermos o medo, criarmos coragem e, sozinhos, ouvindo apenas o que nos dizem os nossos sentidos, a nossa razão e o nosso coração, decidirmos que chances temos de viver num país em que possamos realizar, pelo menos, parte dos nossos sonhos.

Chegou a hora de, sem interferência de amigos, vizinhos, colegas, parentes, professores, sacerdotes, pastores, ativistas políticos ou qualquer outra pessoa, escolhermos em quem votar, que número teclar na urna eletrônica. Chegou a hora de nos conscientizarmos que o nosso voto vale tanto quanto o de qualquer outra pessoa. Não interessa se ele é partidário, útil, utilitário, egoísta, ressentido, raivoso, desesperançado, cheio de esperanças. Ele é simplesmente o nosso voto, o instrumento que temos para influir, ou mesmo decidir, como será o Brasil de amanhã.

Chegou a hora de olharmos para o passado. Uma simples espiadela nos ajuda a ver onde erramos e acertamos. O que cada Executivo Federal nos ofereceu nestes 133 anos de República presidencialista. De 1930 a 1945 e de 1964 a 1985 vivemos sob ditaduras – uma civil, outra militar. Muitos de nós sofremos com a repressão, a censura e ataques aos adversários. Não tivemos o direito de escolher quem presidiria o Brasil. Os presidentes nos
foram impostos. Quem quer viver isto de novo?

Nos períodos democráticos, as disputas foram agitadas. Nos comícios reuniram-se multidões acenando com lenços, bandeiras e até vassouras, como fizeram os eleitores de Jânio Quadros, em 1960. As campanhas costumavam recorrer a canções elogiosas aos candidatos. Muitas ficaram na memória do povo. Inclusive dos adversários.

Chegou a hora de levantarmos da cadeira, livrarmo-nos da preguiça, do comodismo, das dúvidas, do medo e de prepararmos a roupa que usaremos amanhã para ir até a nossa seção eleitoral e votar. O voto é livre. É secreto. É nosso. Os que temos mais de 70 anos e não somos obrigados a votar devemos lembrar que toda a escolha traz consequências. Por que, então, nos abstermos de escolher? Por que deixarmos as decisões que afetarão a nossa vida para os outros? Por que passarmos um cheque em branco para quem não conhecemos?

Este é um momento crucial da nossa História. A eleição 2022 decidirá se continuaremos sendo uma nação armada, com ataques ao meio ambiente, sem educação de qualidade, com o SUS em risco de ser privatizado, a ciência sofrendo com o negacionismo. Uma nação envergonhada e com medo.

Agora, falando na primeira pessoa do singular: eu não quero mais este Brasil, que desconheço, me deixa triste, sem esperanças. Um país com 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer, 10,1 milhões de desempregados, 2 milhões de adolescentes (dos 11 aos 19 anos) fora da escola, 33 milhões de brasileiros sem moradia, segundo relatório do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, 90 mil famílias de pequenos agricultores sem terra para trabalhar.

Chegou a hora de mudar este cenário. Não espero por um messias, um mito, um criador de mentiras, sem empatia e sem escrúpulos. Meu voto vai para alguém que seja humano, comum, conheça as misérias do povo, tenha empatia com mulheres, negros, LGBTQI+, pobres, doentes. Alguém que, mesmo sem sucesso total, se dedique a mudar a realidade que vivemos atualmente. Não consigo imaginar mais quatro anos sob o tacão do ódio e das negociatas. Sonho com Legislativos Federal e Estadual que votem em defesa da Constituição, do Estado Democrático de Direito e do bem-estar de brasileiros e brasileiras.

Chegou a hora de escolhermos nossos representantes. Lembrem- se: presidente e governadores não são os únicos responsáveis pelos caminhos que percorreremos a partir de 2023. Por isto, é primordial elegermos paras as Assembleias Legislativas, Câmara Federal e Senado candidatos e candidatas responsáveis, comprometidos e comprometidas com a manutenção e fortalecimento da nossa balzaquiana democracia, que comemorará 33 anos na quarta-feira que vem, 5 de outubro.

Chegou a hora de decidirmos se apoiamos a destruição ou a construção do Brasil.

*Jornalista, trabalhou em jornal, TV e assessoria de imprensa, em Porto Alegre, Brasília e Florianópolis. Foi repórter, editora e secretária de redação. É coordenadora do programa Espaço Plural da RED – Rede Estação Democracia.

Foto em Pixabay.

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