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Caverna de Platão nos dias de hoje: como a internet nos mantém presos às sombras da desinformação

Caverna de Platão nos dias de hoje: como a internet nos mantém presos às sombras da desinformação

Comunicação e Mídia por RED
28/08/2024 14:36 • Atualizado em 28/08/2024 14:36
Caverna de Platão nos dias de hoje: como a internet nos mantém presos às sombras da desinformação

Por ALEXANDRE CRUZ*

A internet, com sua revolução na comunicação, transformou profundamente a maneira como interagimos e consumimos informação. Nas redes sociais, tornamo-nos jornalistas de nossas próprias vidas, curadores de uma narrativa pessoal que, em teoria, nos conecta a uma vasta audiência. No entanto, essa promessa de conexão é frequentemente eclipsada por um cenário de egoísmo exacerbado e competição feroz.

O filósofo Platão, em sua alegoria da caverna, descreveu prisioneiros acorrentados em uma caverna, que apenas enxergam sombras projetadas na parede e tomam essas sombras por realidade.
Analogamente, a internet pode ser vista como uma caverna moderna. Dentro dela, interagimos em um espaço virtual que se assemelha a uma Ágora contemporânea, debatendo política e outros assuntos em uma praça pública digital. No entanto, assim como os prisioneiros de Platão, somos frequentemente iludidos por uma visão distorcida da realidade.

A velocidade e o volume de informações que recebemos na internet dificultam a apuração da veracidade das notícias. Esse cenário cria um terreno fértil para as fakes news, que proliferam com a mesma agilidade que a informação legítima. Um exemplo alarmante dessa dinâmica ocorreu nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016, quando 26% dos estadunidenses consumiram notícias falsas, um fator que contribuiu para a eleição de Donald Trump.

A política não está imune a esse fenômeno. Nas redes sociais, campanhas eleitorais são lançadas, e a liberdade de expressão é exaltada como um valor absoluto, particularmente pelos setores mais conservadores que atacam a legislação brasileira, sob a premissa de que a liberdade de expressão deve ser ilimitada.

Contudo, o Supremo Tribunal Federal tem uma visão diferente. A liberdade de expressão, embora fundamental, não é um direito absoluto e não pode prejudicar terceiros. É nesse contexto que surgem figuras como Pablo Marçal, um outsider que adota uma abordagem agressiva tanto nas suas interações online quanto nos debates televisivos. Marçal utiliza sua plataforma para atacar a reputação de adversários políticos, como Guilherme Boulos, explorando a dinâmica da internet para causar danos significativos. O mesmo modus operandi, que ele adota nas redes sociais, é transportado para os debates na TV, onde a exposição midiática amplifica o impacto de suas táticas.

Essa estratégia visa maximizar o dano antes que o sistema judiciário possa intervir. A lentidão e a sobrecarga do Poder Judiciário muitas vezes resultam em uma perda significativa de eleitores antes que qualquer medida possa ser tomada. O desafio contemporâneo é garantir que a liberdade de expressão seja exercida de forma responsável, sem comprometer a integridade e a veracidade das informações que moldam nossa sociedade. A caverna de Platão, com suas sombras e ilusões, serve como um alerta para a forma como a internet molda nossa percepção da realidade e desafia a estrutura legal existente.

*Alexandre Cruz é jornalista político.

Foto: Sladeplayer.com

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