Opinião
Apagamentos
Apagamentos
De ADELI SELL*
O tema é tão sério que surgiu uma série aqui chamada Desapaga POA.
Volto ao tema porque estou lendo o livro Jurema Finamor – A jornalista silenciada, de Christa Berger. Forçoso falar e falar muito mais sobre “Apagamentos”.
Fica evidente na obra de Christa que esta mulher corajosa, esta jornalista e escritora ousada e diferenciada sofreu preconceito machista e intelectual. O livro começa a resgatar uma história e uma pessoa/personagem ímpar, mas ainda falta mais para reinserir Jurema Finamor na História de onde a tiraram e apagaram, reeditando seus escritos.
Não está sozinha. A lista é interminável.
Às vezes o processo de apagamento é disfarçado. Assis Brasil é nome de rua e do nosso Parque de Exposições, mas a historiografia oficial, notadamente castilhista, o colocou no rol dos maragatos que não podem ser lembrados. Muito foi feito para apagar sua fantástica contribuição à democracia, à agricultura no país e à diplomacia. Sem seus estudos, movimentos e ações pela Agricultura estaríamos em atraso bem maior que o Estado vive.
Os negros sabemos que sofreram apagamentos de Norte a Sul do país.
No Rio Grande do Sul isso foi levado ao absurdo esquecendo seu papel na construção da capital e nas charqueadas. Nega-se que Porto Alegre é mais negra que açoriana. Felizmente neste ano, na Feira do Livro, tivemos o lançamento do livro “Floresta Aurora, 150 anos fazendo história”, pela Libretos. Falta agora resgatar o Satélite Prontidão também.
Em Porto Alegre se apagaram espaços de presença do movimento operário que hoje começa a ser resgatado.
Porto Alegre faz 250 anos e nada sobre Luciana de Abreu. Na Arquitetura nenhum grito sobre a destruição da Igreja dos Negros da Comunidade do Rosário e da Capela do Menino Deus.
Tem mais.
Este debate vai continuar.
Vai haver contestações.
Aguardo de tudo um pouco.
Aqui, como tudo vira uma briga: podem vir quente que estou fervendo.
*Escritor, professor e bacharel em Direito.
Imagem – divulgação.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
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