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Opinião

Aldo Locatelli: se não tivesse vindo ao Brasil…

Aldo Locatelli: se não tivesse vindo ao Brasil…

Artigo por RED
21/08/2023 05:25 • Atualizado em 22/08/2023 10:48
Aldo Locatelli: se não tivesse vindo ao Brasil…

De ADELI SELL*

Será que teríamos uma arte muralista como a que temos se Locatelli tivesse ficado na Itália?

Haveria outro daqui ou de fora que teria feito algo parecido com as obras monumentais da Igreja São Pelegrino de Caxias, Santa Maria, Pelotas e Porto Alegre, ou como as do Palácio Piratini?

Na verdade, isso pouco importa, foi apenas um truque de retórica para começar este texto, até porque não sou nem crítico de arte nem historiador…

Falar da arte de Aldo Locatelli é obra para especialistas, mas lembrar de sua vida, sua vinda da Itália ao Brasil e seus feitos é obrigação de resgate de Memória.

Depois de revisitar sua obra na Igreja São Pelegrino, em Caxias do Sul, senti-me no dever de relembrar o grande pintor, nascido na Itália, que chega ao Brasil aos 33 anos, já com uma boa bagagem artística em sua formação. São apenas 14 anos de vida aqui, quando morre aos 47 anos.

Estão suas obras espalhadas na Catedral de São Francisco de Paula, na São Pelegrino de Caxias do Sul, na Catedral de Santa Maria, na Assembleia Legislativa, no Palácio Piratini, no Instituto de Artes da UFRGS, no Aeroporto Salgado Filho, na Igreja Santa Terezinha do Menino Jesus em Porto Alegre, naCatedral Metropolitana de Porto Alegre, na FIESP e na FIERGS, na Reitoria da UFRGS, etc.

E antes que seu nome se vá nas brumas do tempo, tentamos este resgate.

É um pintor que sofre influência dos renascentistas, por isso que as pinturas no teto da Igreja de São Pelegrino nos fazem lembrar das de Michelangelo na Capela Cistina. Mas ele vai além, pois tanto na arte religiosa quanto na civil vemos elementos do barroco, como do expressionismo quanto do surrealismo.

Foi homem de não se cansar nem do pincel na mão nem de dar aulas encantando seus alunos.

Ele mesmo sendo “de fora”, europeu, trabalhou a cor local, levantando o tema do mito do gaúcho, da modernidade, da ciência e do trabalho. Temos que ver sua arte circunscrita num tempo, num movimento político e ideológico vigente daquela época.

Mesmo assim, ele proletariza sua obra, dando espaço ao homem comum, como aos mitos, sob influência de sua passagem por Pelotas, tocado por Simões Lopes Neto. E isto poderá ser visto no Palácio Piratini com a figura mítica do Negrinho do Pastoreio.

Minha sugestão só pode ser uma, visite suas obras. Não tem desculpa, pois todas estão tão perto de nós.


Imagem destacada de quadro pintado pelo italiano Aldo Locatelli em salão do Palácio Piratini – Foto de Juliana Baratojo/Especial Palácio Piratini

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