Opinião
A inflexão desejada
A inflexão desejada
De DOMINGOS ALEXANDRE*
Quem quer que pare para pensar nas marchas e contramarchas do Brasil, nas causas e nos porquês do nosso País, tão favorecido por Deus e pela natureza, entra ano e passa ano e parece não sair do lugar, terá que concordar que não é tarefa fácil colocar este gigante no rumo certo.
Sem querer proceder num exame minucioso dos nossos incontáveis problemas, temos pelo menos que concordar que a população de uma maneira geral não vem tendo bons exemplos no que se refere a condução das questões que são ou deveriam ser do interesse de todos. Em todas as áreas estamos cercados de maus exemplos. Licitações fraudulentas, notícias falsas, legisladores vendidos, magistrados corrompidos, médicos venais, militares cujas filhas permanecem solteiras para se locupletarem. A situação é tão indecente que vemos nas CPIs em curso, investigados investigando enquanto a ex-mulher do presidente da Câmara declara ter sido ameaçada de morte e que Arthur Lira teria dito: “se não há corpo, não há crime”. Enfim, o povo brasileiro é pobre de bens materiais e paupérrimo de bons exemplos.
Estar ciente dessas mazelas significa que o Brasil não tem jeito? Pelo contrário. Compreender nosso processo histórico e admitir que alguma coisa precisa ser feita, é condição necessária à inflexão desejada e uma exigência para quem tem compromisso com o bem-estar da população brasileira.
Já aludimos à dificuldade de colocar o Brasil “nos trilhos”. Afinal são mais de quatrocentas empresas estatais e autarquias, algumas com dezenas de milhares de servidores. Do Presidente da República como chefe do Poder Executivo se espera que, tendo auscultado as “forças vivas” da Nação, faça o planejamento e aponte o caminho. Ao mesmo tempo precisa atentar para as conflituosas relações com o Legislativo e Judiciário, com a CGU, com o MPF, com os governos estaduais e municipais e com as relações internacionais.
Sabemos que a grande diversidade dos brasileiros se reproduz em cada empresa estatal ou autarquia, em cada entidade ou instituição. Peguemos como exemplo uma força militar estadual. Toda a força militar estadual está subordinada à Secretaria de Segurança Pública ou equivalente e esta, por sua vez ao governo do Estado. Dentro de cada força ou Brigada Militar, vamos encontrar uma minoria de criminosos, corruptos, violentos e até psicóticos. No outro extremo encontraremos com certeza aqueles que se destacam do quadro geral por seu compromisso com a honra, com a nobreza de caráter, com a justiça e a competência. Infelizmente esses também constituem uma minoria. O “grosso da tropa”, só para fins de raciocínio digamos oitenta por cento estão entre esses dois extremos. Pois bem: ainda só para facilitar o raciocínio, vamos convencionar que desses oitenta por cento que estão “no padrão” encontraremos uma minoria de relapsos, improdutivos, negligentes e desmotivados, mas a maioria serão certamente de agentes competentes, produtivos, responsáveis e motivados. A questão que se impõe: quais desses grupos devem ser reconhecidos e merecer ascender na carreira? A qual grupo deve ser concedido a oportunidade de participar com sugestões e iniciativas visando o aperfeiçoamento da função e o melhor desempenho da organização? A resposta é óbvia: serão ouvidos e reconhecidos a maioria que se destacam positivamente.
O Presidente da República e seus ministros, de posse dos dados de um “bem planejado” Ministério do Planejamento e em consonância com os legítimos anseios da sociedade, estabelecerá as metas e os resultados a serem obtidos pelos ministérios, pelas empresas estatais e autarquias enfim, por toda a Administração Federal e pelos Estados que, por sua vez aplicarão o mesmo método nas áreas de sua competência.
Parece prosaico e até ingênuo, mas prestigiar e exaltar a justiça, a ética, a competência e a dedicação será o caminho a ser trilhado para colocar nosso País rapidamente entre as cinco ou seis maiores economias do planeta.
Entre os povos originários dos EUAN (Estados Unidos da América do Norte) há um axioma que diz que temos todos dois lobos dentro de nós e que vencerá aquele que alimentarmos…no Brasil há humanos de todos os tipos. Quais vencerão? Aqueles que forem reconhecidos e prestigiados. A esses entregaremos a responsabilidade de atuarem na condução dos destinos da Nação.
Nas mãos do Estadista Luiz Inácio Lula da Silva a Providência colocou a responsabilidade de decidir se teremos ou não a inflexão desejada. Se abandonaremos a prática da Lei de Gérson que diz: “o que importa é levar vantagem em tudo, certo? ” e finalmente faremos uma opção intransigente e definitiva na direção e na prática de um humanismo elevado e virtuoso.
*Bel em História.
Imagem em Pixabay.
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