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Opinião

A imprensa internacional e o 2º turno

A imprensa internacional e o 2º turno

Artigo por RED
28/10/2022 18:43 • Atualizado em 29/10/2022 18:16
A imprensa internacional e o 2º turno

De CARLOS SILVEIRA (CAICO)*

Permito-me, numa breve nota às vésperas da eleição mais importante da história democrática brasileira, falar do que me pareceu ser, de uma forma impressionista, o que a imprensa ocidental (América Latina e Europa Ocidental) tem destacado nas eleições brasileiras, a partir da leitura diária e um tanto saltitante que faço para compor o clipping internacional do site Forum 21, que já fazia para a Carta Maior do amigo Joaquim Palhares.

As eleições brasileiras estão quase diariamente na maioria dos jornais do mundo ocidental. Vê-se com grande atenção o que acontece em Terra Brasilis neste momento. E uma certa apreensão. E a torcida, por vezes, disfarçada, é certamente pela derrota de Bolsonaro. Mesmo os jornais mais à direita como o Le Figaro na França, o ABC na Itália, o Times do Reino Unido e o La Nación na Argentina ou o El Mercúrio do Chile, para dar alguns exemplos, também fazem coro, embora mais suavemente e com menos frequência. Parecem preferir falar pouco do assunto, porque Bolsonaro não é figura grata nem mesmo a eles, mas Lula.

Já na imprensa progressista ou ‘liberal’ no sentido político anglo-saxão, a crítica a Bolsonaro é mais explícita. Cito quatro: o The New York Times, estadunidense, o The Guardian, inglês, o El Diário, na Espanha, ou o Público, em Portugal. Na Europa e, em parte, nos EUA, a crítica a Bolsonaro se dá mais quanto à questão ambiental, em particular a Amazônia, e dela faz parte a atenção à perseguição aos indígenas. A crítica à (in)ação de Bolsonaro contra a Covid já foi um aspecto muito realçado, mas agora é menos lembrado. Ontem mesmo a revista científica estadunidense Nature escreveu um editorial detonando Bolsonaro lembrando tanto o negacionismo nos tempos da Covid, como no problema ambiental.

Mas, nas eleições do 2º turno, outro ponto tem sido objeto de atenção, recheado de um forte criticismo. É a questão da violência, dos ataques pessoais e das ‘fake news’. Muitos preferem igualar os candidatos, em particular, nas manchetes, alguns reservando para o texto a preeminência de Bolsonaro. Por vezes são igualadas as acusações de Bolsonaro, como por exemplo de que Lula fechará igrejas ou promoverá banheiros unissex, com as denúncias no campo lulista de pedofilia e canibalismo em Bolsonaro. Eu poderia dizer que a imprensa ocidental parece estar chocada com a baixaria, ou a substituição da discussão mais substantiva pela troca de acusações pessoais. E, nesse ponto, tende a igualar os dois candidatos.

Outro aspecto que ganha algum relevo é a associação de Bolsonaro a Trump, assinalando a ameaça institucional que o presidente brasileiro insiste em atacar. Relacionam esses prenúncios ao que aconteceu em 6 de janeiro de 2021 na invasão do Capitólio. Alguns artigos chegam a lembrar Steve Bannon e a extrema direita internacional nos métodos bolsonaristas.

A muitos órgãos de imprensa também preocupa, para além de Bolsonaro, o ‘bolsonarismo’ , como fenômeno social para além de Jair Messias. Nesse âmbito, enfatiza-se o novo papel da religião, e nesta, do pentecostalismo, particularmente, nas semanas que se seguiram ao primeiro turno. Um jornalista atento ao Brasil chegou a escrever um artigo a que deu o título: “O ‘pesadelo brasileiro’ de Bolsonaro não é um erro da história”.

Ao final desta breve nota, posso dizer que, sem dúvida, as eleições brasileiras, centradas fundamentalmente na disputa entre Lula e Bolsonaro, é vista como de imensa importância para o mundo ocidental. Bolsonaro é visto como uma ameaça civilizatória, pelo seu barbarismo que se reflete em suas posturas e políticas em todas as áreas, desde a questão ambiental à da vida humana. No editorial do jornal inglês The Guardian de 27.10.22, o título é: “O retorno de Bolsonaro custaria a todos nós”


*Economista.

Imagem em Pixabay.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

 

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