De JOÃO CARLOS LOEBENS*

O Ocidente, ou mundo ocidental, e sua contrapartida “o Oriente”, é uma definição com origem no Império Romano: o “ocidente” representava a região latina (situada no oeste/onde o sol se põe/ocidente), e o “oriente” representava a região dominada pelos gregos (situada no leste/onde o sol nasce/oriente). Simplificando, o Ocidente estaria para o lado da Europa e o Oriente estaria na direção da Ásia. 

 Atualmente, para “Ocidente” entende-se basicamente Europa, Estados Unidos e países aliados ou dependentes. Em 1949, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, o “Ocidente” fundou a aliança militar OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), basicamente Estados Unidos e Europa, que buscava opor-se à União Soviética, no ambiente da Guerra Fria da época. Especialmente com a queda do Muro de Berlim/dissolução da União Soviética, a OTAN realizou vários movimentos de ampliação de países em direção ao Oriente.

Em 2014, o Euromaidan representou um Golpe de Estado na Ucrânia, que removeu o governo eleito para substituí-lo por um governo pró-União Europeia, preparando o terreno para inclusão da Ucrânia na OTAN, em mais um movimento “de conquista” em direção ao Oriente. O novo governo “golpista” ucraniano iniciou uma guerra à população do leste da Ucrânia, predominantemente de fala e origem russa, guerra que foi interrompida em 2015 pelo Tratado de Minsk, assinado na Bielorrússia.    

Em 2022, em função da continuação de ataques e descumprimento do Tratado de Minsk pelo governo ucraniano, a Rússia lançou a “Operação Militar Especial na Ucrânia”, basicamente na região leste do país, reconhecendo a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk, regiões atacadas pelo governo golpista na guerra de 2014/15, logo após o golpe Euromaidan. Embora a Ucrânia não fizesse parte da OTAN, imediatamente os países integrantes passaram a fornecer abundantes recursos financeiros e armamentos à Ucrânia, motivo pelo qual falamos em guerra “na” Ucrânia, e não guerra “da” Ucrânia. Na verdade, a guerra é da OTAN, desde o Golpe de Estado de 2014 na Ucrânia. 

Um importante cientista político, historiador e sociólogo francês, Emmanuel Todd, acaba de publicar, agora em 2024, o livro “La Defaite de L’Occident” (“A Derrota do Ocidente”), antecipando a derrota da OTAN na atual guerra na Ucrânia. 

Já em 1976, com o livro “A Queda Final – a Decomposição da Esfera Soviética”, Todd previu acertadamente o colapso da União Soviética, e agora, em 2024, está prevendo a derrota do Ocidente e vitória da Rússia, o colapso do império estadunidense e o suicídio da Europa. 

Não vamos entrar em desespero! Segundo Todd, nas próximas décadas, a derrota do Ocidente e a decadência governamental da Europa vai abrir caminho para uma reconciliação entre a Rússia e a Europa, especialmente com a Alemanha. 

Aguardemos, portanto, as cenas dos próximos capítulos.

*Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio Grande do Sul, doutorando em economia pela Universidade de Alcalá e membro do Instituto Justiça Fiscal.

Imagem em Pixabay.

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